Clamando por ajuda

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Um clarão de um raio cortando o céu, juntamente com um poderoso rugido de um trovão foram os responsáveis por me trazer de volta a realidade. O meu mundo parou quando vi o estado em que Jiraiya se encontrava, todo ensanguentado e com estranhas estacas negras fincadas em suas costas e em seus cabelos, rasgando sua carne profundamente. Suas vestes estavam rasgadas, os cabelos embaraçados e sujos de lama e de sangue, assim como seus pés descalços, livres daquele seu par de sandálias vermelhas que ele adorava usar.

Reparei que os sapos do monte Myoboku, mesmo não sendo profundos conhecedores de técnicas medicinais, se preocuparam em cobrir o corpo de meu amigo com um tipo de musgo verde claro, mantendo-o aquecido contra o frio da noite lá fora. Realmente Fukasaku e Shima tinham um carinho enorme por Jiraiya que, para ambos, era como um netinho rebelde.

Controlei o desespero em ver meu querido naquela situação e já fui logo invocando Katsuyu para que pudesse me auxiliar a fazer os primeiros socorros nele. Normalmente, com o chakra de Katsuyu, eu conseguia estabilizar pacientes feridos gravemente mas, no caso de Jiraiya, aquelas estacas negras pareciam estar sugando o mero resquício de vida que ainda habitava seu corpo então, nem perdi tempo, já ativei meu selo Byakugou, deixando as faixas negras se enrolarem por meu corpo, focando todo meu poder em minhas mãos para remover aquelas coisas.

Após meia hora de extrema concentração, todas as estacas foram enfim removidas de Jiraiya e agora eu, com minhas lesmas, nos esforçavamos para fechar aquelas feridas profundas nas costas dele, recuperando também uma parte do estômago e do pulmão que foram dilacerados pelas estacas. Para minha surpresa, a garganta de meu amigo também foi trucidada por uma força brutal, do qual rasgou suas cordas vocais, o impedindo assim de falar.

Meu chakra já estava no limite e o suor já ensopava meu haori verde, que agora jazia no chão pois, ao usar meus jutsus curativos, aquela sala parecia virar uma amostra do próprio inferno. Os músculos vitais já estavam todos recuperados, fazendo assim Jiraiya não correr risco de vida mas, só de me imaginar vivendo sem ouvir aquela voz grave e animada dele, já sentia a tristeza dominar meu coração. Sendo assim, me muni de uma última quantidade de chakra e usei todas as minhas forças para reestruturar os músculos das cordas vocais dele. Shima e Fukasaku, já me vendo ofegante e fraca por estar gastando minha última gota de chakra para deixar Jiraiya livre da morte, me emprestaram um pouco de seu poder, permitindo assim curar por completo os músculos da garganta dele.

Katsuyu desapareceu numa nuvem de fumaça e eu agradeci mentalemnte a ela pois, sem a ajuda da princesa da floresta Shikkotsu, eu não seria capaz de salvar meu amigo. Eu estava exausta, sem chakra e sentindo cada vez mais a minha juventude se esvair de meu corpo, dando lugar aquela aparência caquética que eu tinha sem o selo do Byakugou. Antes de desmaiar completamente e ser amparada por Shima e Fukasaku, deitei minha cabeça no peitoral de meu amigo e, só de ouvir aquele fraco, porém presente, "Tum tum" das batidas de seu coração, um sorriso brotou de meus lábios enrugados e a escuridão me envolveu num desmaio da fraqueza que sentia.

Eu não fazia ideia do quanto tempo fiquei desmaiada pois, da última vez que gastei tanto chakra assim foram anos atrás, durante a Terceira Grande Guerra, enquanto tentava salvar em vão meu amado Dan. Abri meus olhos vagarosamente, fitando aquela luminosidade ofuscante e o teto branco que eu já conhecia muito bem devido aos longos anos que trabalhei ali: eu estava em uma das macas do Hospital de Konoha. Olhei para as minhas mãos e vi a pele de jovem as recobrindo, sinal de que meu Byakugou tinha voltado por completo.

Assim que percebi o meu selo novamente em minha testa, minha mente foi logo se lembrando de Jiraiya e do complicado procedimento de remover as estacas e de reestruturar os músculos de seus órgãos dilacerados. Lembrei também das batidas ritmadas de seu coração, bastante sôfregas, que pareciam querer parar a qualquer momento, mas como se fossem a pequena chama de uma vela, estavam presentes, lutando para mantê-lo vivo. Eu precisava levantar daquela cama e ver como meu amigo estava!

Até o último minuto (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora