Prólogo

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Naquele dia, Malfoy tinha aguentado demais. O que ele mais queria era sair do escritório e voltar para a mansão, para os braços do namorado que uma dessas já devia estar lhe esperando. Porém, assim que conseguiu sair e aparatar para a mansão Malfoy, ele deu de cara com seus amigos, todos espalhados pela imensa sala conversando animadamente.

-Que cara é essa, Draquinho? –A voz alta e aguda de Pansy só piorava sua enxaqueca, piorando o humor do homem. –Assim que você recebe seus amigos queridos?

O loiro segurou seu impulso de mandar ela à merda somente por saber que seu namorado reclamaria da atitude e se limitou a procurar o moreno com os olhos, que quando notou o descontentamento no rosto do maior se levantou e o aconchegou em um abraço apertado.

-O que aconteceu? –Harry perguntou, sussurrando no ouvido de Draco para que ninguém mais ouvisse. –Se quiser posso mandar todos embora.

Ele queria muito. Mas sabia que Harry ficaria chateado. Esse era um dos poucos momentos que eles, em suas agendas apertadas, podiam usar para ficarem com seus amigos. Mesmo que quisesse muito mandar todos a merda e ficar deitado com seu moreno o resto da tarde, ele não podia fazer isso.

-Não, tá tudo bem. –Responde, inspirando o máximo que pode do perfume do outro. –Só preciso de um banho, logo volto para me juntar a vocês. –E sai, indo direto para as escadas sem olhar para nada.

-Aconteceu alguma coisa? –Blaise pergunta. Ele geralmente era o mais quieto e despreocupado do grupo, mas sabia de todos os demônios de Draco quase tão bem quanto Potter e os dois faziam de tudo para cuidar do loiro.

-Nada, só cansado. Foi tomar um banho e disse que logo volta. -Harry se senta novamente em seu lugar na sala, com a expressão um pouco mais preocupada do que antes. -Não sei mais o que fazer. Draco insiste em dizer que está bem, mas eu consigo ver que não está. Desde...

Interrompeu, se impedindo de completar a frase sabendo que todos entenderiam. Draco não era mais o mesmo desde a morte de Narcisa, há seis meses. Por mais que soubesse que isso era inevitável desde que ela começou a adoecer cinco anos atrás, aquilo ainda o tinha abalado demais.

Mudarem para a mansão e reformá-la delicadamente tinha sido ideia de Harry, a qual seu namorado abraçou com um certo ânimo no começo. Mas a longo prazo tinham voltado novamente àquela situação anterior.

-E se aproveitássemos que o aniversário dele está chegando e fizéssemos uma festinha para animar? -Pansy deu a ideia, fazendo a maioria concorda de imediato. -Podiamos chamar todos que ele gosta e mostrar o quanto ele é importante para muita gente.

-É uma boa ideia. Se sentir querido e necessário para as pessoas pode dar um motivo a mais para ele levantar. -Concorda Hermione, com os olhos fechados enquanto aproveitava o cafuné que seu marido fazia.

Logo todos estavam discutindo animadamente todos os detalhes do aniversário. Tinham optado por fazerem uma festa a fantasia na própria mansão, organizando tudo enquanto ele estava trabalhando. Então passaram para a lista de convidados, anotando cuidadosamente cada nome para não esquecerem de ninguém importante.

-Eu sei que ele tem uma prima que ele manda cartas de vez em quando, mas não sei como ela se chama nem como convidá-la. -Harry se lembra, mas antes que pudesse continuar, Theo, um dos amigos de Draco, o interrompe.

-Ela chama Azure. -O mesmo responde, atraindo o olhar de todos. -Se quiser posso entrar em contato com ela sem o Draco saber. 

-Como que você conhece ela e eu não? -Blaise pergunta, visivelmente enciumado. Por mais que os sonserinos não demonstrassem tanto, Harry sabia que a relação dele e de Draco era como a sua com Ron. Ele tinha tanto ciúmes com o amigo quanto o ruivo, por melhor que disfarçasse.

-Ela cresceu na Sicília com os pais, bem perto de onde eu morava. Nossos pais são amigos desde que eu me entendo por gente. -Nott deu de ombros como se aquilo não importasse. -Além do mais, você não lembra porque é burro. Ela é aquela garota de Beauxbatons que foi com o Draco no baile de inverno, não lembra?

Zabini apenas nega com a cabeça e logo o assunto foi mudado para outros detalhes mais importantes da festa, mas o mesmo já não prestava atenção. Ele se lembrava sim, até demais. Passou quase um ano depois daquele maldito torneio sonhando com a garota de olhos cinzentos que seu amigo havia mandado não chegar perto.

Malfoy era ciumento com tudo que ele achasse que lhe pertencia e a garota era um exemplo disso. Por ser um ano mais nova que eles, Draco cuidava dela como se fosse um bebê, indo juntos para o baile só para que nenhum outro cara chegasse perto demais. 

E digamos que a fama que Zabini tinha naquela época, que não mudou muito durante os anos, só fez o loiro ter certeza de que não queria o amigo perto de sua prima.

Mas ele não podia evitar se lembrar. Lembrar com detalhes da pele alva quase transparente e os olhos acinzentados que denunciavam o sangue Malfoy. O cabelo castanho e ondulado, quase sempre armado, que emolduravam seu rosto bem marcado. O corpo tão bem desenhado com curvas tímidas, os lábios de cupido quase sempre abertos em um sorriso, o jeito delicado. 

Ele não podia esquecer isso tudo, muito menos daquela noite.

Angel - Blaise ZabiniOnde histórias criam vida. Descubra agora