O cemitério hospitalar

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   Em um lugar próximo às Montanhas Klamath, ao sudoeste, um acampamento residia ao redor de um grande e profundo lago. Os monitores estavam separando os campistas em grupos cuidadosamente. Ao final, cada grupo recebeu um monitor.
   Um menino de óculos, Jackson, olhou para a garota ao seu lado, ela estava de fones nem prestando atenção no que estava acontecendo. De repente, outro garoto tirou os fones da menina e os colocou em seus ouvidos, a provocando.
  - Ei! – a menina chamou a atenção – Me devolve!
  O mais alto continuou com os fones em seus ouvidos desviando da garota. A monitora do grupo tirou os fones de Michael, os colocou em uma caixa e disse:
   - Preciso de seus celulares, tablets, fones...Toda essa sua bobagem tecnológica.
   Uma menina com roupas bufantes e cheia de malas indignada pegou o seu aparelho e começou a discutir com a mais velha. Após a luta para a garota se entregar eles adentraram na mata.
   - Garotos, nosso objetivo é chegar no coração da floresta antes dos outros times – a moça falou alto e claro – Não saiam da fila e fiquem perto.
  Com isso, eles iniciaram a trilha, andaram até o céu começar a ficar escuro e ameaçar a anoitecer. Novamente, em tom de liderança, a monitora disse para os outros quatro armarem as barracas e ela iria procurar lenha para a fogueira.
   Quando uma noite sombria se revelou no céu, os campistas se sentaram ao redor do fogo e iniciaram uma conversa.
   - Ainda não sei seus nomes, alguém quer começar...? – a mulher falou e o silêncio se estendeu – Tá bom então, eu começo, meu nome é Raquel, aparentemente sou monitora de um acampamento. Agora você garoto de óculos.
  - Meu nome é Jackson, mas me chamam de bobão do oitavo ano – um loiro disse olhando para o fogo atentamente.
  - Jade, me chamo Jade – a garota dos fones disse.
  - Mary – a das malas falou rapidamente.
  - Michael, capitão do time de futebol – um menino alto falou e deu uma piscada.
  Depois de um longo silêncio, um se levantou e foi para a barraca, os outros entediados entraram em suas devidas barracas e dormiram, exceto por Jackson que ficou um tempo acordado olhando para cima, enquanto ouvia Michael roncando ao seu lado, Jack levantou e saiu da barraca, andou pelo mato até que chegou em um área plana, com algum tipo de residência abandonada.

