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Olá, gente! Tudo bem? Eis aí o capítulo 1! E é já que começo a postar algumas novidades lá no insta! Espero que gostei e boa leitura! ♥

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CAPÍTULO 1 | Parece que (quase) nada mudou


Mas se você fechar os olhos

Quase parece que nada mudou afinal?

E se você fechar os olhos

Quase parece que você já esteve aqui antes?

Como posso ser otimista sobre isso?

Pompeii | Bastille


Um suspiro escapou pela minha boca. Haletown estava ali, bem diante de meus olhos outra vez.

Nunca foi uma cidade grande ou muito notória no Colorado. Suas ruas tinham casas comuns, carros populares e árvores que testemunhavam a quietude de todas as estações, com exceção da primavera. As pessoas vinham de fora para visitar as cortinas de flores que se formavam pelos parques e avenidas. Era um lugar bonito e sossegado, embora me trouxesse o sabor amargo de uma parte da minha vida.

Pedi ao taxista para me deixar em uma das avenidas principais do bairro onde eu morava antes. Ele me ajudou a descer a mala de quatro rodinhas e lhe dei o valor da corrida. Não ir direto para a casa da minha prima talvez fosse uma ideia da qual me arrependeria mais tarde, mas pretendia ir andando até o meu destino — que, aliás, não era tão longe assim.

Nunca fui a pessoa que praticava exercícios regularmente e não me orgulhava disso. Tinha a plena consciência de que uma hora seria obrigada a abdicar de alguns deslizes, como comidas rápidas e doces em horários inapropriados, em prol da minha saúde. Felizmente esse momento ainda não tinha chegado.

Depois de muito esforço e terapia, a estética agora era um mero detalhe. Se eu ainda era saudável como meus exames acusavam, não via porquê evitar as comidas que gosto. A opinião alheia já me envenenou demais em outros tempos.

Apertei o cabo da mala em minhas mãos e dei início à minha caminhada sem pressa. Por mais que meus pés se movessem com naturalidade, meu coração parecia conter suas batidas, obrigando-me a ir no seu ritmo.

A cidade continuava igual, mas estar ali revelou ser uma experiência nova. Queria me acostumar a pisar por aquele solo outra vez sem ter medo de tropeçar.

Manter a calma se tornou um mantra conforme dobrava algumas esquinas nas ruas locais. Quanto mais me lembrava do caminho, mais tenso meus músculos ficavam.

Estava a algumas quadras da escola onde estudava há exatos quatro anos atrás. O papo de não ser tão longe acabou indo para o espaço quando a minha parte teimosa insistiu em desviar a rota até lá. Masoquista, eu sei, mas algo em mim necessitava rever aquele lugar.

As portas da East Sparker High estavam fechadas aos domingos. O silêncio permeava por entre o jardim frontal, o prédio solitário e as minhas memórias.

Conseguia visualizar com perfeição a Andy do primeiro ano segurando seus livros com força como se eles fossem protegê-la dos valentões na entrada. Mas era inútil, eles eram atentos o suficiente para não deixar qualquer oportunidade passar.

As Cinzas de Nós [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora