Prólogo

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Naquele dia em específico, Aylin havia acordado animada. A turca de longos cabelos pretos terminava de prender os botões do blazer preto de forma atrapalhada, achava que se agisse de forma rápida, o dia acompanharia seu ritmo e também acabaria rápido.

Havia uma promessa de que haveria uma chuva de meteoritos seria extremamente visível naquela parte da suíça aquela noite e a pequena apaixonada por astrologia estava ansiosa.

O Instituto DeGrasse Para Futuro Gênios era localizado em Grindelwald, bem nos pés da montanha First, fazendo com que os dias fossem gelados vinte quatro horas por dia, porém com noites abençoadas pela natureza. Um dos internatos mais antigos da Suíça, foi fundado em 1889 para estudantes notórios pelo mundo. A maioria dos alunos eram bolsistas por sua incrível inteligência. Jovens gênios da ciência e matemática se encontravam no colégio para compartilhar experiências.

A garota turca ganhou a bolsa por um projeto de iniciação cientifica que começou no antigo colégio. Apaixonada por astrologia, seu sonho era estudar no Instituto que levava o nome de Neil DeGrasse Tyson, o astrofísico que a jovem mais admirava.

Voltando ao atual momento, Aylin já se encaminhava para o refeitório, sentando-se ao lado de sua colega de quarto que havia guardado um lugar. Joselin, sua amiga, também era interessada em física, porém não na mesma vertente de que a morena.

― Mais dois minutos e não você não ia conseguir comer. – comentou Joselin, com uma torrada e geleia nas mãos.

― Eu sei, passei no computador para checar mais uma vez sobre a localização dos meteoros.

― Você vai ser pega, Aylin Elif.

― Não vou! Só você sabe disso, se alguém descobrir, a culpa vai ser sua. – acusou, roubando o suco da bandeja alheia. ― Vai estar tudo escuro e ninguém usa a passarela de madrugada.

O resto do dia não demorou como a garota imaginava, pelo contrário, passou até rápido demais. Logo já eram onze horas da noite e Aylin se preparava para sair. Joselin já dormia profundamente enquanto a outra arrumava sua mochila com a lanterna de cabeça. Colocou um cobertor fino na mochila, junto com os dois binóculos e sua câmera fotográfica. Vestiu as botas e o pesado casaco acolchoado e abriu a porta lentamente para observar o corredor.

As dez horas em ponto, as luzes de todo o colégio eram apagadas, assim facilitava com que a garota não fosse vista dentro das dependências do instituto. Conseguiu sair furtivamente. O problema real começava agora.

A caminhada de trinta minutos até uma plataforma na montanha não era nada fácil. Havia uma escalada leve de 20 metros até que ela conseguisse chegar a base da passarela. Com um impulso, ela agarrava a base e se espremia por entre o guarda-peito e o chão. Já de pé, agora eram mais 20 minutos de uma longa caminhada. Era cansativo, mas Aylin seguia observando a paisagem e todos os detalhes da luminosa cidade abaixo de si. Era difícil conseguir fugir de toda aquela poluição visual, mas a garota havia conseguido achar o local perfeito. As luzes da cidade começavam a ficar mais fracas e já era necessário que a lanterna fosse acesa, forçar os olhos já não era mais suficiente.

A baixada da montanha já era visível e Aylin teve que pular o guarda-peito novamente, se jogando para a terra e aterrissando firmemente. Andou apenas mais uns 5 metros até chegar no seu lugar favorito, onde a grama já era amassada pelas longas noites deitadas ali.

Esticou o cobertor no chão para que não se molhasse devido a leve nevoa que deixou pequenos orvalhos no extenso gramado. Montou a câmera e configurou o dispositivo para que conseguisse captar as imagens com a exposição certa. Deixou os binóculos apoiados ao lado e finalmente se deitou, aguardando os meteoros.

A noite se passava ao lento, do jeito que Aylin rezou para acontecer. Pequenos cometas e satélites cruzaram o céu, iluminando um pouco a penumbrosa noite. Barulhos eram comuns, sempre tinha algum animal cruzando a montanha, mas o barulho de passos na plataforma metálica não era algo habitual. Aylin sentiu a espinha gelar, das duas uma: Ou seria expulsa do internato ou seria morta.

Levantou-se em abrupto, segurando o binóculo apontado na direção dos passos. Okay, precisava de um plano. Droga! Não teria tempo. O brilho da lanterna do estranho já estava chegando e a luminosidade a cegou em poucos segundos. Foi uma vida boa! Tinha conquistado muitas coisas já, seria exagero e soberba de sua parte querer mais.

A luz baixou a direção e intensidade, Aylin colocou a mão sob os olhos, tentando enxergar a silhueta vindo em sua direção. Medo já não era presente, apenas a aceitação da morte. Não havia como se defender. Somente se arrependia de não poder ver a chuva de meteoros.

A silhueta levantou ambas as mãos para o céu.

― Eu não conto se você não contar.

A voz masculina ecoou pela plataforma e a garota pode reconhecer o emblema da instituição na pesada blusa do homem. 

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⏰ Última atualização: May 04, 2021 ⏰

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