"I once had a girl
Or should I say, she once had me
She showed me her room
Isn't it good Norwegian wood?"
Nada do que eu dizia parecia fazer sentido naquele momento, mas eu o fazia só para que ela pudesse escutar, ao pé do ouvido:
- Parece um pedaço de céu.
Flores impregnadas de perfume: lavanda e camomila. Frescas e arrancadas de sua terra, de seu corpo, de seus braços cheios de folhas para servir a um propósito mais nobre.
Decorar seus cabelos de nuvens leves e silenciosas.
"She asked me to stay
And she told me to sit anywhere
So I looked around
And I noticed there wasn't a chair"
- Fique - sua voz de brisa atingiu a pele do meu pescoço quando ela se curvou para se deitar sobre minhas pernas, nossos membros espalhados de qualquer forma pelo tapete.
"I sat on a rug biding my time
Drinking her wine
We talked until two and then she said
It's time for bed"
Minha embriaguez não se limitava ao vinho. Tudo nela me intoxicava, dos cabelos macios ao seu cheiro exótico de chá forte, passando pelas pérolas negras que eram seus olhos e o sorriso fácil que, contraditoriamente, guardava tantos segredos. Seus fios prendiam as juntas dos meus dedos a cada percorrer da raiz às pontas, a cada flor cuidadosamente colocada pelos meus dedos inábeis.
Madrugada adentro, seu corpo arenoso estava ali, o vale dos seios se erguendo e rebaixando conduzidos pela maré do peito. Os lábios retorcidos em meio riso incendiavam meu interior sem piedade, porque eu sabia. Nós sabíamos. Eu era dela...sempre fui.
Ela nunca mais seria minha.
"She told me she worked
In the morning and started to laugh
I told her I didn't
And crawled off to sleep in the bath"
Fomos o mais além que meu consciente permitia. Por um bater de asas, seus suspiros me pertenceram. Sua carne, sua umidade, as melodias próprias que meus dedos conseguiram tirar de seu corpo.
Beirando a exaustão, eu finalmente adormeci afogado em uma banheira de lágrimas e flores.
"And when I awoke I was alone
This bird had flown"
Deito-me na cama vazia. A marca de sua alma ainda se mostra no colchão afundado. Não há sinal de outro pensamento ou decisão em meus olhos opacos. Acendo um dos seus cigarros com o isqueiro de ouro que ela me deu, a fumaça queimando em meu peito e na preciosa madeira norueguesa.
É assim que canto minha canção de amor para Julia.
"So I lit a fire
Isn't it good Norwegian wood?"
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Norwegian Wood • myg
FanfictionSONGFIC | FICÇÃO | CONCLUÍDA "Madrugada adentro, seu corpo arenoso estava ali, o vale dos seios se erguendo e rebaixando conduzidos pela maré do peito. Os lábios retorcidos em meio riso incendiavam meu interior sem piedade, porque eu sabia. Nós sabí...