Hajimero

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Nota: Essa não é a versão final da história, comecei escreve-la em 2020 aos 16 anos, e percebi que há muitas coisas a serem corrigidas. A ideia é que ela se passe em épocas diferentes, como se fossem reencarnações. Me inspirei em algumas obras já existentes, como uma novela coreana e uma novela brasileira: The hymn of death; Além do tempo.

Eu agradeço pela atenção.

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1940 foi uma época difícil onde ainda enfrentávamos a ocupação japonesa e, sendo filho de um Coronel de nacionalidade japonesa-coreana, eu tinha que me encaixar em todos os padrões. Por mais durão que eu tentasse ser, sempre fui alguém muito curioso e apaixonado por minha cultura e coisas estrangeiras, mas naquela época foi imposto uma série de leis que visavam suprimir a cultura coreana, a língua coreana, por exemplo, havia sido banida, a literatura e canções nacionais foram proibidas, até nomes de origem coreana foram barrados.

Mas naquele ano eu conheci Hiroko, ou Kim taehyung, alguém que sentia as mesmas curiosidades que eu, mas que sabia muito e desejava que tudo aquilo acabasse logo. Começamos a fugir para ler juntos e, quando eu conseguia, ia para sua casa e o ouvia cantar e tocar junto de seu pai, éramos livres para expressar nossa cultura sem que ninguém soubesse. Pelo ou menos era o que achávamos. Ficávamos mais próximos a cada dia que passava, fazíamos sempre a mesma coisa e nunca nos cansávamos, pelo contrário, ficava tudo bem mais interessante e ele me despertava coisas estranhas e inexplicáveis. Uma euforia.

Homossexualidade era algo abominável, considerado como doença e até um crime. Muitas pessoas em vários países foram presas e até tiveram que cumprir pena de morte, enquanto outras se refugiavam.
Percebemos que havia algo estranho entre a gente e passamos a pesquisar sobre isso nos livros que havia em seu porão, acabamos descobrindo que estávamos apaixonados. Hiroko e eu nos aproximamos mais e fazíamos coisas de casais. Nós sabíamos que tudo aquilo era errado, contudo o que sentíamos era algo muito maior e nada poderia ser capaz de livrar isso. Na verdade, muitos tentaram, contudo, suas chantagens não me foram convincentes.

A última vez que o vi, ele estava com o casaco que eu o havia dado e sua boina favorita. Meus olhos se encheram de lágrimas, pois eu o conhecia bem e sabia da sua inocência, enquanto eu corria para abraça-lo na tentativa de protege-lo dos soldados que vinham em sua direção.

— Eu pensei que estivesse em um serviço importante, o que faz aqui? — eu senti o tom de felicidade em sua voz.

— Nada no mundo é mais importante do que você. — disse eu, lutando contra a voz de choro que estava presa em minha garganta.

— Você está chorando, Jeongguk? — me empurrou lentamente para poder encarar minha face. — O que houve? Nunca te vi chorar.

— Eu quero te encontrar na minha próxima vida. Quero nascer em uma época diferente, onde as pessoas nos aceites. Eu prometo te encontrar. Me promete isso?

— Por que tá agindo assim? — Kim segurou minhas mãos, tentando me acalmar com tal ato.

— Droga, Hiroko, promete!

— Eu prometo. — percebi o medo em seu olhar, nunca havia o chamado por seu nome japonês e nunca usei aquele tom de voz. Quando se tratava dele, eu conseguia demonstrar o meu lado mais doce e somente ele podia ter essa versão de mim. — M-mas está tudo bem? Você nunca me chamou assim... — indagou.

Balancei a cabeça, me desabando por completo, um choro cheio de soluços. Minhas mãos tremulas, meu coração batia aceleradamente e a cada batida parecia uma facada. Maldição, por que a gente? Por que temos que fugir por coisas tão fúteis?

— Yoshi... — sua voz rouca de preocupação, suas mãos se tornaram frias e aquilo me machucou, o toque do mais velho sempre fora tão quente e confortável.

