Capítulo um

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   Em uma madrugada silenciosa onde todos se encontravam dormindo, Aline sentada ao chão da cozinha, chorava baixinho abraçando suas pernas. Toda a dor que suprira por dois longos anos agora viera a tona, e Aline finalmente conseguira se permitir sentir toda aquela angústia que a tanto tempo estava guardada para si própria.

   Ela soluçava em seu choro intenso e incessante, esvaindo toda a tristeza que havia em si. Ao escutar um barulho estridente de uma porta sendo aberta em meio a todo aquele silêncio, Aline começa a controlar sua respiração para que não a vejam ali, porém seu esforço é em vão vendo que antes mesmo de sua respiração ser controlada, a mesma pessoa que havia aberto a porta estava parada em sua frente.

   Era Matheus, primo de sua querida vizinha e filho do dono da casa onde Aline estava passando a primeira noite de sua viagem à Recife. Ao ver a menina chorando, o garoto ficou totalmente inexpressivo como de costume, porém nesta situação, sem saber o que fazer. Ele apenas estendeu sua mão a ela e a guiou até seu quarto para que pudessem conversar sem acordar as demais pessoas na casa.

   Aline e Matheus nunca foram muito próximos, por morarem longe não tiveram a oportunidade de criar um vínculo grande, mas se davam bem sempre que se encontravam. O início das conversas sempre eram difíceis pois ambos eram muito tímidos, mas após trinta minutos de conversa o clima já se tornava confortável para conversar e até fazerem várias brincadeiras juntos, mas esta conversa seria diferente de todas as outras.

   Apesar de ambos terem muitos sentimentos guardados, nunca conversaram sobre isso, talvez por falta de afinidade ou talvez por falta de coragem em ambas as partes. Porém, ao encontrar a linda menina de cabelos negros e um magnífico olhar esverdeado chorando em sua cozinha, Matheus percebera que chegara a hora de conversarem sobre o que sentiam. Ele se sentou em sua cama após fechar a porta do quarto e abriu espaço para que Aline fizesse o mesmo, um silêncio pairou sobre o local sendo ouvido apenas o soluçar da menina que aos poucos se acalmava.

- Quer conversar? Me contar o que aconteceu? - Matheus tomou coragem e indagou preocupado.

- Você me acharia uma boba se eu contasse - Aline respondeu enxugando algumas lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

- Claro que não, pode confiar em mim - o silêncio se instalou novamente enquanto a menina parecia pensar no que dizer.

- Eu só... A alguns anos atrás, minha família teve uma grande discussão, eu não estava envolvida então não sei muito bem qual foi o motivo, mas isso fez com que nos dividíssemos. Perdi contato com minha tia, meu tio, minhas primas, e eu sinto muita falta deles, sabe? Principalmente da minha prima, nós crescemos juntas, eu amo tanto ela, eu me inspirava nela - desabafou com pesar.

- Mas, vocês não tem nenhum envolvimento com a briga, porque não conversa com ela?

- Ela mudou de número, de casa, não sei mais nada sobre ela, tudo que eu fico sabendo são coisas que minha avó me conta - disse Aline dando um suspiro com os olhos lacrimejando - Se ela quisesse conversar comigo teria me procurado, mas não o fez.

   Matheus compreensivo, se aproxima da doce menina e a envolve em um abraço caloroso, fazendo dessa a primeira troca de carinho entre os dois. Sentindo seu coração acelerar após alguns minutos naquela mesma posição, Aline se levanta em um movimento rápido e repentino indo em direção a porta. Desde pequena ela supria sentimentos por ele porém nunca os demonstrou.

- Fiz algo de errado? - ele pergunta também se levantando, surpreso com o distanciamento.

- Não, não, claro que não, eu não sou a pessoa mais bonita do mundo e chorando então, devo estar horrível, é melhor eu ir - disse Aline apressada se virando para a porta, e logo em seguida se arrependendo do que acabara de dizer. Antes que pudesse sair, ela sente Matheus segurar seu pulso.

- Espera, o que isso tem haver? - Indaga confuso

- Nada, eu nem sei porquê disse isso... - ela se acalma da pequena adrenalina que sentiu e se vira para ele novamente sem o encarar. Ele leva sua mão até o queixo de Aline fazendo com que a menina olhe para ele.

- Você é linda. Uma das meninas mais lindas que eu já vi. Não queria te ver chorando, gosto quando você sorri, mas chorar não te faz menos bonita.

   As bochechas da pequena Aline coram de vergonha, Matheus nunca havia feito um elogio a ela, isso fez com que borboletas surgissem em seu estômago e seu coração se acelerasse novamente.

- Vem comigo - disse Matheus puxando ela pela mão que o seguiu sem conseguir dizer nada.

   Eles passam pela porta da sala tomando bastante cuidado para não fazerem barulho, caminham pouco menos de 10 minutos até chegarem em uma pequena praça que havia por perto. O lugar era bem iluminado pelas luzes da pequena quadra de futebol ao lado, vários bancos de madeira se destacavam em meio ao gramado com diversas árvores. Podia se ouvir o vento frio da madrugada batendo contra elas. Eles se sentaram em um pequeno banco branco de madeira para descansar da pequena caminhada que tiveram.

- Por que me trouxe aqui? - Aline iniciou a conversa.

- Achei que você precisasse de ar fresco, eu sempre venho aqui quando preciso pensar. Desde que... minha mãe morreu, esse é meu porto seguro.

- É um lugar muito bonito. Nem imagino como deve ter sido difícil pra você passar por isso.

- Eu nunca contei isso pra ninguém. Você é a primeira pessoa a conhecer meu cantinho de fuga da madrugada - Matheus ri para descontrair.

- Obrigada pela confiança - disse Aline segurando as mãos de Matheus o passando segurança - Eu sei que você mudou muito desde que tudo aconteceu e se precisar conversar você pode me chamar. Sei que moro longe e não tenho seu número de celular ou algo do tipo mas, eu sempre vou estar aqui, quando você estiver pronto pra se abrir eu vou estar com você.

- Obrigado. Sinto que posso confiar em você, sinto isso desde quando você veio pra cá pela primeira vez e ficamos o dia todo jogando vídeo game.

- É, aquele dia foi bem legal - Ambos riram pela lembrança.

- Agora sim, prefiro te ver sorrindo - disse Matheus a encarando com ternura.

   O silêncio retornou, sendo ouvido apenas o farfalhar do vento se chocando contra as árvores, Aline encarou o céu, admirando o quão estrelada a noite estava. Já Matheus não tirava seu olhar sobre Aline, analisando cada detalhe de sua feição.

- O que foi? - disse Aline percebendo que ele a encarava.

- Nada, só te observando - ele diz e ela cora desvencilhando seu olhar do dele. Ao perceber o efeito que causa em Aline, Matheus pega em seu queixo fazendo com que ela o encare profundamente.

- Tem uma coisa que eu estou morrendo de vontade de fazer - disse ele ficando a poucos centímetros de Aline.

- O que?

   O menino encara os doces lábios da menina a sua frente esperando que a mesma entendesse o sinal. A vontade de beija-la naquele momento era enorme, mas não o faria caso ela não permitisse. Assim como Aline, ele também havia sentimentos escondidos por ela e o momento era perfeito para finalmente eles serem demonstrados. Aline entendeu o recado e não relutou, queria isso tanto quanto ele. Eles se aproximaram ainda mais e selaram um beijo cheio de carinho, compreensão e muito amor.

   Aquele momento com certeza ficaria marcado para sempre como o início de algo incrível e duradouro, um amor verdadeiro.

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Esta é minha primeira história publicada e adorei isso de escrever em apenas um capítulo, estou doida para receber o feedback de vocês, espero que tenham gostado dessa história. Logo escrevo mais.

Até a próxima❤️

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