37. Sem ar.

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Alguns dias se passaram desde a morte do meu pai. Eu estava muito abalada todo esse tempo e tanto a Luna quanto o Tyler fizeram questão de vir dormir comigo quase todas as noites. Praticamente vieram morar aqui. Mas eles revezavam, é claro.

Sobre o James... Não o vi mais. Estou preocupada com isso também, o seu sumiço não tem explicação. Eu não tenho o seu número, e não tem como saber a sua localização ou pelo menos saber se ele está bem. Não recebi nenhum telefonema dizendo onde ele está ou algo do tipo. Meu irmão pode estar em perigo, e nem tenho como o ajudar.

Eu voltei a trabalhar, mas por minha teimosia. Se fosse pelo Tyler, Sam e Luna eu estaria em casa. Mas isso não é justo, Tyler estava tendo que se virar nos trinta para resolver coisas que eu deveria resolver. Eu estou de luto não doente.

Coitado do Tyler, durante todo esse tempo teve que aprender o meu trabalho para resolver os dele.

Falando nele, temos nos aproximado muito. Como não também! Ele vive lá em casa. Como sempre cuidadoso, carinho, atencioso... Essas qualidades são as melhores que ele tem, sem dúvidas!

O Sam também vive me ajudando. Se preocupa demais comigo, e estou suspeitando que ele tenha algo para me falar. Mas não vou o forçar, eu saberei na hora certa.

– Terra chamando Alexia. – Luna estrala seus dedos na frente do meu rosto. – Tá tudo bem?

– Tudo sim, Luna. – Apoio o meu cotovelo na mesa, apoiando o meu rosto na minha mão. – Para de se preocupar tanto comigo, eu estou bem.

– Desculpa amiga. – Luna abaixou o olhar direcionando para os dedos mas logo os levantou novamente. Agora tristes. – É que eu sei como é o sentimento de perder alguém.

– Angustiante. Horrível. Desesperador. Sufocante. – Ela assentiu em cada palavra.

– Mas, eu tenho uma coisa para te contar. – Luna se anima novamente, pegando nas minhas duas mãos me fazendo desequilibrar, quase caindo para frente.

– Conte-me.

– Dylan me pediu em namoro. – Luna solta de uma vez, muito animada.

– Quando foi? – Tratei de me animar também. Era uma notícia ótima, e eu tenho que estar feliz por ela.

– Já faz um tempinho. Mas juro para ti que não faz tanto tempo. – Luna falou rapidamente.

– Calma Lu. – Ri pelo seu desespero em me explicar.

Devo ter me fechado tanto pela perda do meu pai, que esqueci do mundo lá fora.

– Fico feliz por vocês! – A levanto para abraçá-la. Lhe dou um beijo na bochecha também. – Seu irmão já sabe?

– Não! E nem se atreva para contar. – Levantei minhas mãos em sinal de rendição. Não quero ser a fofoqueira.

– Não sou esse tipo de pessoa, Luna. – Revirei os olhos me sentando na cadeira novamente.

– Desculpas. Não tive a intenção de me expressar assim.

– Tudo bem. – Dou de ombros e volto a fazer meu trabalho. Luna vai pelo mesmo caminho.

– Mas falando em meu irmão. Como vão as coisas entre vocês? – Luna ativou o seu modo fuxiqueira. Não que ela já não saiba, até por que não duvido que o irmão dela não comente.

– Normal. – Respondo na naturalidade.

– Tem caroço nesse umbú. – Luna diz. – Vamos, fale de uma vez. Você gosta do meu irmão?

– Olha Luna, vou ser sincera contigo. – Suspirei, já preparando o meu ouvido para escutar o seu grito. – Eu estou apaixonada pelo seu irmão.

– Aaaaaah! – Ela levantou que nem o flash da sua cadeira, vindo diretamente na minha direção. Luna me carregou, literalmente, e começou a dançar pela sala. – Não acreditoo.

– Me solta, doida. – Gargalhei junto com ela em meio a nossa dança sem ritmo. – Meu Deus, você me deixou sem ar.

– Sem ar fico eu quando lhe vejo. – Tyler entra de repente na sala, me dando um enorme susto.

– Credo, Tyler. Vai assustar o jegue. – Luna reclama, dando algumas pausas para retomar o ar.

Eu nem tive condições para lhe responder. Primeiro que essa cantada mexeu muito comigo e segundo que estávamos fazendo aquela festa por conta dele.

Apenas me sentei e fiquei abanando o meu rosto com a mão. Tyler veio até minha mesa, e se sentou nela, ficando de lado para mim. Pode ser exagero, mas ele ficou ainda mais lindo nessa posição.

– Pelo que estavam comemorando?

– Alexia finalmente assum... – Luna já ia abrir a matraca para falar o que não deve.

– Finalmente assumi que gosto dos coreanos. – Há uns dias atrás eu e Luna estávamos discutindo por causa da banda BTS. Ela ama os garotos enquanto eu prefiro Now United, e no meio da discussão Tyler entrou no apartamento com pizzas e acabou entrando na discussão concordando comigo. – Escutei algumas músicas deles, e acabei gostando.

Foi uma desculpa até boa, já que eu sou péssima em mentir.

– Ah não! Luna conseguiu induzir a Alexia. – Tyler fez seu drama. – Por favor Alexia, acorde desse pesadelo.

– Para de ser tonto. – Empurrei de leve o seu braço. – Me belisca para eu acordar desse pesadelo, urgentemente!

Falei desesperadamente brincando.

– Vou ter que sair. O Sam está pedindo café. – Luna revirou os olhos saindo da sala. Claramente não era verdade, o Sam não gosta de café.

– O Sam não gosta de café. – Falamos juntos e parece até que foi treinado.

– Como você sabe disso? – Tyler me pergunta, saindo de cima da mesa indo até a cadeira de Luna se sentando.

– Ouvi por aí. – Realmente isso é verdade. Estava passando pelos corredores até que parei para amarrar o cadarço do meu tênis e acabei ouvindo de uma das funcionárias.

Um silêncio perturbador se instalou na sala. Por um segundo pensei em o expulsar de lá, alegando ter muito trabalho para fazer. Mas seria muito deselegante da minha parte.

– Tenho algo para te dizer, não muito boa. – Tyler fala, em meio ao silêncio que estava. Pude tomar um pequeno susto.

– É sério?

– Muito sério. – Ele tem um semblante preocupado. – Recebi uma ligação. De início eu pensei que poderia ser apenas um trote, mas depois o rapaz falou o seu nome, nome de seu pai... E o meu!

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