Uma boa Aliança

A Aliança

Conclusão: A Aliança.

(...)

Alguns dias depois...

[...]

Agora sim, tudo estava perfeito. Aquela agitação dentro do meu peito não era mais incômoda, pelo contrário, era o mais puro êxtase, o tipo mais infindável de felicidade. Meu Deus! Estava empolgadíssima.

— Vai querer um penteado diferente?

Perguntou a mesma cabeleireira, que descobri se chamar Sarah. Olhei mais uma vez cada um dos penteados, dessa vez olhando de verdade e não fazendo um sorteio mental. Resolvi que seria espontânea.

Ignorando as opções que eu tinha ali, virei-me para ela, deixando um sorriso ladino escapar:

— Você acha que consegue me arrumar apenas com o cabelo solto? — disse em tom de provocação — Se quiser cortar, o faça, mas quero ele solto.

Ela sorriu, aceitando a proposta como um desafio, logo indo buscar a tesoura e todo tipo de produto. A maquiadora entrou em cena animadíssima, como se ela fosse minha amiga de longa data, alegre simplesmente por eu estar feliz.

Porém, ela nem sequer me ofereceu escolhas, disse apenas:

— Farei algo que você vai amar! Confie em mim.

Concordei com Ester, aprendi que aquela mulher simpática sabia o que fazia. Agora só resta esperar. E diferentemente da última vez, o tempo parecia andar arrastado, amplificando minha ansiedade. Era sempre assim, quando eu queria que o tempo passasse rápido, ele demorava, e o contrário também era válido.

Eu me sentia uma piada.

Mas não deixei que nada me abalasse, era meu casamento ali, e agora eu estava pronta.

Comecei a cantarolar baixinho uma canção infantil, tentando manter a calma. Ouvia o ruído baixo da tesoura cortando meu cabelo, mas afora isso e minha voz, nada mais era ouvido.

Vez ou outra tentava abrir os olhos para dar uma espiada em como tudo estava ficando, mas era logo repreendida com o olhar severo de Ester. Aquietei-me na cadeira.

Deixei que o tempo fluísse como bem entendesse, não tinha mais tanta importância, logo estaria no altar com meu noivo, selando com ele, o que descobri agora ser, uma boa aliança.

Ainda de olhos fechados pude visualizar seu sorriso, o cheiro e a música ao fundo, deixando tudo ainda mais encantador. Sorrio involuntariamente, como tudo mudou tão rápido?

Todos os ângulos, expectativas, anseios, humores, sentimentos, se tornaram tão diferentes.

De uma forma tão boa!

Estava um pouquinho receosa, mas nada realmente relevante, sentia que com ele eu alcançava a verdadeira paz. Novamente, a harpa tocou, dando início a cerimônia. E eu não estava pronta.

Respiro fundo, uma, duas vezes, sentindo Sarah e Ester se distanciarem pouco a pouco enquanto deslumbravam o provável reboque em minha face. Será que eu estava irreconhecível?

Abri meus olhos lentamente, encarando perplexa meu reflexo no espelho. Não era exagerado, o oposto disso, era delicado, ressaltando cada traço do meu rosto com serenidade, como se eu sempre tivesse tido aquele rostinho lindo.

Ela conseguiu disfarçar minhas imperfeições e destacar o melhor ali. Uau.

Mas o mais surpreendente era meu cabelo.

Estava no mínimo um palmo mais curto, pouco acima de meus ombros. Cada cacho do cabelo castanho-avermelhado também foi valorizado, como se Sarah tivesse moldado cada um deles levemente, fazendo parecer natural. E estava tão cheiroso, hidratado. Me senti uma verdadeira princesa.