prólogo;

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Erros tolos podem gerar consequências pesadas

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Erros tolos podem gerar consequências pesadas.

Seoul, Coréia do Sul, 2017.

Os gritos que Jinah dava pela sala ecoavam nos ouvidos de Jeongguk de uma maneira estridente, doendo os tímpanos e não o permitindo pensar direito. Ele estava com uma forte dor de cabeça, tonto e com enjôos, talvez seja da quantidade excessiva de bebida que ingeriu noite passada naquela boate de quinta que Yugyeom o arrastou com a desculpa que precisavam desopilar.

Jeongguk estava tão cansado de não poder fazer nada, de apenas manter-se dentro daquela cobertura e de só poder sair para o ginásio, se isolando do resto do mundo e vendo apenas seus patins e a cara de sua mãe ao lado do treinador; estava cansado de ter que patinar e errar sempre, errar e receber críticas. Errar e não conseguir achar um caminho para que voltasse a acertar.

Jinah colocou Jeongguk em aulas de ballet aos três anos, já que sempre achou lindo a sexta arte, mas seus favoritos eram os espetáculos no gelo. Sempre quis ser uma patinadora, mas quando era mais jovem não tinha condições de manter-se em um esporte caro e, também, teve a consequência de engravidar cedo de Jeongguk, deixando seus sonhos de lado para cuidar do seu pequeno amor.

Quando Jeongguk estava completando um ano dentro da academia, Jinah o levou para uma escola de patinação, onde Jeongguk começou a ter aulas e buscar um treinador particular. Jeongguk aos oito anos já dividia seu tempo entre a escola e suas obrigações na patinação, participando de pequenos campeonatos infantis e conquistando espaço no meio da patinação artística, passando por mais treinadores que pudesse lembrar naquele momento.

— Você está ouvindo o que eu estou falando, Jeongguk? — Jinah tirou Jeongguk de seus pensamentos, parando ereta na sua frente com os braços caídos ao lado do corpo, os óculos de grau na ponta do nariz e os cabelos sempre tão alinhados, agora eram uma bagunça; uma bagunça que se assemelhava a que Jeongguk fez na noite passada.

— Não, não estou. Poderia continuar o seu monólogo de como eu sou ingrato, egoísta, irresponsável e imaturo mais tarde? A dor que eu estou sentindo na minha cabeça aumenta gradativamente com os seus gritos. — Jeongguk disse, usando dois dedos para apertar as têmporas em movimentos circulares, fechando os olhos e escorando a cabeça no encosto fofo do sofá.

Jeongguk não estava somente com dor de cabeça, mas também com vergonha por estar ouvindo tantas coisas ruins vindas de sua mãe na frente de seu treinador e da assistente de Jinah. Hoseok bebia café sentado em uma poltrona perto da janela, cansado de ouvir as mesmas palavras tanto quanto Jeongguk; cansado de remar sozinho na direção certa e o garoto ir de contra a maré. Treinava Jeongguk desde quando ele fez treze anos e conquistou o primeiro regional na categoria novice advanced, o conhecia bem e, querendo ou não, a mãe dele.

— Os meus gritos, Jeongguk? Os meus gritos? Eu confiei que você iria estar em uma social com os seus colegas de patinação, mas você foi para uma boate! Com aquele garoto estranho que eu não faço ideia de onde conheceu! — Jinah disse, andando de um lado para o outro da sala, ainda na frente de Jeongguk. — E o pior de tudo, você ficou bêbado e se deixou ser fotografado em um estado deplorável!

Jeongguk revirou os olhos, causando uma forte pontada no meio de sua cabeça, soltando um bufo pelos lábios.

— Não foi tão ruim assim, não faça tempestade.

— Não foi? Você estava bêbado em cima de uma mesa, tirando a roupa, Jeongguk! Você, o orgulho da patinação artística em um estado horrível como se fosse uma pessoa comum. — Mina, a assistente de Jinah abaixou a cabeça e fingiu mexer no laptop, querendo não causar um desconforto maior para a situação, já que Jinah gritava cada vez mais alto.

— Sabemos que não sou o orgulho da patinação.

