Capítulo 3 - Desastre iminente - Por Julianne

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Hey gente, tudo bem??

Tive uns contratempos durante o dia então acabou que não consegui postar ontem, mas estamos aqui e não vou abrir mão.

Tomem mais um capítulo da nossa heroína, já sentindo o ranço correndo nas veias.

Boa leitura!!!

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Eu sabia que passaria horas organizando cada papel que aquele infeliz havia tirado do lugar. Sabia também que não poderia ficar a noite toda trabalhando nisso, pois meu pai não teria sua noite de folga. Tentei deixar pelo menos metade de tudo ali organizado, para poder chegar a tempo do jantar, e pelo menos tentar tirar um pouco do estresse que isso causou em mim.

Lia tentou me ajudar antes de seu turno acabar, mas não resolveu muito. Teoricamente, ela não fazia a menor ideia do meu método para organização daqueles documentos. Não a culpava por isso.
As seis e meia, eu saía do meu escritório, tomando o cuidado de trancá-lo, para que o desastre iminente do filho do meu chefe não entrasse nele pela manhã. Em meu pensamento, era um pouco difícil, já que ele tinha cara de que acordava depois do meio dia. Mesmo assim, todo o cuidado era pouco.

Ainda sim, mesmo depois de trabalhar a tarde inteira, sobraram muitos documentos, no qual eu teria que organizar em casa.

Definitivamente, eu odiava levar trabalho para casa.

Caminhei um pouco até onde estava meu carro e tomei cuidado em deixar minha bolsa e algumas das pastas no banco de trás. Ficar no estacionamento sozinha me deixava em pânico. Era grande demais e silencioso também. Eu não gostava de lugares assim, pois me faziam lembrar de uma situação na qual eu não gostava. Dirigi com cautela até meu apartamento no Central Park, com um trânsito nem tanto caótico para aquele horário. Minha irmã faria o jantar e eu esperava que estivesse tão gostoso quanto o da noite passada. Sim, minha irmã Inês cozinhava. Segundo ela, era o mínimo que podia fazer, já que eu pago das calcinhas até o curso de gastronomia no qual ela estava.

Não me importo em fazer pelos meus irmãos o que creio que seja o correto. Não é como se fosse um fardo pra mim, porque não é. Faço com prazer, para garantir um futuro promissor para cada um deles. Tomás, por exemplo, conquistou uma bolsa de estudos na Universidade Oxford, na Inglaterra.

E saber que daqui a dois anos meu irmãozinho estará fazendo suas malas e me deixando sozinha em NY, me deixa melancólica. Digo isso, pois Inês quer morar mais próxima ao curso, e meu pai já disse que ela pode voltar a morar com ele se for preciso.

Minha única opção para não ficar sozinha em meu lar seria me casar, no entanto isso está fora de cogitação. Não me imagino casando com ninguém nos próximos anos.
Portanto, vou ter que aguentar ficar sozinha.

Estaciono na garagem do prédio onde moro, e conto os segundos até o elevador descer para que eu possa subir.

Entro de forma desajeitada no desconfortável cubo com algumas pastas escorregando pelas minhas mãos. Eu contava cada alavancada do elevador com medo dele parar do nada. Também tinha muito receio de dividir o espaço tão pequeno com outras pessoas.

As portas da caixa de metal abriram no andar da minha casa. Lembro o quanto eu demorei pra poder investir os primeiros dólares nesse local privilegiado para dar todo o conforto para a minha família. Porém, meu pai não mora conosco. Ele até passa uns dias da semana com a gente, uns dias de folga também, já que ele é detetive do departamento de polícia de Nova Iorque.

Abro a porta e a primeira coisa que chega em mim é o cheiro de comida maravilhoso que em da cozinha, ao mesmo tempo que ouço meu irmão falar palavrão, provavelmente depois de perder uma partida do jogo que não tira ele de dentro do quarto.

-TOMY, EU VOU LAVAR SUA BOCA COM ÁGUA SANITÁRIA SE EU OUVIR VOCÊ XINGAR DE NOVO. -Caminho até a mesa próxima a varanda e deixo as pastas e bolsa sobre ela. Meu irmão pulou do sofá e deixou seu iPad encima da mesa de centro antes de vir me abraçar. -Como você está hoje?

-Eu tô bem. Tomei os remédios depois do almoço.

-Já tomou banho e fez seus deveres? –Vejo ele acenar positivamente, me soltando para voltar ao seu jogo. Caminho até a cozinha para cumprimentar minha irmã e aproveito para espiar o prato da noite.

Ines geralmente não faz doces durante a semana, mas naquela noite, ela decidiu fazer algo com maçã.

-Como foi o curso?

-Foi... legal.

-Conheceu alguém?

-Por quê?

-É que você está fazendo doce... E hoje ainda é segunda...
-É só uma maçã caramelizada e eu estou assando biscoitos amanteigados. -Ela começa a justificar e fico em silêncio olhando para ela. Era difícil ela assumir que estava gostando de alguém, então ela trabalhava com mais dedicação na cozinha.
A verdade é que era difícil para todos nós gostar de alguém. E confiar também. Nossa mãe acabou com a gente.
-O nome dela é Rose e ela é da minha turma de confeitaria.
-E como ela é?
-Olhos castanhos, mil dentes na boca... E se veste como alguém que está indo para o shopping.
-Devo supor que ela é bonita...

-Ela só pediu açúcar emprestado... Qual é meu problema?

Ines era a mais desconfiada de todos nós. Justamente por ser mais amigável e ter mais facilidade em manter relações com outras pessoas, acaba que ela se decepciona mais também.

-Bom, eu vou tomar um banho, se quiser conversar mais tarde, estou aqui.

Fui a caminho do meu quarto pensando sobre o dia de hoje. Era bom chegar em casa e ter que lidar com mais uma paixão da Ines, ou ver que Tomás estava se distraindo com algo. Eu ainda teria que pensar mas pastas que o mimadinho do filho do chefe bagunçou por ser intrometido.

...

A semana passou extremamente turbulenta e bagunçada. Entre esbarrões na sala de convivência, intromissão em reuniões e um banho de chá vindo do que foi apelidado de desastre iminente, eu já estava estourando de raiva, literalmente. Qualquer coisa que aquele irritante fizesse eu voaria encima dele.

Infelizmente, nossas interações dentro da empresa ficavam cada vez maiores, uma vez que ele estava sendo treinado para herdar o posto do pai. Era natural inclusive, que ele ganhasse mais atenção e reconhecimento dos acionistas em tão pouco tempo, coisa que eu demorei anos para conseguir.

De qualquer forma, eu ter que aturar o John andando no meu encalço era inevitável.

Eu estava nervosa, meu remédio não estava fazendo tanto efeito quanto deveria, pelo menos não na minha opinião. Eu andava cada vez mais tensa por conta da pressão inicial do trabalho, então decidi buscar um café por conta própria.

Eu não costumava tomar café na empresa, pois o café era fraco e sou acostumada a tomar café forte e de preferência, com bastante açúcar. Mesmo assim, fui atrás do café.

Vi alguns funcionários na sala de convivência e não notei o John lá dentro. E nem teria como eu notar.

Ele estava na porta e assim que eu empurrei a mesma para entrar, esbarrei nele, vendo o líquido quente da caneca dele voar em direção a minha camisa nova.

A quentura do café nem parecia tão insuportável assim levando em conta o ódio que subiu pelas minhas veias naquele instante. Todos me encaravam amedrontados, sabendo que os meus gritos estavam por vir.

Eu não conseguia pensar. Eu comecei a sentir a ardência do café no meu colo e sai andando até a sala do Aleksander. Eu estava prestes a surtar com o meu chefe por conta do filho dele.

Eu desejo você - 1Onde histórias criam vida. Descubra agora