A primeira coisa que reparou foi no piso de madeira, as ripas alinhadas e lustrosas. As fitas brancas de cetim davam uma volta cruzada em torno de seus tornozelos. Subiu o olhar até notar os tecidos brancos que eram leves em seu corpo.
Ao olhar para frente, a intensidade da cor que o veludo possuía era linda. Ergueu a cabeça e não conseguiu definir o tamanho das cortinas. Estava tão impressionada que saiu da posição inicial. Voltou no mesmo instante para a posição marcada e reparou que seus braços possuíam pequenos brilhos, que cobriam toda a sua pele. Seu coração estava acelerado e ela reparou que não conseguia conter o sorriso.
Quando olhou para o lado esquerdo, alguém balançou a cabeça em sinal de aprovação. Ela sabia que era alguém importante, mas não conseguia ver seu rosto com nitidez porque a luz amarelada logo acima projetava sombras em seu rosto. A pessoa segurava grandes cordas que acompanhou com o olhar e percebeu que iam em direção as cortinas.
Ao olhar para o lado direito, viu a pessoa que mais amava no mundo. Sua avó estava com o rosto molhado por não conseguir conter as lágrimas. Segurava um paninho que passava no rosto, de tempos em tempos, para limpar a emoção que transbordava dos olhos.
Mandou-lhe um beijo silencioso, e uma lágrima desceu pelo seu rosto. Secou-a com uma das mãos, com bastante cuidado. Nesse momento os primeiros acordes de La Vie En Rose começaram a tocar, um arrepio percorreu suas costas e ela sentiu como se houvesse um bloco de gelo em seu estômago.
O seu momento havia chegado, com a postura ereta, as mãos em posição e um leve sorriso no rosto, ela aguardou as cortinas se abrirem.
O holofote a iluminou e...
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Dançando entre estrelas
RomanceA mobilidade urbana não é justa para todos e Gabriela sente isso todos os dias. Sua cadeira de rodas já passou por poucas e boas pelas ruas tortuosas de SP. A idealização absurda de seus pais matou o sonho que cultivava desde criança: ser bailarin...