Contos do Folclore

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O sol estava se pondo no horizonte, o som dos animais selvagens e do rio ecoavam na grande floresta que era o Amazonas. Tudo o que se via lá dentro eram árvores e mais árvores, e mesmo sendo muito calor, a brisa do mar refrescava a todos que adentravam na selva.

Um grupo de caçadores estavam atravessando a mata em uma fila, o líder deles, que ia na frente abria caminho entre as plantas com seu facão, fez um sinal para todos pararem. Ele sentia seu pé afundando na lama, mas não foi isso que o fez parar.

— Ouviram isso? — perguntou o chefe do grupo, tentando identificar o som que acabara de ouvir.

— Parece um índio gritando — respondeu Peri com suas mãos amarradas.

— Não perguntei a você, prisioneiro — disse mostrando um olhar raivoso para Peri.

O mesmo som se repetiu mais uma vez, ainda mais alto do que antes. O grupo de caçadores sacaram suas armas, facas, pistolas, e se prepararam para o que quer que fosse.

Uma silhueta passou levando um dos homens tão rápido que ninguém notou sua ausência. O segundo ataque só foi percebido pelo grito do caçador, que foi atravessado por uma lança. Todos olharam a figura que o atacou.

Seu cabelo queimava como chamas, sua pele era avermelhada e seus pés eram virados para trás. A criatura tinha mais de 2 metros de altura.

Peri começou a correr, adentrando na floresta. Ele havia reconhecido o monstro que o atacara, Curupira. Sabia que deveria sair da floresta, e junto de outro prisioneiro fugiram em direção ao mar, onde estava seu barco.

O Curupira arremessou o espeto-de-caçador contra uma árvore a 6 metros de distância. E logo atravessou o segundo com sua lança, o grito daqueles infelizes homens ecoava pela floresta. O monstro continuou atacando enquanto os homens tentavam inútilmente fugir dele, até que ficaram cinco deles cravados em sua arma e como já não havia espaço para um sexto, ele queimou o líder com o fogo de seus cabelos.

No topo de uma grande árvore que se destacava das demais pelo seu tamanho, uma mulher verde observava o massacre. Ela não usava roupas, não de tecido, a donzela estava coberta por plantas que tapavam as partes essenciais de seu corpo.

O Curupira alcançou Peri e seu companheiro prisioneiro, ambos seriam assassinados brutalmente sem chance de vitória. Quando estava a centímetros de tocá-los, a raiz de uma árvore elevou-se do chão, apenas alguns centímetros, o que foi suficiente para fazer com que Curupira tropeçasse.

Sua lança passou tão perto de Peri que rasgou parte de sua roupa. Ele e seu amigo chegaram no mar, a água apenas tampava sua cintura quando Peri decidiu olhar para trás. O que ele viu foi fogo subindo ao céu como uma grande tocha, mas ele sabia que aquilo não se tratava de um incêndio. Era a ira de Curupira por deixá-los escapar.

— Merda, essa foi por pouco. — disse Peri para seu companheiro também com as mãos amarradas.

— Aquele demônio quase matou todos nós.

— Não é um demônio, André, é o Curupira, ele protege a floresta de homens como os que saquearam nosso barco e nos fizeram prisioneiros.

Ambos continuaram andando pela beira do mar, buscando o navio para embarcar e sair dali o mais rápido possível.

Algumas horas de caminhada depois, Peri, que estava com o estômago vazio e a boca seca, começou a ouvir vozes ressoando em sua mente. Talvez pela fome ou porque estivesse delirando, tentou ignorar isso e continuar a procura.

A voz em sua mente começou a se ouvir mais alto, até que percebeu que tinha uma melodia. Era uma canção. Aquela música o atraia, o fazia sentir que estava em um sonho, daqueles que você deseja nunca despertar.

Árvore de PeriOnde histórias criam vida. Descubra agora