A morte depois da vida

Corrida

A vida é uma eterna corrida. Desde o dia do nosso nascimento estamos correndo por algo. Tem momentos que eu só queria parar e tomar fôlego, mas ela não dá uma pausa e nem me espera, vive esfregando aquele relógio dourado em minha cara e me dizendo "o tempo não nos espera". Tempo, amigo inseparável da vida, esses dois me irritam "Nós podemos te dar coisas maravilhosas" palavras deles para me impressionar — as vezes funciona, as vezes me irrita. Por que eu tenho que esperar o tempo e ele nunca me espera? Injusto!

— Essa corrida não acaba nunca. — olhei para o lado e lá estava ela, tão sedutora como sempre.
— O que faz aqui? — perguntei para a morte.
— Eu estou sempre por aqui e por ali, sabe como é.
— Entendo.
— Comigo você não precisa correr. — ela disse acariciando meus cabelos na sacada do prédio.
— Eu sei.
— Eu não tenho relógio dourado.
Com ela não tem tempo e nem corrida.
— E nem nada para me oferecer. — Falei e olhei a vida com o seu relógio reluzente lá embaixo no jardim.
— Talvez você seja ambiciosa demais. — Talvez ela esteja certa, eu não sonho pequeno.
— Com você eu jamais poderia realizar aquilo que eu quero. — olhei para ela. Estava linda como sempre, embora não seja amiga do tempo ela está sempre o esperando.