no one knows

XIII

Bocejei alto, deixando todo meu corpo se espreguiçar no meio dos lençóis brancos amassados perdidos sobre minha cama.

É hoje!

Puta que me pariu! É hoje!

No mesmo instante que eu comecei a sentir a adrenalina percorrer meu corpo em completa euforia e nervosismo, eu ouvi meu celular gritar uma música que eu não conhecia do One Direction do outro lado do studio.

Eu odiava o fato de Jeremy ter a senha do meu celular.

Levantei o tronco em um pulo, jogando minhas pernas e todo o emaranhado de lençol para fora da cama e me arrependendo no momento que percebi que tentei correr rápido demais sem ter me desvencilhado dos tecidos. Meus joelhos foram em um baque só em direção ao chão, fazendo com que eu urrasse de dor e xingasse ainda mais a pessoa que se atrevia a me ligar aquele horário.

- ÓDIO! - gritei, me deixando rolar com as costas no piso frio.

Encarei o teto por alguns segundos, tentando criar a coragem que me faltava para chutar aqueles lençóis e ir até meu celular que começava a tocar insistentemente mais uma vez.

Bufei, me arrastando até a mesa de centro da sala, sentindo meu corpo todo arrepiado pelo contato da pele com o piso frio, mas pouco me importei, deslizando o botão verde da ligação, enquanto me estendia novamente no chão frio.

- Oi!

- Oi. - o sotaque europeu soou forte do outro lado, me fazendo abrir um sorriso.

- Bom dia.

- Só um segundo. - me pediu, levando o celular longe de sua boca para poder conversar com as pessoas que estavam à sua volta. Aguardei em silêncio, encarando o teto alto do studio, até ouvir um barulho de porta se fechando e a voz do garoto retornando ao meu ouvido. - Oi, acabei de chegar no hotel em Dubai.

- Mas já? Achei que ficariam até amanhã na Cidade do Cabo.

- Tivemos que vir para cá adiantados, pois tivemos um problema com nosso voo... longa história. - soltei um som em concordância assim que o garoto terminou de falar. - Te acordei? - perguntou.

- Não, estou acordada há horas. - menti.

- Você poderia, por favor, descer até a portaria do seu prédio, pois o entregador está há horas tocando sua campainha e morrendo de frio lá fora? - declamou a pergunta calmamente, como se tivesse a maior paciência do mundo.

- Como assim? - questionei, sem entender.

- Sierra, por favor.

- Mas eu não pedi nada. - tentei buscar na minha mente se eu havia feito novamente alguma compra desnecessária enquanto bêbada. - E como você sabe que tem entregador?

- Sierra, por favor. - suspirou em derrota. - Só desça.

Suspirei fundo também, ainda confusa. Levantei do chão frio, sentindo meu joelho doer pela batida de poucos minutos atrás, mas mesmo assim mantive os passos firmes até a porta do studio, sofrendo por uns segundos até que a chave destravasse e eu conseguisse abrir a porta e depois indo até a escada, me preparando para descer os inúmeros degraus até a porta de alumínio.

- Sierra? - a voz soou alta no meu ouvido, me assustando.

- Puta merda! Eu esqueci de você. - respondi rindo, ouvindo o garoto gargalhar do outro lado da linha. - Estou descendo a escada.

- Então calma! - falou, me fazendo assustar e parar no meio do movimento. - Eu vou desligar, porque não saberia o que fazer quando você receber o que tem lá embaixo. Eu só quero dizer que eu 'to muito orgulhoso de você, muito muito mesmo. Eu não consigo nem falar sobre como minha vida se tornou melhor depois que eu te conheci. Você é incrível.