— Eu preciso que você fuja, Taehyung. Vá para bem longe daqui. — ao escutar o freio rugido do comboio, pedi desesperadamente.

— Você não devia estar aqui, sargento. Seu pai o convocou mais cedo para a base, deveria estar lá— disse um soldado ao se aproximar de onde estávamos.

— Podem me dizer o porquê da visita? — perguntei inocentemente, contudo eu sabia do que se tratava e sabia que os enviara.

— Hiroto Murakami, você está sendo convocado para comparecer no quartel. — Naquele momento percebi o medo em sua voz, mesmo que eu agisse em defesa, sabia que sendo uma ordem de meu pai os outros fardados reagiriam.

— Pode nos dizer o motivo, soldado? — coloquei-me em posição a sua frente, mantendo a mão em minha arma. Como esperado, os outros se aproximaram com suas armas em mãos, apontando-as para mim e para Taehyung, este que se encontrava perdido com toda a situação.

‒ Temos ordem para matar se reagirem. ‒ Engoliu em seco. ‒ Por favor, cooperem.

Eu sabia que de qualquer maneira esse era nosso destino, a separação e a morte. Era frustrante saber que milhares pessoas morreram por ser quem eram de verdade e, infelizmente, eu nunca pude fazer nada. Me voltei para Taehyung e caminhei em sua direção,  ele estava tremulo e provavelmente havia entendido a situação.

‒ Nós precisamos ir com eles. ‒ disse, abaixando a cabeça como se estivesse deixando claro que havia perdido.

‒ Vamos morrer por sermos nós mesmos? ‒ suspirou em negação.

‒ Vamos morrer se continuarmos parados aqui.

‒ Pelo o amor de Deus! Você, mais do que ninguém, sabe que nós... eu morrerei de qualquer maneira. ‒ nunca o escutei falando neste tom, era mais sério que o normal e bem longe da pessoa calma e dócil que costumava a ser. Era um fato, se fossemos para o quartel, o destino seria morte de qualquer maneira.

‒ Onde você for, eu irei. Onde você estiver, eu estarei. Seja aqui, seja na outra vida. ‒ foi a única coisa que consegui dizer.

‒ Jeongguk... ‒ murmurou, abaixando sua cabeça e rendendo-se as lagrimas.

Do outro lado da rua, atrás de Taehyung, havia uma ponte que dava acesso ao rio principal da cidade, meus olhos vagaram lentamente até lá e voltaram-se para os soldados que estavam à minha direita. Céus, eu só podia estar louco.

‒ Você concorda que não temos saída? ‒ perguntei.
‒ Sabemos muito bem o que aconteceu com pessoas como nós. ‒ me encarou no olhos, aproveitei para guiar seu olhar até a ponte e logo se voltou para mim, concordando. ‒ Eu te amo, Jeon Jeongguk. Ter você comigo será o melhor final da minha vida.

‒ Você foi o risco mais lindo que eu já corri. Eu te amo, Kim Taehyung. ‒ minha mão foi de encontro com seu rosto, fazendo-o ficar mais próximo do meu e nossas testas se juntarem. Aproximei minha boca da sua, beijando-o desesperadamente, um beijo necessitado, de uma maneira que eu jamais havia feito. Os múrmuros só aumentavam e a este ponto, os soldados já tinham suas armas apontadas para nós.

Ao fim do ósculo, segurei a mão de Hiroko e esperei seu sinal. Quando este veio corremos e pulamos, de mãos dadas, da ponte. Debaixo d'água permanecemos de mãos dadas, sua outra mão pousou sobre meu rosto e deixando um carinho ali e apenas o recebi de olhos fechados. Mesmo morrendo Taehyung se importou em demonstrar amor. Senti sua mão apertar forte e de repente se soltar enquanto eu afundava e tudo se tornava escuro.

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⏰ Última atualização: Mar 03 ⏰

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Beautiful Moon {KTH+JJK Taekook}Onde histórias criam vida. Descubra agora