ღ Cᴀᴘɪ́ᴛᴜʟᴏ 1: O contato, infância ღ

38 12 12
                                    

Querida mamãe,

Posso te contar uma história engraçada? Sabe... quando acordei pela primeira vez eu estava em um lugar muitíssimo longe de você, mas lá era um lugar demasiadamente belo e cheio de crianças ao meu redor, pessoas agradáveis também. Eram todos simpáticos e sempre nos divertíamos juntos.

Um lugar de natureza simples e suave. Sua aura simplória contrastava-se com o sol que vinha em tamanha animação e nos tomava em seus raios. Era repleto do natural e águas que eram cristalinas. Pássaros voavam e cantavam alegremente, principalmente no amanhecer e ao entardecer do dia. Crianças, como eu, brincavam ferozmente correndo uns atrás dos outros, se escondendo, desenhando, pulando... Isso enquanto os adultos conversavam entre si assuntos diversos os quais não lembro nem um tico sequer. Tudo o que víamos e vivíamos era assim: Calmo, simples e doce.

Até que te conheci.

Não sabia exatamente quem era você e o que era ou viria a ser, porém, eu sentia uma palpável força emanando de nós duas. Uma ligação. Meus amigos, os mais próximos, aqueles a quem eu chamava de irmãos de alma, sentiam assim como eu esta mesma sensação aqui de cima, onde moramos. Aqui de onde a vemos sem que venha saber.

Quando existimos pela primeira vez, foi quando a vimos nascendo no seu mundo, chegando num lugar que para nós ainda era estranho. A senhora chorava demais! Céus, como era barulhenta, mamãe! Entretanto, ainda assim era a coisa mais linda do mundo todo. Era o ser mais fofo e maravilhosamente incrível que havíamos visto em toda a nossa existência.

Sua família era gigantesca! Nossa... todas aquelas crianças que moravam com você eram nossas tias e tio? Que legal! Bem, mais para você que para nós, pois acredito que quando os conhecermos de verdade eles já serão adultos. Pelo menos a senhora tem com quem brincar assim como nós.

E, mamãe... que feio! Como a senhora era muito sapeca em sua infância. Mexendo nas panelas da vovó... eu vi tudo! Gulosa... – lembro-me de vózinha tê-la feito comer um pote inteiro de seu doce favorito somente pela audácia, depois a senhora passou o dia todo no banheiro. Melhor eu nem lhe contar o cheiro que imaginei ter ficado naquele lugar. Bem, para que se sinta melhor, ficamos preocupados com você naquela situação, deve ter ficado com muita dor de barriga e enjoo, mas confesso que rimos um pouco devido ela ter sido tremendamente cômica, sinto muito. Aliás, como era arteira! A gente viu tudo, não tem como negar. Sempre formava planos com nossas tias e o titio ainda ajudava vocês nessa.

Eita que era namoradeira, hein? Mainha, mainha... Na escola suas notas eram boas, mas muita gente também gostava da senhorita. E a senhora igualmente, mas quando se envolvia e percebia que sentimentos fluíam em você de uma forma mais elevada, você pulava fora. Era um arrasa coração, não era? Céus, mamãe! Terá tantas histórias para nos contar, eu espero. Mesmo já sabendo, as ouvirei pacientemente só para ver o seu sorriso. Até hoje ainda não entendo direito isso. Não entendo como eu via, como eu sentia que era você. Além disso, não entendia porque fazia isso com os garotos, você tinha medo? Medo de eles descobrirem e depois te machucarem? Era por isso que os machucava primeiro? Apesar de não entender, não cabe a mim e nem a ninguém julgar.

Sua infância foi travessa e cheia de brincadeiras como toda criança, porém, toda essa diversão era abundante somente em casa devido à educação rígida que meus avós os davam, era o que se mostrava todo aquele ambiente que morava. Novamente neste tópico, sua juventude era cheia de paixões, embora isso, sua cabeça lhe controlava, só que tenho quase certeza que ainda assim tinha algum sentimento forte que surgiu e você só fugia quando começava a temer por isso, mas és orgulhosa demais para contar. De todo modo, a escola era até que um lugar divertido para você. Fazia tudo que em casa lhe era regrado a não fazer e descartado como errado.

Tinha uma amiga da qual gostava muito, mas a mesma era mentirosa por demais, vivia contando vantagens e criando asneiras, a senhora de esperta... sempre percebia na hora e não deixava ir adiante. Como aquela criança poderia fazer esse tipo de coisa? Como ela poderia ter tanto medo de ser honesta e mentir para não perder o que supostamente tem? Eu não entendo.

Queria mais histórias sobre a sua infância, mas sinto que ao acordar pela segunda vez a maioria das lembranças serão tiradas de mim, desculpe.

Ainda assim estou feliz por estar contigo, até breve mamãe.

Um forte e afetuoso abraço de sua filha

Amberlym Jones

P.S. Sei que não lerá essa e nem as outras cartas que escreverei, mas faz sentir-me em pensar que sim.

❖❖❖❖❖❖❖❖❖❖❖❖

Disponível por tempo indeterminado.

E.V.A.Viana

Doces Cartas Do Além [ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora