Eu ainda serei sua vida

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Nota da autora: Olá, meus nenéns, como vocês estão? Eu espero que bem. Enfim, cá estou eu aqui de novo, dessa vez com um angst. Bem, é a minha primeira vez escrendo uma fanfic desse gênero, então peguem leve comigo. Lembro que a algum tempo atrás, estava conversando com uma amiga e eu afirmei que não escreveria angst, pois não era minha praia e olha eu aqui arriscando com esse gênero depois de tanto tempo. 

Enfim, acho que já falei demais, então espero que gostem e aproveitem a leitura. Vejo vocês nas notas finais 💕


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Ásia, 1860

Sempre me pego pensando o porquê de os seres humanos começarem uma guerra. Em todos esses anos, ouvi inúmeras respostas, mas, a cada temporada que passa, tenho certeza de que é pelo simples prazer de matar; embora isso soe engraçado, já que muitos de minha raça foram caçados pelo mesmo motivo. Todavia, não posso negar que o vermelho das chamas, que queimam sobre essa vila incendiada, me transmite um sentimento diferente; veja bem, os aldeões desse pequeno vilarejo eram pessoas de bem, sempre os observei, mas nunca imaginei que morreriam de uma forma tão violenta. Os gritos chegaram a machucar meus tímpanos e, ainda que quisesse ajudar, eu não podia, nós, vampiros, temos regras a seguir, e uma destas é não se meter nos assuntos dos humanos.

Por isso, só pude observar o massacre que aconteceu aqui. Corpos jogados por todos os lados, o escarlate escorrendo ao chão refletia sob a luz da lua; sinto meu estômago embrulhado, uma sensação parecida com nojo enche meu ser e, mesmo que eu seja um vampiro, nem todo sangue é saboroso aos meus olhos, e o que foi derramado aqui é um deles. Quanto mais ando, mais corpos surgem. Acho engraçado nos chamarem de monstros, sendo que a visão que estou tendo agora se compara a um ataque de feras selvagens.

O cheiro de ferro fica cada vez mais forte, meu estômago está cada vez mais embrulhado, é difícil ignorar a repulsa que toma conta do meu âmago. Parado no meio da praça, tenho um panorama do local; é possível ver membros decepados, sangue por todos os lados... É uma visão horrorosa até mesmo para mim.

Aqui, ainda observando, nem sei o que pensar; solto um longo suspiro, não tem nada que eu possa fazer, minha única opção é voltar para a mansão e me afundar nos meus livros, e é isso o que decido.

Lentamente, eu me afasto e, ao sair do vilarejo, concluo que cortar caminho pela floresta possa me acalmar, talvez o cantar dos pássaros noturnos e a brisa suave conforte meus sentimentos bagunçados.

Realmente, eu estava certo. Aos poucos, meu coração foi se acalmando, era como se a brisa amena que toca meu rosto, pudesse levar junto consigo todos os sentimentos negativos que eu tinha.

Estou na metade do caminho quando escuto de longe um choro. Por alguns segundos, pensei que estivesse ficando louco, era quase que impossível ter alguém aqui a essa hora da noite, mas quanto mais me aproximava, mais alto o som ficava. Ali, no meio daquela floresta, enrolado em um paninho, estava um bebê; olhei ao redor, em busca de alguém que pudesse ser a mãe, mas não havia ninguém, nem sequer um rastro deixado para trás.

Fui para perto do bebê, seus olhinhos brilhavam por conta das lágrimas e seus pequenos lábios tremiam — até ponderei deixá-lo ali, talvez alguém escutasse o choro assim como eu e viesse o salvar. Quando o pequenino me viu, seu choro gradualmente cessou. Ele me olhava curioso, talvez fosse por minha pele ser tão branca como a neve ou por minha capa preta, que cobria todo o meu corpo; aquela pequena criança grudou seu olhar em mim, suas mãozinhas estavam levantadas, brincando com o ar, e eu senti em meu corpo uma curiosidade se atiçar.

Com cuidado, agachei-me ao lado do pequeno e levei meu anelar até aquelas pequenas mãozinhas que, sem demora, envolveram meu dedo com força. Senti, em meu rosto, um mínimo sorriso aparecer, mas logo tratei de me manter impassível.

Em outra vida | YoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora