ℍ𝕖𝕝𝕝𝕠

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- E se ela estiver morrendo nesse exato momento? - pergunto para Steve, do banco passageiro

Se você acha que estamos indo ver minha mãe, vocês acharam certo. Se passaram muitos anos e agora ela deve estar murcha igual uma uva passa. Quando Hill nos contou que descobriu sobre Peggy, viemos o mais rápido que podíamos. Meu pai e eu estamos em um hotel até Stark projetar a nova torre, que segundo ele, será dos Vingadores.
Diante de todos os meus pensamentos conflitantes, ansiosos, nervosos...Ok eu estou com diversas emoções misturadas. Meu pai estaciona o carro na frente do hospital. Um arrepio passa por mim, só de pensar que ela tem que viver de tubos.

- Será que ela já esperava por nós? - me viro, conectando nossos olhos azuis

- Provavelmente - deu de ombros - Peggy esperava que em algum momento, quando descobríssemos, nós fossemos visitá-la

- Mas também devia ter um lado dela dizendo que não iríamos, porque não perdoamos os atos dela

- Tudo bem, vamos parar de pensar nisso e entrar de uma vez - saiu do carro e vou logo em seguida

Quando entramos na recepção, noto todos os olhares em nós. Acho meio impossível ser discreto quando se salva uma cidade e aparece na TV.

- Com licença, você poderia me dizer o número do quarto de Margaret Carter? - Meu pai pergunta educadamente

A mulher atrás do balcão fica em choque. Ela procura no computador, mas ainda olhando para Steve e eu pude jurar que vi uma baba escorrendo

Deu uma olhada rápida para a tela - Quarto 704, 7º andar - se ajeita na cadeira - você...poderia me dar um autógrafo?

- Ãm, ta claro – ele assina em um papel que eu rezo para não ser um contrato de casamento

Andamos em direção ao elevador e esperamos o mesmo chegar, que para mim parece demorar uma eternidade. Nesse tempo, sinto as mãos de Steve nos meus ombros, apertando levemente para me acalmar. Olho para ele que me dá um sorriso leve, demonstrando confiança. Quando o elevador chegou, não pensei que poderia demorar mais, mas a ida até o andar também foi um sacrifício. Entramos no corredor e viramos à direita, 4 quartos na frente era o de Peggy. Caminhamos até a porta e vimos seu corpo deitado na maca, através do vidro. Respiro fundo e finalmente decido abrir. O barulho da tranca chama a atenção da paciente, que abre um sorriso instantâneo ao nos ver

- Você está vivo - comemora com uma voz fraca - Sky meu amor, eu senti tanto a sua falta. Senti a falta dos dois e vê-los juntos me traz uma alegria enorme
Não quero chorar, não quero chorar, não quero chorar

- Oi mãe - sorrio e me sento na ponta da cama, pegando em sua mão enrugada

- Os amores da minha vida - estica a mão para Steve, que estava sentado na poltrona à minha frente

No mesmo instante ele pega e aperta, sorrindo com o contato - 70 anos - é a única coisa que ele diz

- Filha, me perdoe, por tudo. Não sei se você me entende, mas...

- Eu entendo mãe, te perdoo. Não deixaria você morrer sem o meu perdão, sei o quanto te coroe

A partir daí, a conversa rolou solta. Matamos a saudade, fizemos perguntas, respondemos duvidas e prometemos visita-la mais vezes.

...

- Filha, eu vou correr ok? - Meu pai sussurra baixinho enquanto acaricia meus cabelos

- Uhum - resmungo ainda de olhos fechados

Ele dá um beijo na minha testa e sai. Escuto a porta bater e volto a dormir. Quando acordei, fui direto escovar os dentes, ninguém merece um bafo matinal horrível. Caminho lentamente até a cozinha, pego uma tigela e despejo o cereal e leite. Ah é, esqueci de mencionar. Estamos em um hotel quatro estrelas, com dois quartos, uma sala e uma cozinha pequena. Eu amo o Stark. Enquanto como, escuto alguns barulhos de passos. Deve ser meu pai. Quem mais seria?!

𝐖𝐚𝐥𝐤𝐢𝐧𝐠 𝐢𝐧 𝐭𝐡𝐞 𝐰𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫 | ᵇᵘᶜᵏʸᵇᵃʳⁿᵉˢ [𝐄𝐦 𝐑𝐞𝐯𝐢𝐬𝐚̃𝐨]Onde histórias criam vida. Descubra agora