Author's note: Não esquece a ⭐
✧ Matt ✧
Daquela noite, eu me lembro de apenas alguns borrões, minha visão estava bem turva, como se estivesse cheia de água, meus passos estavam todos errados e eu quase caí diversas vezes, mas quando conseguia um pouco de equilíbrio, deixava-me correr goela a baixo mais alguns goles daquela bebida que esquentava meu corpo e queimava meus neurônios. Era tarde da noite, talvez duas ou três da manhã, não sei dizer, mas tinha certeza que, em casa, todos estariam dormindo, eu só precisava entrar silenciosamente e ir dormir.
Um pensamento muito ingênuo para alguém que tinha seu sangue virado só em álcool.
Assim que entro em casa, ouço a voz de um dos meninos, talvez fosse meu irmão...
-Você deveria parar de beber. Isso deixa ele muito preocupado e você sabe disso!- Era meu irmão mais novo, Alex, eu reconheceria essa voz em qualquer lugar.
Nos últimos meses ele tem andado muito com um garoto e esse garoto tem lhe ensinado alguns truques, como mutação. Lembro-me de ter escutado um miado de gato quando entrei em casa. Apoiei meu corpo na porta assim que consigo fechá-la e esfrego meu rosto, querendo afastar o sono e me fazer de sóbrio.
-E você... deveria parar de sair com aquele bruxinho.- Digo achando que a frase tivesse saído perfeita.
-Seu alcoólatra de merda. Você deveria parar de fazer esses acordos também! Tem sorte da polícia não vir atrás de ti por conta dos assassinatos.
-Olha a boca.- O repreendi e me levantei, caminhando até a cozinha, mas também esbarrando em algumas coisas.
-Olha por onde anda...!- Alex me repreendeu com a voz estressada e me colocando no rumo certo. -Hey!! Que merda é essa?!- Ele agarrou meu braço no qual eu segurava uma garrafa.
-Bebida?- Respondi olhando confuso da garrafa para meu irmão.
-Também, mas tem sangue no seu braço?- Eu percebi que a manga do meu casaco estava rasgada e que estava toda molhada e grudenta.
-Olha, eu.. não matei ninguém, nem entrei em nenhuma briga, então...- Soltei meu pulso da mão de Alex e virei o resto da garrafa na boca, sentindo minha garganta queimar.
Escutei Alex suspirar e então arrancar a garrafa da minha mão, ele me empurrou para dentro da cozinha e me fez sentar à mesa.
-Tira o casaco, vou fazer um curativo aí.- Ele disse e escutei os passos dele se afastarem. Quando voltou para perto de mim, se pronunciou novamente. -Sabe que quando ele ver isso vai te dar o maior sermão, certo?
-Sei, sei...- Senti meu casaco ser puxado, certamente eu não havia conseguido tirar a roupa. Alex então teve o trabalho de tirar fora meu casaco e o largar sobre a mesa. Meus olhos estavam pesados e eu já não pensava direito.
-Matt... ha... o que vai acontecer quando eu não estiver mais aqui para cuidar de você, huh?- Ele perguntou retoricamente e logo senti meu braço arder, como se tivesse um corte ali.
-Espero nunca descobrir...- Sussurrei.
Escutei outros passos e virei minha cabeça para a porta, quem eu temia encontrar estava parado ali na porta, meio escondido por vestir apenas um casaco e uma cueca, mas nos olhando como uma criança que escutou os pais discutirem. Ele esfregou os olhos e ditou sonolento:
-Que bom que voltou...- Então sorriu.
-Me desculpe...- Abaixei minha cabeça, eu estava envergonhado dele me ver daquele jeito.
-O que aconteceu?- Ele se aproximou de nós e levantou meu rosto.
-E-eu não sei... acho que me cortei...- Expliquei e ele suspirou, se afastou de mim e voltou para o quarto. -Onde está Cecília?
-Dormindo com Madu. Você deveria tomar um banho frio e parar de beber tanto, tente ficar sóbrio por uma semana pelo menos. Droga, você fumou também, não?
