Angel or Devil? - Yeonbin

O pecado da luxúria

Cabelos pretos, olhos tão escuros quanto uma Ônix, a pele pálida se contrastava com os lábios, eram tão vermelhos que pareciam o próprio fogo do inferno, Yeonjun era o verdadeiro pecado e fazia justiça a seu título, como um dos sete pecados capitais do inferno, o demônio representante da luxúria, apesar de sua soberba. O inferno não era páreo para ele, poucos eram. Seu coração não tinha luz alguma, as trevas o rodeava, mas ele adorava. Seu mundo não era em preto e branco como os anjos costumavam dizer para os mais novos ao falar das criaturas terríveis e maldosas que habitavam no submundo.

Ah, tinha muitas cores, ele adorava elas. Principalmente quando estás era o que coloria as últimas peças de roupas íntimas daqueles humanos que se entregavam tão fácilmente para ele, sendo corrompidos pela luxúria que exalava do próprio cão, ou melhor, de um dos melhores servos de Lúcifer. Quase poderia ser dito que ele era o braço direito do tinhoso, mas ele não gostava do título. Ele preferia ser único, por isso mal ficava no inferno, passando a maior parte do tempo corrompendo as almas que futuramente iriam lhe visitar novamente em seu doce lar.

Yeonjun era aquele que torturava as pobres almas jogadas para baixo pelo seu pecado. Que o mesmo acreditava ser o melhor deles... Muitas dessas pessoas estavam lá exclusivamente por culpa dele. Essa era a sua parte favorita.

Fúria não parecia um bom pecado, se irritar? Não era com ele, sempre tinha uma resposta sarcástica na ponta da língua, que irritava aqueles que tentavam o afetar. Soberba? Ele era lindo, realmente... Mas representar o orgulho também não era digno de si, visto que na cama fazia muitas coisas que quebrariam o segundo título. Inveja? Piorou. Ele não tinha o que invejar. Ganância? Ah sim, ele era ganancioso, mas a única coisa que cobiçava era aqueles belos corpos, principalmente aqueles que davam abrigo para as almas mais puras. Preguiça? Ele tinha, as vezes... Então este também não seria um bom pecado para ele. Gula? Não mesmo. Yeonjun era guloso com apenas algumas coisas, talvez a porra que invadia sua boca, ou outra parte de si era extremamente gulosa. Ah, então o seu pecado era correto, ele era o melhor demônio para representar aquele pecado tão sujo.

Agora, caminhando sobre a Terra, como uma pessoa comum, trajando uma roupa quase toda de cor preta, em busca da sua mais nova vítima. Para ele não seria difícil encontrar, Yeonjun sentia quando uma pessoa era pura demais e logo este sentimento lhe invadiu o peito, com seus olhos, ele buscou pela boa alma que estaria exalando tanta pureza. Ao observar mais um pouco enquanto caminhava avistou um lindo rapaz, os cabelos também pretos, lábios bem desenhados e um corpo estrutural, ele era alto, característica que Yeonjun amava - se é que ele amava alguma coisa além de si mesmo.

O rapaz bonito estava falando com um garotinho, que o demônio constatou ser um morador de rua, o que o surpreendeu é que aquele rapaz conseguia ser mais puro que aquela criança. Ainda o observando de longe ele viu quando o jovem entregou uma pequena sacola com alguns alimentos ao pequeno que sorriu de orelha a orelha e o perguntou algo como.

— Eu posso dar um abraço no senhor? — Yeonjun os encarava sem nenhuma discrição, se surpreendeu ainda mais quando aquele rapaz disse que sim, o garoto poderia o abraçar. Veja bem, muitas pessoas até poderiam fazer o mesmo que aquele desconhecido havia feito, mas abraçar uma criança de rua, toda suja? Yeonjun com certeza não faria.

Os dois se abraçaram e o rapaz cochichou algo para o menino, que logo após saiu correndo, levando a sacola consigo enquanto sorria grandemente. Estava na hora de o abordar para poder levá-lo para a cama minutos depois e arrancar toda aquela pureza da melhor forma. Passou pelas pessoas, esbarrando em muitas delas até chegasse ao rapaz.

— Olá garoto bonito! — Abriu o melhor de seus sorrisos enquanto olhava o mais alto. — Qual seu nome?

— Olá... Choi Soobin. — Respondeu em bom tom mas levou as mãos até seus lábios, os tapando como se tivesse feito algo muito errado. — Oh! Eu não deveria falar com estranhos... — Yeonjun sorriu ainda mais.

— Me chamo Choi Yeonjun! Temos o mesmo sobrenome! — Animado, como sempre. — Agora não somos mais desconhecidos, você até sabe o meu nome.

— Sei apenas o seu nome. — Ele cruzou os braços enquanto ditava sério, mas sua expressão ainda sim parecia inocente demais.

— É assim que as pessoas aos poucos deixam de ser desconhecidos, para virarem amigos, bons amigos, melhores amigos, namorados e depois, se casar. — Aquela era a tática infalível, ilusão.

— Você precisa amar a pessoa... E isso só acontece depois de muito tempo. — Estava pensativo a respeito daquele assunto. — E meus pais não deixariam nós termos algum tipo de amizade.

— Não? Mas que pena! — O servo do tinhoso olhou para o garoto, o sorriso que ninguém conseguia resistir estava estampando seu rosto. — Por que eles não deixariam?

— Você tem piercing nos lábios. — Aquele maldito sorriso não surtiu efeito no mais alto e Yeonjun deixou evidente sua surpresa em sua expressão.

— Você não gosta?

— Eu não me importo. — Deu de ombros — Mas meus pais diriam que você não é uma boa companhia. — Agora sua voz era baixa, deixando evidente que ele não queria tanto assim dizer aquilo, mas era necessário. Choi Soobin odiava magoar as pessoas, mas aquela frase não afetou nenhum pouco aquele pecado em sua frente.

— Não estou chateado com o que disse, se é o que está pensando. — Ele mantinha aquela porcaria de sorriso.

— Não?

— Não mesmo. — Cruzou os braços, em segundos havia descoberto a fraqueza daquele rapaz. — Mas eu ficarei chateado se recusar a minha amizade. — Isto era um golpe muito baixo e eram os seus golpes preferidos.

— Não quero o deixar chateado. — Um biquinho se formou nos lábios adoráveis e carnudinhos, Yeonjun sorriu ainda mais, tinha acertado em cheio o ponto fraco do garoto. — Eu não posso, Yeonjun.

— Por favor... — Agora ele apelava também para sua expressão, seus lábios também adotaram um biquinho adorável, apesar daquele piercing prateado. — Eu vi a forma como tratou aquele menino, sei que as pessoas não fariam aquilo... Você é uma boa pessoa, por isso eu queria me tornar seu amigo. — Soobin estava apreensivo.

— Tudo bem. — Cedeu e o diabo sorriu.

— Amanhã podemos no encontrar aqui neste mesmo horário? — Indagou ainda sorrindo e passou a língua pelo acessório brilhante antes de morder seu lábio inferior. — Vamos nos aproximar primeiro em locais públicos, creio que você se sentirá mais a vontade assim. — O maior concordou.

— Amanhã, aqui, no mesmo horário. — Sorriu de forma doce. — Até amanhã, Yeonjun.

Deram a conversa por encerrado então Soobin partiu rumo a sua casa, mas claro que o demônio não perderia a oportunidade para segui-lo e descobrir mais sobre aquela alma pura. Saber seu endereço era um grande passo, principalmente caso quisesse o surpreender durante as lindas noites de lua cheia.