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Josh Beauchamp

Respirei fundo e guardei o celular no bolso. Estava na hora de falar tudo que tinha para falar. Mesmo sabendo que ele não queira ouvir, irei falar tudo que tenho pra falar, pois não aguento mais isso tudo entalado em minha garganta. É torturante. Dói. Existia grandes chances de Noah estar do outro lado da porta. Mas também existem grandes chances de Noah estar em seu quarto, me ignorando totalmente. Vou acreditar na primeira opção.

- Noah. Eu sei que você está aí. Eu sei que você vai me ouvir, somente por curiosidade.

Meus olhos já estavam lacrimejando.

- Mas, eu só preciso que me escute por um minuto. Me dê... - Ergui o dedo indicador, olhando para a porta, na esperança de quê ele estivesse ali. -... Uma chance... somente um minuto.

- Eu quero falar o que eu nunca tive coragem de falar. Coisas que estão entaladas em minha garganta. Algo meio raro, pois eu sempre sou sincero e falo tudo que penso. Você sabe disso, não sabe? - Ri fraco, olhando para meus pés, mas logo desviei o olhar para um canto qualquer.

- No dia vinte e seis de março de dois mil e cinco, eu derrubei o meu macarrão com queijo em cima do pequeno garotinho dos cabelos pretos. Esse garotinho ficou muito, muito, muito bravo. Como se eu tivesse quebrado seu brinquedo favorito. - Ri fraco e suspirei. - Mas, na verdade, eu só havia feito uma mancha em sua camiseta vermelha com listras pretas. Eu lembro que... naquele exato momento, eu fiquei extremamente sem graça, não sabia o que fazer, nem lembro o porquê de ser tão desastrado.

- Na verdade eu lembro sim. O motivo da minha distração, foi o lindo garoto dos cabelos negros, da camiseta vermelha com listras pretas e uma mancha de macarrão. - Ri abobado, abaixando minha cabeça. - Nesse exato dia, a minha vida mudou por completo. Nós fomos chamados na secretária, pois você reclamou para a professora sobre isso e exigiu justiça. Não sei o porquê de levar esse tipo de coisa tão à sério.

- A diretora havia falado que isso não era problema. Era só colocar na máquina de lavar com um bom produto e pronto, estava tudo resolvido. - Ri. - Dias depois, você veio falar comigo. Eu fiquei tão envergonhado, que aparentemente poderia explodir, de tão vermelho que estava. Eu era aquele garotinho solitário e isolado. Você era o garoto amigável e alegre. Todas as professoras lhe elogiavam, todos lhe amavam. Isso me dava inveja. Causava inveja em qualquer um. - Dei de ombros e ri. - Nós viramos amigos depois disso. Grandes amigos. Estávamos sempre juntos. Sempre unidos. Sempre falando de bobagens entre nós. Conversávamos sobre nossos desenhos animados preferidos, nossos super-heróis preferidos, nosso dia. Tudo de mais inútil. Mas, um dia, chegou um garoto na escola, que na sua opinião, era muito bonito. E o nome dele, era Bailey May.

- Esse foi o pior dia da minha vida. Você não queria mais saber de mim. Nossas conversas estavam baseadas em: Bailey May e sua beleza imensa. Não tinha como piorar. Bom, era o que eu achava. Até você me dizer que... o amava. Mesmo nós sendo jovens, já entendíamos o que era amor. Amor era... o que eu sentia por você. E senti por inúmeros anos. Até que você e Bailey chegaram na adolescência e começaram a namorar. Eu não podia estar pior.

- Sempre sorria, para você sorrir. Sua felicidade era a minha felicidade. Eu escondi isso por muitos e muitos anos. Você sempre me contava tudo entre você e Bailey, me contou até mesmo a primeira vez de vocês. Eu só queria achar um prédio para me jogar naquele momento. Eu queria que... Você estivesse feliz pela nossa primeira vez, e não de vocês dois. - Ri baixo e tristonho, voltando a fitar a porta. - Eu nunca vou me arrepender de ter levado macarrão com queijo para a escola naquele dia, pois foi um simples macarrão e uma distração, que mudou a minha vida para melhor. Eu não sei como viveria sem você na minha vida, alegrando todos os meus dias, com simples sorrisos e bobagens que falamos um para o outro.

𝙽𝚞𝚍𝚎𝚜 - 𝙰𝚍𝚊𝚙𝚝𝚊𝚝𝚒𝚘𝚗 𝙽𝚘𝚜𝚑 𝙱𝚎𝚊𝚞𝚛𝚛𝚎𝚊Onde histórias criam vida. Descubra agora