-Talvez... não me lembro, droga...! E você sabe melhor que os outro que esse é o único jeito de esquecer todas as merdas que fiz.- Houve outro suspiro dele e ele agarrou meu cabelo com força. -Argh! Merda, Alex!!
-Vai dormir e amanhã tenta se desculpar com Gabriel, certo? Se não te coloco pra dormir com teus demônios de novo!- Ele me ameaçou sem soltar meu cabelo.
Para mim, e por conta do álcool, o rosto do meu irmão estava todo borrado, mas eu podia ver a expressão raivosa dele. Eu então me levantei, caminhando, me apoiando nas paredes para não cair, até o quarto, nossa casa pode ser pequena, mas os quartos pelo menos são grandes, por isso Alex, Gabriel e eu dormimos no mesmo quarto.
Ao chegar lá, vi as luzes acesas, Gabriel estava sentado na cama e lia seu livro sobre demonologia.
-Gabi...- Tentei chamá-lo, mas ele apenas me olha. -Me desc-
-Não precisa se desculpar.- Ele deixou o livro na cama, se levantou e veio até mim, me abraçando e apoiando a cabeça no meu peito. -Matt... todas as vezes que você sai assim, nos deixa assustados... me deixa preocupado... com medo...
Eu não respondi nada, apenas retribui o abraço, seu corpo estava quente e eu apenas queria poder dormir abraçado assim com ele.
-Eu fico com medo de alguma coisa muito ruim acontecer e você não voltar...- Ele me abraçou mais e eu podia perceber sua voz ficando mais quebradiça. -Eu sei que você tem teus problemas, mas... por favor... pense em nós também...
Senti suas lágrimas escorrerem pelo meu peito, ele respirava trêmulo, mas mordendo os lábios eu fiz ele me olhar então sorri, como quem sorri para uma criança assustada e então beijo sua testa.
-Não precisa se preocupar, meu pequeno. Eu sempre vou voltar, e se acontecer alguma coisa, você tem a Cecília, que te ama acima de qualquer coisa, tem a Madu e o Alex também.
Olhando assim, por fora, vocês podem pensar que o que temos é algo romântico e sexual, mas na verdade não, Gabriel e eu não somos namorados, nem amantes, tão pouco amigos colorido. Apenas temos uma longa e profunda amizade, uma amizade que começou quando conheci sua irmã Cecília. Depois de alguns perrengues que passamos, Cecília e eu resolvemos morar juntos e acabamos levando nossos irmãos, Alexander e Gabriel. Nós quarto moramos juntos há alguns bons anos, Madu, a namorada de Cecília, se juntou à nós, ela é um amor de pessoa, diferente de nós quatro.
Nós moramos juntos há tanto tempo, que acabamos nos tornando uma família. Uma estranha e louca família.
Alex é o mais novo, ele tem 14 anos e é o mais responsável, Cecília e Madu são as mais velhas, elas têm 25 e 20 anos respectivamente, só que têm a cabeça de duas adolescentes. Gabriel é como um irmão do meio, ele tem 16 anos e sempre que o mais novo, ou as mais velhas fazem algo errado, ele quem tem que consertar. Por fim, eu, com 24 sou o "inconsequente", acho que puderam perceber. Mas eu sempre faço o possível para proteger esses quatro, minha família!
Só que... de umas semanas pra cá... tenho olhado para Gabriel de uma forma diferente... o que me deixa assustado, visto que ele é só uma criança! Mas... sempre que estou perto dele, eu quero abraçá-lo, beijá-lo e... tocá-lo, mas sei que isso é muito errado e eu não avanço por prezar a sanidade dele! Pois ele me vê como um irmão também!
Outra, se eu fizer algo com ele, Cecília me arranca as bolas!
Só... que eu esperava que...
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Strange Family
FantasyDepois de passar tanto tempo juntos, sentir sentimentos mais fortes um pelo outro era normal, só não diante da sociedade. O problema era que eles escondiam um grande segredo, principalmente o pequeno que todos juravam que nunca se envonveriam nos pr...