「01」

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"Hotel Orlando"

Acordo com os fracos raios solares a passarem pelas belas cortinas do quarto, que provavelmente seria de um motel. 

Sem me mexer olhei bem o espaço ao meu redor e noto que aquele sítio era realmente chique. Algo que, com certeza, não fui eu que aluguei. Estou desempregada e moro com a minha melhor amiga. Tento arranjar emprego mas como não acabei a minha faculdade sou sempre recusada. Para apagar as minhas mágoas acabo sempre indo para festas, na expectativa de esquecer a realidade por umas horas. Acabo por fazer coisas imprudentes como beber demais ou ingerir substâncias e, em maioria dos casos, acabo por levar alguém para casa comigo.  

Não me lembro muito bem do que se passou na noite passada mas neste momento estou a lidar com as consequências disso. A minha cabeça doí, mal sinto as minhas pernas e os meus olhos estão meios inchados e a arder, principalmente agora em contacto com o sol. 

Fecho os meus olhos e volto-me de costas para a janela e encontro uma figura a vestir-se, era um homem, muito atraente por sinal. Não pude deixar de admirar o seu físico, ele não era muito alto e seus músculos eram bem visíveis. Mesmo estando seminu sentia que era um homem de poder, mas mesmo assim não desviei o meu olhar dele.

Ele reparou que o estava a observar e dá-me apenas um olhar de canto e acaba por se vestir.

Entendi logo pelo seu olhar que ele não quer conversa. Não é a primeira vez que isto acontece, pelo contrário, acontece em maioria das vezes. 

Não liguei, não estou à procura de uma relação, mas sim de um emprego.

Deito as minhas costas nuas no colchão macio da cama e noto que estou sem roupa. Pensei em ficar à espera que o homem saísse, mas não havia aqui nada de que o homem não havia já visto então levantei-me. Em passos lentos vou apanhando as minhas peças de roupa que estavam espalhadas pelo tapete cinzento que revestia maior parte do quarto sem deixar ver os mosaicos de mármore brancos. 

Sinto os olhos do homem cravados em mim. Sento-me na cama e visto as minhas roupas intimas e olho nos olhos do homem enquanto ele apertava a sua camisa. Reparei que seu olhar deslisava nas curvas do meu corpo como se não quisesse esquecer este momento e eu olho-o de volta com a mesma intenção.

Quando acabei de vestir as peças peguei no meu vestido, vesti-o rapidamente e dirigi-me para a casa de banho para me arrumar, poderia perfeitamente tomar banho quando chegasse a casa. A casa de banho era maior do que o quarto onde fiquei na faculdade. As paredes eram revestidas por uns mosaicos de granito preto, a banheira tinha por fora peças de mármore pretas também, á volta da banheira tinha um vidro cujas bordas eram douradas. Não me espantaria se fossem de ouro. O resto da casa de banho era simples, com móveis pretos revestidos pela substância dourada. 

Cheguei até à pia e olhei bem no meu reflexo, me achando ridícula mais uma vez. 

Lavei bem a minha cara, tentando afastar esses pensamentos, fazendo com que o que sobrava da minha base sair, mostrando bem a marca das minhas olheiras e o meu olhar cansado. Não me apetecia escovar o meu cabelo então apenas o apertei atrás fazendo um coque desarrumado.

Saí da casa de banho e encontrei o homem já arrumado na porta do quarto. Não pensei que esperaria por mim, o seu olhar de abocado deu-me a entender outra ideia completamente diferente.

Peguei nos meus sapatos e dirigi-me até à porta junto dele e parei na sua frente.

— Não precisa tomar a pílula do dia seguinte, eu usei proteção. — Olho em seus olhos que me olhavam friamente e aceno levemente com a minha cabeça. — Eu já paguei o quarto, portanto não se preocupe. E esqueça esta noite. Não vá por aí gabar-se com as suas amigas que dormiu comigo, não preciso de outro escândalo. — Ele diz fechando os seus olhos parecendo cansado. 

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