Capítulo 4

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"Ei meu amor, venha comigo, quero lhe mostrar uma coisa." Ouço a voz de Papai me chamando da cozinha e saio do meu quarto animada seguindo o som de sua voz, com um sorriso enorme no rosto e vou ao seu encontro. Na verdade, eu não vou sozinha até ele, o Theo vem engatinhando atrás de mim também.

"Corrigindo, meus amores!" Papai ri ao observar a pequena figura do meu irmão atrás de mim e eu o acompanho, ele pega nosso menininho no colo lhe arrancando uma gargalhada fofa e banguela. "Vamos até o jardim crianças."

"Eu não sou criança mais papai!" Falo revirando os olhos e ele aperta a ponta do meu nariz em um sinal claro de que serei para sempre sua menininha, mesmo que eu cresça.

Caminho ao seu lado até a parte externa de casa, o jardim. É relativamente pequeno mas muito aconchegante, principalmente depois que o sol se pôs e as estrelas apareceram no céu. Papai se acomoda na grama e bate ao seu lado para eu fazer o mesmo. Theo já está sentado também mexendo nas gramas com suas mãozinhas gordinhas gostosas.

"O que houve?" Pergunto curiosa.

"Vamos nos deitar." Faço o mesmo que papai aconchegando meu corpo na grama verde ao seu lado e ele aponta para o céu estrelado. "Tá vendo todas essas estrelas querida?"

"Sim, estou papai."

"Eu amava observar o céu quando era mais novo, cheguei até a pensar que poderia fazer faculdade de astronomia!"

"Isso é muito legal! Mas acho que o senhor combina mais com as fotos, papai." Falo rindo e ele ri também. Theo resolve subir em cima da minha barriga para olhar para mim e eu aperto suas bochechas gordinhas. "Esse ursinho carinhoso também concorda comigo."

"Agora eu também acho. Mas a questão é que eu te trouxe aqui para compartilhar algo que eu pensava, e as vezes ainda penso..." Enquanto papai fala, Theo está sorrindo pra mim, ele ainda não tem dentinhos, e bem, um sorriso banguela é tão fofo! Aperto as bochechas gordinhas dele fazendo um bico se formar em seus pequenos lábios e ele dá um gritinho feliz. "As estrelas sempre estão aqui, todas as noites, independentemente de que parte do mundo você esteja. Elas podem estar longe, mas você pode alcança-la de alguma forma um dia minha menina. E eu acho que assim deve ser seus sonhos, Mia. Eles sempre estarão com você e basta você ir atrás deles que irá conquista-los..."

"Isso é tão... Incrível!" Digo observando as estrelas e sentindo o Theo engatinhando por cima das minhas pernas, esse menino não para!

"Você pode ver por outra perspectiva também. As estrelas estão sempre aqui, mas não é todas as pessoas que olham para o céu ao anoitecer e se importam com elas. As estrelas e constelações podem ser especiais somente para você filha, assim como seus sonhos. Porque os sonhos são seus, então eles serão especiais para você de uma forma que ninguém mais entenderá, Mia. Entende?"

"Entendo papai..." Minha voz sai baixa enquanto eu me perco em meio a tantas estrelas. Eu sempre gostei de observá-las, mas agora... Tudo isso ganhou um novo significado. E eu amei!

Theo para do meu lado querendo passar por cima da minha barriga de novo, mas eu o agarro. Deito ele na grama e brinco com ele fazendo cócegas em sua barriguinha ganhando muitas gargalhadas fofinhas em resposta. Papai se junta a nós e faz cócegas em mim também, não controlo a risada que escapa dos meus lábios.

Acordo de súbito em minha cama durante a madrugada pelo meu sonho, e sinto o ar faltar em meus pulmões e o meu pijama molhado de suor dando início a uma crise de ansiedade. Agarro minhas mãos no lençol da minha cama com força tentando a todo custo puxar o ar de volta para meus pulmões e fecho meus olhos, memorizando o último olhar de Theo em minha direção quando cantei para ele no carro naquele dia trágico. O brilho presente em seus olhos castanhos faz meu interior se acalmar aos poucos e a minha respiração voltar ao normal gradativamente depois do que se parecem horas. Relaxo minhas mãos no lençol sentindo o nó crescer em minha garganta e as lágrimas começarem a queimar o meu rosto, sem conseguir me controlar. Eu me deito novamente e agarro o ursinho do Theo junto ao peito e ali choro silenciosamente para não acordar Isabela.

Uma Segunda ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora