BRADBURY - 2004
Quando saímos do local da investigação o Sol já saíra e muitas pessoas faziam sua corrida matinal na rua ou compravam café. Como eu já estava desperto, cheguei ao meu quarto e troquei meu jeans e casacos por shorts, camiseta e tênis. Coloquei os fones de ouvido e saí para correr pelas ruas que continuavam as mesmas desde a minha adolescência; passei por padarias, lojas de conveniência e até o antigo cinema em frente ao parque. Parei para comprar o meu café-da-manhã e quando resolvi seguir pelo outro lado da calçada, avistei minha livraria favorita.
A Livros&Café foi aberta quando eu ainda era uma criança, e eu adorava ir lá com tia Min ver prateleiras infindáveis de livros com capas coloridas, sem contar a área de leitura com várias poltronas e café à vontade. Mesmo me tornando adolescente eu costumava frequentá-la, sem a presença da minha tia, que havia se mudado com o marido; meus amigos também não eram muito fãs de leituras, por isso eu sempre ia sozinho. Meus livros favoritos eram os de serial-killers, investigações, suspense... Não é muito difícil saber porque escolhi jornalismo investigativo, certo?
O sininho da porta tocou quando a abri. Haviam umas duas pessoas mais ao fundo, na seção de psicologia, e uma menina novinha arrumando livros de uma caixa na prateleira ao lado da porta.
-Bom dia - ela sorriu ao me avistar. Seu cabelo era tingido de vermelho-escuro e seu batom azul-royal chamava atenção do outro lado da loja. Na plaquinha afixada à sua camisa preta seu nome, Alana, era exibido - Posso ajudar?
-Estou só dando uma olhada... - sorri - Obrigado.
Ela concordou com a cabeça e voltou à arrumação enquanto eu me dirigia à prateleira identificada como mistério e suspense. Peguei um livro de lombada verde e comecei a folheá-lo, alheio ao resto das pessoas.
-Baekhyun?
A voz dele me fez largar o livro, que caiu com estrondo no chão. Virei o rosto lentamente e vi Jongin, vinte anos mais velho, me encarando com uma expressão surpresa.
-Me desculpe - foi o que consegui dizer, me abaixando para pegar o livro. Quando ergui o olhar vi uma bengala apoiando o lado direito do seu corpo e engoli em seco, logo devolvendo o livro ao seu lugar.
-Não se lembra de mim? - ele sorriu; agora o ex-namorado do meu melhor amigo tinha o cabelo preto curto, usava óculos, cardigã, calça e sapatos sociais. Dessa vez pelo menos sua aparência não era de uma cobra humanoide.
-Claro que me lembro - sorri amarelo, olhando para todos os lados, menos para ele - Olá, Jongin. Como vai?
-Muito bem, obrigado. E você? O que faz aqui? - ele parecia genuinamente feliz, o que era estranho demais.
-Hmm... Trabalho. Eu tenho que ir, me desculpe - passei por ele e não olhei pra trás. Quando me vi na rua, saí correndo o mais rápido que podia para o motel, com medo de encontrar mais um fantasma do meu passado.
🦉🦉🦉
Felizmente consegui recuperar as horas de sono perdidas durante a manhã e parte da tarde. Quando acordei, chequei o celular e vi que recebera uma mensagem de um número desconhecido; era o oficial Poole me pedindo para encontrá-lo num restaurante ali perto às sete da noite, onde ele poderia conversar comigo sem intromissões. E ao que tudo indicava, ele levaria um amigo.
Aproveitei o resto do tempo que tinha para passar no necrotério da cidade, onde eu sabia que teria algumas perguntas respondidas, já que quem estavam à frente do caso era a equipe forense de Londres.
-Boa tarde - disse à mocinha da recepção, mostrando meu crachá - O médico-legista está aí?
-Lá dentro. É só bater na porta.
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Malleus Maleficarum
HorrorMary Bradbury foi uma das mulheres condenada ao enforcamento por bruxaria em Salém. Mas antes a mesma consegue fugir para a Inglaterra, graças aos seus poderes, afinal, ela de fato era uma bruxa. Quase três séculos depois, Baekhyun, descendente da f...