Estou atrasada! Fiquei até tarde acordada assistindo série depois do trabalho, que acabei não ouvindo o despertador tocar.
Tô andando bem rápido pelos corredores da escola em direção a sala de aula. Devo estar só uns 5 minutos atrasada, e os professores nem ligam, mas eu sim porque é péssimo você entrar e todos olharem para sua cara.
E foi exatamente isso que aconteceu, bati na porta e pedi licença. Todos olharam para mim.
- Pode ir se sentar, Violet. - Falou meu professor de matemática.
Quando eu ia em direção a minha carteira, vi Marina me fitando com seus olhos puxados e cor de mel, o que me deixou nervosa.
A aula em si foi de boa, sempre gostei de matemática por ter facilidade, e o professor também é bem divertido. Agora estou tendo aula de história, mas a professora já está finalizando.
- Então alunos, tenho duas notícias para vocês, uma boa e uma ruim. A primeira é que vou passar um trabalho para ser entregue na semana que vem. Vocês deverão escolher algum assunto relacionado a história e fazer um cartaz sobre, por exemplo, renascentismo, vocês vão explicar na cartolina o que foi esse período e colocar algumas ilustrações sobre. Entenderam? - ela pergunta e todos concordam.
- Esses cartazes vão ser colados no corredor para todos verem, então caprichem. Já a notícia boa é que vai ser em dupla, vocês mesmos podem escolher entre si.
Essa é a notícia boa? Preferia muito mais fazer indivídual. Assim que ela fala já começa o burburinho na sala das pessoas decidindo com quem vão formar dupla.
- Então foi isso a aula de hoje, vou liberar vocês um pouquinho mais cedo. Até semana que vem. - ela fala e começa a arrumar sua bolsa.
Todos se levantam para sair da sala, e eu faço o mesmo mas para ir pedir a professora se posso fazer indivídual. Mas quando estou indo, sinto a mão de alguém em meu ombro.
- Violet. - ela fala e na mesma hora reconheço aquela voz.
- Ei. - falo após me virar para ela.
- Você já tem dupla? - Marina pergunta, sua expressão é neutra.
- Não, por quê?
- Quer fazer comigo?
Olho em direção a mesa da professora, mas vejo que ela já saiu.
- Claro.
- O.k - ela fala e fica parada olhando para mim, que droga eu falo?
- Bom, vou aproveitar que ela liberou mais cedo e ir na lanchonete aqui em frente o colégio, quer vir? Aí a gente conversa sobre o trabalho. - pergunto nervosa.
- Claro.
Então fomos andando até a lanchonete em silêncio, queria puxar algum assunto mas ela tem um jeito que me deixa intimidada, isso é novo para mim. Sei que pelo fato de eu não ter amigos, as pessoas já logo pensam que sou tímida, mas não é verdade, eu só tenho preguiça de socializar com a maioria das pessoas, por achar elas desinteressantes, ou fúteis. Por exemplo, a maioria das meninas aqui da sala só conversam sobre garotos, e os garotos sobre transar com garotas, viu? Desinteressantes. Mas agora com a Marina é ao contrário, quero me aproximar dela, saber sobre ela, mas fico nervosa.
Quando chegamos na lanchonete, vou no balcão e fico olhando a vitrine para ver o que tem, mesmo já sabendo o que vou pedir.
- Já sabe o que vai pedir? - pergunto para a Marina que está olhando concentrada como se aquela fosse uma escolha muito importante.
- É estranho pedir uma coxinha às 10hrs da manhã? - ela pergunta e eu não consigo deixar de achar graça.
- Acho que não...
- Já sabem o que vão pedir? - uma mulher de meia idade pergunta do outro lado do balcão.
- Dois pães de queijo, e uma coxinha. - falo para a mulher.
- Certo, e desejam beber alguma coisa? - ela pergunta enquanto entrega nossos pedidos.
- Um copo de suco de maracujá - peço, pegando o pão de queijo.
- Coca-cola para mim. - Marina acrescenta.
- Levo para vocês na mesa.
Então, nós duas escolhemos uma mesa afastada e nos sentamos. A moça entrega nossas bebidas, e agradecemos.
- Você já tem algum tema em mente para o trabalho? - Marina pergunta.
- A primeira coisa que pensei foi sobre a caça as bruxas, mas a gente pode pensar em outro juntas.
Sempre achei esse tema muito interessante e revoltante ao mesmo tempo, a quantidade de mulheres que foram mortas...
- Na verdade eu gostei do tema. - ela fala
- O.k, que dia você tá liberada para fazer então?
- Hoje mesmo, e você?
- Também, a gente pode ficar depois do horário e fazer no colégio mesmo, mas temos que comprar a cartolina. - digo e acrescento - tem uma papelaria aqui do lado, podemos passar.
- Pode ser.
E de novo o silêncio constrangedor...
- Você vai na festa da Alice, sexta? - ela pergunta.
- Provavelmente não, não sou tão fã de festas, e você?
- Acho que sim.
Me surpreendi com a resposta, imaginei que ela não iria por ainda não conversar com ninguém da escola, não que eu tenho visto pelo menos, ela sempre tá sozinha.
- Qual é o seu problema com festas? Tipo, tem bebida de graça. - ela acrescenta.
- Não tenho problema com festas, mas quando coloco na balança entre ir em uma festa com uma cacetada de gente que vejo todos os dias, ou ficar em casa, o segundo sempre ganha. Mas a parte das bebidas de graça é um ótimo ponto.
Ela sorri, e o sorriso dela deve ser o mais bonito que já vi.
- Você é diferente do que pensei que era, quando te vi pela primeira vez.
- Como assim?
- Sabe, sua aparência passa mais a vibe da garota descolada, popular, que vai a todas as festas da cidade. Mas depois já fui vendo que talvez eu estivesse errada, e agora tive certeza.
- Se descepcionou? - pergunto e na mesma hora me arrependo.
- Claro que não, isso só deixou você mais interessante.
Ok, tenho certeza que fiquei vermelha. Nem consegui responder nada, apenas sorri.
Ela olha no celular e fala:
- Temos que comer rápido, daqui a pouco o intervalo acaba e ainda temos que passar na papelaria.
Ela estava certa, então terminamos de comer, pagamos, compramos a cartolina e voltamos para a aula.
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A Aluna Nova {Romance Sáfico} 🏳️🌈
RomanceViolet é uma menina de 17 anos, que está no último ano do ensino médio. Tem uma vida boa, com bons pais, ama ler e desenhar, o único problema é ela ser um tanto solitária em relação a amizade. Até que um dia entra uma aluna nova na sua turma, que fa...