Assustado o garoto correu de volta para o mini acampamento e avisar o resto. Enfiou a cabeça nas barracas e chamou os companheiros, que por sua vez levantaram com o chamado.
  Com isso, após alguns minutos todos estavam acordados e de pé, se arrumando para entrar entre os troncos sombrios das árvores.
   - Claro! Qualquer coisa nós podemos gritar não é? – Mary disse sarcasticamente, mas não foi ouvida.
   Assim eles seguiram, Michael e Mary estavam conversando grudados, enquanto os outros dois caminhavam na frente. Jack liderava, pois sabia aonde o lugar ficava. Quando chegaram perto de um grande pinheiro, os campistas pararam e olharam a residência.
  - O que é aquilo? – Mary perguntou assustada.
  - Só olhando para descobrir – Jade falou e saiu andando em direção a casa.
  - Ela é o que? Louca? – a outra menina disse olhando com cara de desgosto para a outra que já não podia mais ouvir.
   Contudo, os outros seguiram a da frente até a porta marrom velha quase caindo aos pedaços. Mike, querendo mostrar ser corajoso foi o primeiro e girou a maçaneta, que fez um barulho ao cair no chão, continuando o ato o garoto empurrou a porta, que por sua vez rangeu mais alto ainda.
   - Olhem, macas hospitalares – Jack apontou para dentro.
   - Talvez aqui era um hospital... – Jade disse enquanto admirava o local.
   - Mas por que o abandonaram? – Michael questionou.
   - Talvez cansaram daqui, lugar feio... – a menina de roupas bufantes respondeu.
   Jade adentrou mais ainda entre as macas, procurando alguma coisa, observou uma por uma, até que encontrou o fim da sala, com uma escada à sua direita e uma porta estranha à sua frente. A garota chamou os outros, eles iriam se separar para investigar o local, Jade e Jackson iriam subir as escadas e ver o andar de cima, enquanto Mary e Mike passariam pela porta. Com isso, a dupla que precisava ver o outro local subiu as escadas. Os outros dois olhavam a porta atentamente, Mary enfim girou a maçaneta enferrujada, a porta se abriu, ali não encontraram outro cômodo, encontraram um pleno vazio da mata, apenas alguns montes de terra.
   - Me recuso a ficar mais um segundo nesse lugar – a menina falou – Vou me mandar daqui, você vem?
   - Claro que não – o garoto responde – Não vou abandonar aqueles dois e deixá-los para morrer – continuou argumentando se referindo a Jade e Jackson.
   - Bom se algo acontecer com você, não diga que eu não avisei – ela disse e deu as costas para o outro.
Mary começou a andar em direção as árvores, até que sentiu algo segurar seu tornozelo, a garota com medo olhou para baixo, ela encontrou a mão macabra de um cadáver, seca como uma folha mas forte como aço. Assim, ela começou a gritar, chamando a atenção de Mike, o garoto se virou e viu Mary gritando, ele soltou a porta e correu em direção a menina, mas misteriosamente um buraco se abriu em baixo de seus pés, Mike caiu no buraco profundo, quando chegou ao final sentiu uma dor imensa nas costas, ele não sentia os movimentos do corpo, deu um alto gemido de dor, e sua vida chegou ao fim.
   A garota ainda presa no lugar, ouviu o barulho que Mike havia feito, então logo ela entrou em profundo desespero e voltou a gritar. Não demorou muito, para outra coisa pegar sua perna livre, mas desta vez não era algo seco como o morto que pegou sua perna antes, agora era algo mais úmido e grudento. Se atreveu olhar para sua perna, quando viu que um grande cipó subia pelo seu corpo, entrando e tocando em cada pedaço dele. Finalmente, a menina estava coberta por todas aquelas folhas. A última coisa que poderia se ouvir antes da morte certa por sufocamento foi o longo suspiro que ela havia segurado.
   Do lado de dentro da casa, a dupla estava olhando cada pedaço do quarto, provavelmente alguém morou ali, o local consistia em uma cama e armários. Jade estava olhando as prateleiras e estantes, até que viu uma cabeceira com um espelho sujo e rachado, a garota passou a manga da blusa para limpá-lo, com sorte algo estava escrito no canto do vidro: “Algo entrou dentro do consultório ontem à noite, não sabia o que era, até ouvir barulhos no andar inferior, peguei o castiçal e acendi a vela, mas quando segurei a alça dele senti algo entrar dentro de mim, estas são as últimas palavras que eu consigo dizer antes de morrer aqui”.
   Assustada a menina deu dois passos para trás, e olhou Jack para avisá-lo:
   - Jack tem um...
   Mas já era tarde demais, ele estava com a vela acesa e o castiçal, ele estava sussurrando palavras estranhas enquanto olhava para o fogo. De repente, ele olha para a garota e tenta encostar o fogo nela, rapidamente ela anda para trás e olha para os cantos procurando alguma coisa para se defender, acha um cabo de metal e empurra o garoto. Nervoso, ele vem em direção a ela, mas no meio da pequena caminhada até Jade, ele cai no chão e volta a falar normalmente, como se ele tivesse voltado:
   - Jade...Me mate, esse demônio está me consumindo...
   A adolescente sabia que ela precisava fazer algo, e Jackson estava sofrendo, ela não tinha outra escolha. Agoniada e culpada Jade levantou o ferro em suas mãos e bateu com força nele, mas ele apenas desmaiou, para acabar ela pressionou o cabo no peito do menino e o cravou em seu peito. Aquilo a assombraria para sempre, ela não aguentaria, então decidida enfiou o ferro em seu peito também. Assim, ninguém descobriu aquela suposto hospital, os corpos nunca mais foram achados.

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⏰ Última atualização: May 13, 2021 ⏰

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