Dona Gilda era uma bruxa aposentada. Morava em uma bela casinha no centro, sua casa ficava perto de alguns prédios e lojas, em frente sua casa havia uma calçada de pedras e uma árvore grande que fazia uma ótima sombra. Ela adorava varrer a calçada em horários de pico, onde havia sempre muitos pedestres.
Assim como toda bruxa, sua vassoura não era uma vassoura qualquer. Todas os dias quando ia varrer a calçada, ela observava as pessoas caminhando na rua. E quando uma pessoa passava na frente da sua casa, logo em seguida ela ia varrer os passos daquela pessoa, logo outra pessoa passava, ela esperava e varria a calçada de novo. E depois a noite, com as pegadas que ela colecionou com sua vassoura. Ela transferia as informações da vassoura para sua bola de cristal. E assim conseguia ver os caminhos que cada pessoa estava seguindo.
Sua vassoura conseguia detectar, pelo tipo de pisada, pela distância dos passos, e pelo desenho da sola do sapato, para onde a pessoa estava indo, como era sua vida e em que ela estava pensando naquele exato momento. A bruxa conseguia ver tudo isso em sua bola de cristal.
Ela sabia bem quem eram as pessoas que passavam sempre por sua calçada. E no outro dia, como de costume, após analisar todas as pegadas, ela ia lá varrer de novo, mais dessa vez ela varria antes de a pessoa passar. E quando a pessoa pisasse no local limpo, seus sapatos eram enfeitiçados. Em seguida essa pessoa sem perceber acabava seguindo caminhos diferentes, tomando decisões que desviavam de seu destino. Assim fazendo com que a pessoa, talvez chegasse atrasada à algum lugar, ou quem sabe perdesse o ônibus ou esbarrasse em outras pessoas. Coisas desse tipo.
Mas que bruxa malvada! Por que ela iria fazer coisas assim? Fazer a vida das pessoas um tormento?!
Certo dia, dona Gilda estava lá, varrendo a calçada. E observou um homem de social com uma maleta caminhando na rua. Parecia um advogado, ou talvez um professor. Quando ele passou por sua calçada, ela foi lá e varreu suas pegadas. Mais tarde em sua bola de cristal, ela percebeu que o homem de social, era de fato um professor, e ele dava aulas em um colégio ali perto. Ela também viu que ele não passava sempre ali. Pegava outros caminhos diferentes. Era alguém novo na cidade, acabara de conseguir um emprego. Estava conhecendo o lugar. A bruxa viu tudo isso em sua bola de cristal.
Então ela pensou o seguinte. - E se eu fizesse com que esse professor chegasse atrasado em sua aula? E deixasse seus alunos lá esperando, fazendo bagunça em sua ausência? Ou se eu decidisse fazer ele sujar sua única camisa limpa. Teria que dar aulas aguentando as risadas dos alunos? Mas e se eu fizesse ele se perder na cidade? Qual desculpa ia dar no colégio?
- Mas é claro que não sou uma bruxa má, a fazer coisas sem propósito nenhum ou apenas por diversão. Infelizmente eu devo alguns favores à uma amiga bruxa escritora, pois ela me emprestou muitos livros e até hoje não devolvi. Alguns até perdi. Preciso tirar essa energia pesada da minha casa. E também devo favores a um amigo da papelaria, pois comprei muitos pergaminhos lá e não paguei. Tenho que ajuda-los! Vou desviar o caminho desse professor, para que ele pegue outra rua, e passe na frente da loja de livros. E com uma varrida precisa. Farei com que ele entre na loja e compre o livro de minha amiga. Um livro sobre feitiçaria. E mais tarde, ao final de sua aula, ele sem querer irá comentar sobre o livro em sua sala de aula. E irá despertar o interesse nos alunos. Fazendo eles comprarem mais livros. E o moço da papelaria? Bom... Não sei se consigo dar uma varrida tão precisa a ponto de conseguir fazer ele ir mais longe. Vou deixar a intuição da vassoura me ajudar!
Então logo pela manhã, ela esperou pelo professor. E lá vinha ele. Caminhando com calma, observando muito os prédios. Então ela abriu seu portãozinho e começou a varrer a calçada, com seu jeito todo inocente e com suas vassouradas mágicas. O professor ao pisar na calçada limpa, logo teve uma intuição, e sentiu que devia ir pela outra rua. Sem ele saber o porquê. Simplesmente começou a seguir outro caminho. Então logo passou na frente da tal livraria, uma livraria bem pequena de fácil acesso. Resolveu dar uma rápida olhada, notou que havia vários livros baratos. Depois de alguns minutos avistou o livro de feitiçaria e decidiu levar. Depois de sair da loja, ele não conseguiu entender o porquê comprou o livro. Talvez se deixou levar pelo preço? O professor confuso decidiu ir logo para aula, pois já estava atrasado. Ao chegar na sala, sabia que ia levar muito tempo para copiar todo conteúdo no quadro para a explicação, pois chegou quinze minutos atrasado. Então fez todos os alunos tirarem uma cópia do seu material em uma papelaria ali perto, para ganhar tempo. E todos os alunos foram à papelaria tirar xerox. Foram mais de trinta copias. No final de sua aula, ele comentou sobre um livrinho de feitiçaria que tinha comprado. Todos na sala se interessaram. E depois da aula alguns alunos foram comprar o livro.
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Gilda, a Bruxa aposentada
FantasyDona Gilda, era uma Bruxa aposentada. E em sua cidade moravam muitas bruxas da sua idade, algumas eram suas amigas, e muitas eram inimigas. E como elas tinham tempo. Elas faziam guerras. Mas essas guerras elas travavam sentadinhas em suas poltronas...