O que Josh menos esperava para um sábado pela manhã era ser acordado pelo barulho intenso da campainha de seu apartamento e pelo barulho de choro de uma criança. Embasbacado, dá de cara com um bebê aos prantos dentro de um "bebê conforto", uma bolsa...
Seu trabalho é uma piada, você está quebrado, sua vida amorosa é um desastre total
É como se você estivesse sempre preso na segunda marcha
Mas quando não for o seu dia, sua semana, seu mês
Ou até mesmo o seu ano
Eu estarei lá por você, quando a chuva começar a cair"
I'll be there for you | The rembrandts
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Em menos de cinco minutos com minha filha no colo, uma completa estranha conseguiu fazê-la parar de chorar, enquanto eu estava há horas em uma falha tentativa de ao menos acalmá-la. A negra massageava a barriga de Mia como se sempre tivesse o feito, e vi a linda garotinha logo suspirar aliviada da provável dor que estava sentindo.
Que tipo de pai eu era se não percebia nem que a própria filha estava com dor? Engulo em seco quando me dou conta que eu não sabia ser pai, que eu não sabia o básico sobre como criar uma criança. Eu não seria um bom pai, e eu não era. Abaixo os olhos para o chão quando esse sentimento de incapacidade me toma. Era a realidade, não era? Eu sabia que sim. No entanto, quando ouço um baixo cantarolar, fixo meu olhar na mulher que olhava minha filha com tanto carinho que me emocionou. Ela quase sussurrava a melodia com um pequeno sorriso doce nos lábios enquanto fazia carinho na bebê que caía no sono, e, por um segundo, me pergunto quem era aquele anjo que quando eu menos esperei, entrou em minha casa, acalmou minha filha e agora estava me fazendo olhá-la como um maldido psicopata. Eu não conseguia desviar. A imagem me prendia, e uma sensação de que aquilo parecia certo de alguma forma fez meu estômago se contorcer.
Parecia tudo certo demais, e eu nunca em minha vida tive certeza sobre absolutamente nada. Nem sobre minha família despedaçada, nem sobre meu trabalho, ou qualquer relacionamento antigo, mas incrivelmente tive uma espécie de certeza por uma desconhecida. Uma desconhecida que estava ninando minha filha como se fosse sua, e que agora olhava para Mia com tanta devoção, tanto carinho ali contido que posso jurar que vi por um segundo seus olhos marejarem. O sorriso sem nunca deixá-la. E acredito que eu estava da mesma forma.
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- Como você aprendeu o que tinha que fazer? - Any pergunta curiosa. Ela continuava sentada no sofá, mas dessa vez no lugar de um bebê em seus braços, ela tinha uma cerveja em mãos.
- Youtube - dou de ombros, sem graça - tem um canal que é meio um intensivão para pais novatos.
- Não tinha o tópico cólica? - a pergunta parecia genuína, sem nenhum tom de deboche, mas suspiro quando a resposta é que tinha sim, mas que passei direto por achar que acontecia apenas com recém nascidos. Quando expliquei e Any notou meu olhar decepcionado, ela fez questão de tentar me convencer de que era normal, que dificilmente alguém sem experiência notaria algo assim, mas que o que importava era eu estar tentando.
