prólogo

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- Lembrem-se todos, o amor é o único caminho para a salvação

Amor...

Existem muitas coisas sobre ser filho de pais conservadores e religiosos, como os ritos de passagens obrigatórios, os jantares em família regrados, as músicas e pessoas consideradas próprias para usufruto e convívio e as idas semanais a igreja para ouvir a palavra de Deus, esta que a muitos anos vem sendo medida pelos homens ao seu próprio modo. Não me leve a mal, caro leitor, eu acredito no senhor que me foi apresentado e as horas passadas na igreja ouvindo o padre pregar são reconfortantes para mim, existe algo raro na forma como ele fala do mundo, porém tudo cai por terra ao me perceber cercado por hipócritas e infiéis que não absorvem as palavras ditas da forma em que são ditas, sempre distorcendo tudo. Talvez eu me torne padre um dia, espalhar amor parece uma missão bonita e levando em conta que a única pessoa que eu já quis beijar na vida foi Lee Taemin no segundo ano quando caímos da arvore e batemos a cabeça, acho que me casar não é realmente uma opção...

Sou retirado dos meus devaneios ao ouvir as vozes se misturando e ecoando pelo salão, isso significa que a missa acabou e que mais uma vez as pessoas vão se reunir em pequenos grupos e falar mal uns dos outros com superioridade. Também não sou santo, devo admitir que assim como todos, gosto de julgar a vida alheia por vezes e não tenho medo de assumir este fato, porém não rogo ódio a ninguém, sobretudo na casa do pai. Deus que me perdoe, eu amo e respeito minha mãe sobre todas as coisas e por isso sequer cogitei ir contra suas vontades e princípios, porém não tenho paciência de vê-la julgando roupa e família de outros seres humanos apenas por futilidades, e é por isso que decido que o melhor é ir embora sozinho. Sabe, respirar um pouco em dias reflexivos sempre me cai bem.

- Papa, estou um pouco cansado pois tive uma semana corrida e dormi pouco, tudo bem se eu for embora antes dos senhores?

É o que digo ao meu pai, orando internamente para que ele entenda e me permita ir embora.

- Claro querido, eu digo a sua mãe que você precisava organizar sua rotina de estudos da próxima semana, agora vá descansar e tome cuidado na rua, você sabe que existem muitos delinquentes por aí.

.....

Caminhar pelas ruas pequenas e por vezes estreitas de Santa marina era uma tarefa tranquila, Jimin conhecia toda cidade, pelo menos toda a parte importante dela, era o que ele gostava de acreditar. O jovem nasceu e cresceu na pequena cidade com pouco mais de cinco mil habitantes e por mais que fosse nostálgico reconhecer os becos que brincava de amarelinha, os parques onde comprava pipoca da mesma senhora e a pequena lanchonete ao lado da prefeitura onde seu pai sempre o levava depois de um boletim excelente, seu peito pedia por mais.

O garoto gostava da pequena cidade, gostava da segurança, dos amigos que tinha, do bairro com raízes imigrantes e reconhecia o esforço de seus pais para cria-lo o mais próximo possível de sua cultura nipo-brasileira, mas seu sonho eram as grandes cidades, queria viajar, conhecer pessoas e se possível, se instalar em Tokyo. Ah, Tokyo... A grande e populosa Tokyo era seu sonho, embora ele soubesse que jamais seria, de fato, seu lar.

- Em Tokyo eu não estaria seguro andando sozinho nas ruas ou apreciando esse céu... - Pensou alto tentando se conformar sobre a impossibilidade de seu maior desejo e falhando miseravelmente. - Mas em Tokyo existem cafeterias temáticas, grandes livrarias, teatros, museus, prédios e karaokês... Definitivamente Tokyo ainda é melhor...

Parado em uma rua qualquer, observou ao seu redor e constatou que faltavam bons minutos de caminhada até seu destino, talvez devesse ter esperado seus pais e voltado de carro economizando seus pulmões, mas isso lhe faria despender tempo ouvindo falácias alheias. Respirou fundo para retomar o ar para os pulmões, afinal era um grande sedentário, mas não era por desinteresse em ter uma vida ativa e sim graças a proibição de sua mãe sobre as aulas de dança, o único esporte de seu interesse.

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