O time de lacrosse do colégio St. Vincent era reconhecido por suas inúmeras vitórias nos campeonatos e hoje a noite não seria diferente.
Era o início da temporada e o início de mais um ano letivo. O clima estava levemente fresco, assim como era a maioria das noites, porém a atmosfera que o jogo proporcionava tornava o tempo mais abafado e acolhedor aos torcedores.
O placar estava empatado quando Ava Silva conseguiu tomar a posse da bola do time adversário nos últimos segundos de jogo e saiu em disparada em direção ao gol.
A garota acelerou com determinação e, apesar de exausta, com as juntas das pernas doendo devido ao elevado esforço físico e suor escorrendo livremente por sua testa, resolveu ignorar Beatrice, sua colega de time que estava obviamente pedindo passe da bola.
Característico dela, manejou passar por toda a defesa sem abrir a mão da bola e acertou-a no gol quando o juiz sinalizou o fim da partida.
A torcida vibrou junto com as jogadoras e, pelo canto do olho, Ava conseguiu ver um vislumbre de Beatrice caminhando em direção a suas amigas e quase podia sentir a sua frustração. Ava não conseguiu nem dar de ombros antes de ser engolida pela multidão e se juntar ao alvoroço, abrindo um sorriso de orelha a orelha, toda cheia de si por ter mais uma vitória na sua conta.
Beatrice, nunca chegada a grandes comemorações, caminhou em passos pesados até seu grupo de amigas.
"Parabéns, Bea! Você arrasou!" Camila exclamou, já apertando a garota num abraço com um sorriso firme no rosto. Beatrice não foi capaz de segurar a sua própria expressão sorridente ao sentir o carinho de Camila.
"Mandou bem." Lilith acompanhou e deu um tapa amigável no ombro de Beatrice. Mary e Shannon balançaram a cabeça positivamente, sentadas na primeira fileira da arquibancada e também elogiaram sua performance. Parecia confortável a posição em que elas se encontravam, Shannon descansando a cabeça no ombro de Mary que estava com o seu braço por volta dela, contente.
"Obrigada, poderia ter sido me-" Beatrice começou, porém seja lá o que ela fosse falar, não teve a chance de terminar, pois sua atenção foi totalmente desviada para o centro do festejo. Ela pegou o exato momento em que Ava retirou a blusa pelo colarinho, ficando apenas com o top esportivo na parte de cima e beijou Teresa com tudo na boca.
Beatrice sentiu o sangue subir até as bochechas e desviou o olhar para o chão, coçando atrás do pescoço, um gesto que ela fazia com frequência quando ficava nervosa ou estressada no geral.
As meninas franziram as sobrancelhas simultaneamente e mudaram a atenção para Ava e Teresa. Nenhuma delas parecia muito incomodada com esse ato. Claro, não era segredo algum que Mary e Shannon estavam juntas desde o início do ensino médio e apesar dos pais da Lilith serem um tanto conservadores, ela também não carregava um olhar de desprezo. Camila já olhou com um tanto de apreciação, sorrindo com leveza.
"Pizza na minha casa?" Camila foi a primeira a falar e foi seguida por uma série de aprovações. As garotas caminharam para fora do campo, assim como o resto dos responsáveis e alunos, conforme a euforia do jogo ia se dispersando.
A mente de Beatrice ainda estava repetindo aquela cena. Assim como os de Lilith, os pais de Beatrice vinham de uma classe conservada e rica e favoreciam a aparência. Logo, Beatrice nunca foi de demonstrar grandes sentimentos a ninguém, quanto mais em público.
Foi ensinada desde cedo que tais sentimentos eram desnecessários e não importantes e, em vez disso, ela deveria focar em tirar boas notas e pensar no futuro, Beatrice fez exatamente isso.
Parte dela sentia inveja de Ava, por ser capaz de demonstrar tanto na frente das pessoas e sair sem punição. A outra parte sentia inveja de Teresa e imaginou como seria ser beijada daquele jeito por alguém, com tanto fervor.
Imediatamente balançou a cabeça e forçou-se a mudar de foco. Ela não poderia pensar essas coisas, afinal tinha uma reputação a segurar, os pais dela se certificaram disso. Beatrice tentou esquecer o assunto pelo resto da noite e se concentrou em apenas curtir o tempo com suas amigas.
