Capítulo 2

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Estou atrasada! Fiquei até tarde acordada assistindo série depois do trabalho, que acabei não ouvindo o despertador tocar.

Tô andando bem rápido pelos corredores da escola em direção a sala de aula. Devo estar só uns 5 minutos atrasada, e os professores nem ligam, mas eu sim porque é péssimo você entrar e todos olharem para sua cara.

E foi exatamente isso que aconteceu, bati na porta e pedi licença. Todos olharam para mim.

- Pode ir se sentar, Violet. - Falou meu professor de matemática.

Quando eu ia em direção a minha carteira, vi Marina me fitando com seus olhos puxados e cor de mel, o que me deixou nervosa.

A aula em si foi de boa, sempre gostei de matemática por ter facilidade, e o professor também é bem divertido. Agora estou tendo aula de história, mas a professora já está finalizando.

- Então alunos, tenho duas notícias para vocês, uma boa e uma ruim. A primeira é que vou passar um trabalho para ser entregue na semana que vem. Vocês deverão escolher algum assunto relacionado a história e fazer um cartaz sobre, por exemplo, renascentismo, vocês vão explicar na cartolina o que foi esse período e colocar algumas ilustrações sobre. Entenderam? - ela pergunta e todos concordam.

- Esses cartazes vão ser colados no corredor para todos verem, então caprichem. Já a notícia boa é que vai ser em dupla, vocês mesmos podem escolher entre si.

Essa é a notícia boa? Preferia muito mais fazer indivídual. Assim que ela fala já começa o burburinho na sala das pessoas decidindo com quem vão formar dupla.

- Então foi isso a aula de hoje, vou liberar vocês um pouquinho mais cedo. Até semana que vem. - ela fala e começa a arrumar sua bolsa.

Todos se levantam para sair da sala, e eu faço o mesmo mas para ir pedir a professora se posso fazer indivídual. Mas quando estou indo, sinto a mão de alguém em meu ombro.

- Violet. - ela fala e na mesma hora reconheço aquela voz.

- Ei. - falo após me virar para ela.

- Você já tem dupla? - Marina pergunta, sua expressão é neutra.

- Não, por quê?

- Quer fazer comigo?

Olho em direção a mesa da professora, mas vejo que ela já saiu.

- Claro.

- O.k - ela fala e fica parada olhando para mim, que droga eu falo?

- Bom, vou aproveitar que ela liberou mais cedo e ir na lanchonete aqui em frente o colégio, quer vir? Aí a gente conversa sobre o trabalho. - pergunto nervosa.

- Claro.

Então fomos andando até a lanchonete em silêncio, queria puxar algum assunto mas ela tem um jeito que me deixa intimidada, isso é novo para mim. Sei que pelo fato de eu não ter amigos, as pessoas já logo pensam que sou tímida, mas não é verdade, eu só tenho preguiça de socializar com a maioria das pessoas, por achar elas desinteressantes, ou fúteis. Por exemplo, a maioria das meninas aqui da sala só conversam sobre garotos, e os garotos sobre transar com garotas, viu? Desinteressantes. Mas agora com a Marina é ao contrário, quero me aproximar dela, saber sobre ela, mas fico nervosa.

Quando chegamos na lanchonete, vou no balcão e fico olhando a vitrine para ver o que tem, mesmo já sabendo o que vou pedir.

- Já sabe o que vai pedir? - pergunto para a Marina que está olhando concentrada como se aquela fosse uma escolha muito importante.

- É estranho pedir uma coxinha às 10hrs da manhã? - ela pergunta e eu não consigo deixar de achar graça.

- Acho que não...

- Já sabem o que vão pedir? - uma mulher de meia idade pergunta do outro lado do balcão.

- Dois pães de queijo, e uma coxinha. - falo para a mulher.

- Certo, e desejam beber alguma coisa? - ela pergunta enquanto entrega nossos pedidos.

- Um copo de suco de maracujá - peço, pegando o pão de queijo.

- Coca-cola para mim. - Marina acrescenta.

- Levo para vocês na mesa.

Então, nós duas escolhemos uma mesa afastada e nos sentamos. A moça entrega nossas bebidas, e agradecemos.

- Você já tem algum tema em mente para o trabalho? - Marina pergunta.

- A primeira coisa que pensei foi sobre a caça as bruxas, mas a gente pode pensar em outro juntas.

Sempre achei esse tema muito interessante e revoltante ao mesmo tempo, a quantidade de mulheres que foram mortas...

- Na verdade eu gostei do tema. - ela fala

- O.k, que dia você tá liberada para fazer então?

- Hoje mesmo, e você?

- Também, a gente pode ficar depois do horário e fazer no colégio mesmo, mas temos que comprar a cartolina. - digo e acrescento - tem uma papelaria aqui do lado, podemos passar.

- Pode ser.

E de novo o silêncio constrangedor...

- Você vai na festa da Alice, sexta? - ela pergunta.

- Provavelmente não, não sou tão fã de festas, e você?

- Acho que sim.

Me surpreendi com a resposta, imaginei que ela não iria por ainda não conversar com ninguém da escola, não que eu tenho visto pelo menos, ela sempre tá sozinha.

- Qual é o seu problema com festas? Tipo, tem bebida de graça. - ela acrescenta.

- Não tenho problema com festas, mas quando coloco na balança entre ir em uma festa com uma cacetada de gente que vejo todos os dias, ou ficar em casa, o segundo sempre ganha. Mas a parte das bebidas de graça é um ótimo ponto.

Ela sorri, e o sorriso dela deve ser o mais bonito que já vi.

- Você é diferente do que pensei que era, quando te vi pela primeira vez.

- Como assim?

- Sabe, sua aparência passa mais a vibe da garota descolada, popular, que vai a todas as festas da cidade. Mas depois já fui vendo que talvez eu estivesse errada, e agora tive certeza.

- Se descepcionou? - pergunto e na mesma hora me arrependo.

- Claro que não, isso só deixou você mais interessante.

Ok, tenho certeza que fiquei vermelha. Nem consegui responder nada, apenas sorri.

Ela olha no celular e fala:

- Temos que comer rápido, daqui a pouco o intervalo acaba e ainda temos que passar na papelaria.

Ela estava certa, então terminamos de comer, pagamos, compramos a cartolina e voltamos para a aula.

A Aluna Nova {Romance Sáfico} 🏳️‍🌈Onde histórias criam vida. Descubra agora