— Não é, mas só porque você não quer! Não se esforça para ser. — Jeongguk abriu os olhos, erguendo as sobrancelhas em direção a mãe. Hoseok largou a xícara na mesinha ao lado e cruzou as pernas, suspirando ao coçar a testa com o dedo. — Ao invés de ir para aquele ginásio e treinar, você prefere fugir e ir para festas atrás desse garoto. Você, ao invés de tentar superar o Park, prefere ficar de corpo mole, fingindo que não se conecta mais com a patinação, perdendo o seu real foco!

Jeongguk levantou do sofá, reunindo todo o ar que podia nos pulmões que estufavam, junto com a raiva que crescia dentro de si, pedindo para ser solta em forma de palavras duras; pedindo para que desse um basta naquilo.

Pelo menos por algumas horas.

— Qual o meu real foco, mamãe? Ser o seu orgulho com o meu esforço diário dentro daquele ginásio? Torcendo meu tornozelo tantas vezes que eu nem consigo contar mais pelas horas exaustivas que a senhora me manda ficar lá? O meu real foco de ter que ser aquilo o que a senhora nunca conseguiu ser? Esse é o meu real foco, Jeon Jinah? Carregar todo o fardo de responsabilidades que eu não pedi porque você quer?

Um tapa alto e um silêncio ensurdecedor.

Era isso o que aquela sala tinha, além é claro, de uma assistente jovem assustada, um treinador apático e uma mãe enfurecida. E, não menos importante, um Jeongguk estático, com os olhos acumulando lágrimas e a mandíbula trincada, empertigado no mesmo lugar, sem piscar os olhos.

— Se você não muda com todas as conversas que já cansamos de ter, mudará longe de tudo isso e focará somente no campeonato sul-coreano. Longe de distrações, amizades impróprias e qualquer coisa que o desvie do caminho que planejamos.

— O que quer dizer com isso? — Jeongguk perguntou, entre dentes, falhando a voz.

— Mina, ajeite tudo que precisar para ficarmos uma temporada fora. — Jinah disse, olhando nos olhos de Jeongguk. — Ligue para Kim Taehyung e veja a situação do ginásio dele. Iremos para Daegu.

Mina abriu a boca, surpresa, mas prontamente saiu da sala com o laptop e celular nas mãos, fazendo o que lhe foi mandado de imediato.

Hoseok levantou-se da poltrona, indo até onde eles estavam, surpreso e um tanto perdido.

— Jinah, isso é precipitação! Jeongguk está acostumado com a quadra daqui há anos, mudar o lugar poderá prejudicá-lo, ele tem tudo que precisa aqui. Pense direito no que está fazendo. — Hoseok disse, tentando soar o mais calmo possível.

— Eu já pensei, Hoseok. — Virou o rosto para ele, fitando-o nos olhos. — Iremos para Daegu — olhou para Jeongguk —, e lá você entrará nos eixos de novo. E eu espero que você não torne as coisas mais difíceis ainda, Jeongguk, ou o seu sonho do grand prix estará tão arruinado quanto você.

⛸️⛸️⛸️

[NOTAS]

Olá, caro leitor!

Pois é, eu não consigo descansar e meu cérebro me sabota pensando em plot's e eu acabo SEMPRE desenvolvendo eles. Mas, esse é muito especial, porque é feito de presente de aniversário para uma amiga muito querida, lccecold. Maria, muitas felicidades, espero que essa shortfic te faça muito feliz. Amo você! ♥

E, alguns avisos:

- É uma estória +18, ou seja, não somente conterá sexo explícito, como narrativas de ansiedade, tristeza e pensamentos de auto sabotagem. Mas, já deixo de sobreaviso aqui que ela não será somente isso, terão mais cenas leves que "pesadas", mas fica por conta e risco de vocês.

- Taehyung é alguns anos mais velho aqui.

- Talvez vocês passem raiva.

- E espero do fundo do meu coração, que acompanhem essa estória também!

PS: eu apenas reviso, não tenho beta, então perdão por erros.

Um beijo com tapa na cara e mudança de cidade,

andri.

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