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Ava aproveitou o final da noite com os seus amigos JC, Chanel, Zori, Randall e, claro, Teresa. Da escola foram direto para uma festa que ocorria no interior de um prédio abandonado.
O lugar trazia a energia perfeita. Luzes coloridas ocupavam toda a extensão do local, música explodia dos auto-falantes distribuídos pela área e nas laterais estavam dispostas as mesas com os aperitivos, assim como algumas bebidas. Entretanto, se ela adentrasse mais fundo, encontraria um bar improvisado perto do DJ, era lá onde ficava a diversão da festa.
Ava dançou até não aguentar mais, a pouca coordenação que ela tinha já havia indo embora depois de (alguns) copos de bebida alcoólica. Rodeava o grupo dando pulos que acompanhavam a batida da música. Quando a música chegou ao seu fim, Ava saiu da pista de dança mais leve como nunca e caminhou ao banheiro.
Para surpresa da morena, quando ela entrou no banheiro se encontrou com uma cena que fez uma sensação ruim descer no seu estômago imediatamente. Teresa estava beijando descaradamente uma outra garota no balcão da pia. Ela sentiu vontade de vomitar.
Ava congelou no chão, incapaz de se mover, sentindo como se todo o ar tivesse sido retirado de seus pulmões. Enxergou o início do que seria pontos brancos, provavelmente a sua pressão caindo. De repente, um soluço escapou de sua garganta, alertando as meninas de sua presença e, antes que ela pudesse perceber, estava procurando a saída mais próxima da construção abandonada, querendo ficar o mais longe possível de Teresa. Lágrimas escorriam pelo seu rosto descontroladamente.
Conforme ela atravessava o salão, notava que as luzes antes vibrantes se estendiam sem cor e a música alta só serviu para deixá-la mais atordoada. Milhares pensamentos cruzavam a sua mente naquele instante, mais do que ela podia processar no momento.
Ela podia distinguir vozes a chamando e a perguntando se estava tudo bem, porém ela apenas ultrapassou a porta de saída, agradecida por ser capaz de absorver o ar fresco da noite após o momento de sufocamento.
Caminhou, quase correu até ao seu lar adotivo. O seu celular vibrava no bolso. Não precisava ser um gênio para saber quem era. Num movimento frustrado, ela puxou o celular e digitou "Me deixa em paz". Prometendo para si mesma que quando chegasse em casa, bloquearia a garota de todas suas redes sociais.
O grande problema de Ava era que quando ela gostava de alguém, ela entregava tudo dela para essa pessoa e isso geralmente acabava em coração partido.
As lágrimas não pararam de cair em todo percurso até a casa e Ava pensou para si mesma se alguma hora parariam. O asfalto aparecia borrado diante dela e parecia que a temperatura havia caído alguns graus quando um calafrio passou por sua espinha e a arrepiou.
Naquela noite ela teve de controlar a sua crise de choro para não acordar os residentes da casa e depois de horas rolando na cama, conseguiu adentrar num sono inquieto e perturbado. Suor e lágrimas escorriam pela sua extensão, apesar do banho frio que havia tomado poucos minutos depois. Essa sensação ela não desejava para ninguém, seria uma longa noite para Ava.
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primeira fanfic que eu escrevo, críticas construtivas são sempre bem-vindas!vocês preferem capítulos longos ou curtos? provavelmente os próximos serão um tanto maiores que esse, só quis introduzi-los a esse universo paralelo que estou construindo em torno dessas personagens que não saem da minha cabeça desde o lançamento da série haha. vou dar o meu máximo em contar a história com o máximo de detalhamento para que vocês possam mergulhar na narrativa junto comigo.
se você leu até aqui, espero que tenha gostado. é provável que eu deixe a fanfic parada por uma semana ou duas no intuito de ganhar algum público-alvo, mas com certeza deixarei capítulos prontos para serem atualizados com frequência, então fique de olho.
obrigada e até a próxima! :)
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We'll be fine (you and I) - Avatrice
FanfictionAvatrice - colégio AU - slow burn Uma mistura de sentimentos e emoção. Nenhum spoiler será dado nessa sinopse. Será que Ava manejará lidar com essa bagagem de sensações que cai sobre ela? Por quanto tempo mais Beatrice vai fugir de seus pensamentos...