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Entrei por aquela porta que ja estava acostumada, reconhecendo algumas pessoas conhecidas e acenando para elas, junto com um sorriso mínimo. 

Me direcionei ao armário — cheio de adesivos de anime — e peguei o livro de exatas, o colocando na mochila, e antes que pudesse esperar algo (lê-se alguém) fechou o armário com rapidez e força, me pegando pelo ombro e me jogando contra o armário sem muita força. 

— Bom dia — senti o bile subir até a minha garganta, só de ouvir aquela voz que um dia me fizera feliz. Abri os olhos e ali estava ele, com aquele sorriso cínico de sempre, e os amigos é claro, atrás rindo e me observando com um sorriso maldoso. 

— Dianjia saia daqui, por favor — o garoto desobedeceu, porque ousou aproximar mais ainda do meu rosto, e aqueles braços me encurralavam entre seu corpo e os armários, o que me fazia sentir mais suja e pior do que estava. 

— Ah qual é, vamos conversar, hm? — olhei nos fundos de seus olhos, e assim que seus dedos tocaram meu queixo, como um impulso ou instinto, chutei onde nenhum homem gostaria de ser chutado. 

Vi seu rosto, que antes exalava ironia, se contrair de dor, assim o assisti cair próximo aos meus pés, encolhido. 

— Se não quiserem ganhar um desse, podem pegar esse cara e sairem daqui — olhou para os dois 'comparsas', que ajudaram o garoto a levantar enquanto a outra se distanciava. 

Virei um corredor e permiti-me encolher contra meu próprio corpo, sentindo-me mal suficiente apenas pela aproximação dele, iria chorar se não fosse por... 

— Hey, bom dia — olhei para Xinlong e Zihao, encostados na parede também. Meu lábio inferior tremeu, de tristeza? Ansiedade? Talvez só pelo alívio de vê-los ali. 

Corri até os dois e me espremi até caber entre os dois ainda abraçando meu corpo, ali pelo menos não havia perigo algum. Pelo menos eu me sentia assim. 

— Bom dia — disse calma aos dois. 

— O que rolou? — questionou Zihao abraçando meus ombros, o que me fez estremecer momentaneamente, ainda com medo de qualquer toque. 

— Nada que possa expressar em palavras já que vocês já sabem — disse dando de ombros, agora mais relaxada. 

— Qual é, deixa a gente bater nesse maluco — disse Xinlong, puto o suficiente com toda a situação. 

— Eu sei que são capazes, mas não quero que se machuquem — disse com um biquinho e Zihao apertou minha bochecha antes do sinal soar pela escola, e de repente uma movimentação grande nos corredores começar para irmos para as salas. 

[...] 

— A diretora está chamando a senhorita, ____ — Suspirei sentindo a sala toda me observar com a fala do professor, então me levantei olhei para Xinlong que me encarava também.

— Ele não aguenta apanhar calado — silibou o menino para mim e eu sorri com ironia junto a ele, em silêncio, antes de sair da sala e caminhar para a sala da mulher loira que administrava a escola. 

— Bem... Fiquei sabendo do que fez hoje mais cedo — apontou com o queixo para Dianjia no canto de sua sala olhando distraidamente para os quadros na parede, enquanto estava sentada na cadeira em frente a sua mesa. 

— Acontece com os piores garotos senhora, eles tentam fazer algo comigo ou com alguém que eu gosto e isso acontece — dei de ombros olhando a decoração de sua mesa.

— Presumo que atoa você não bateu no garoto Dianjia — ela tirou os óculos, colocando-os em cima de uma pilha de papéis a sua frente. — Os seus últimos problemas... Sempre com Dianjia ou Minghao. Algum motivo específico? 

— Sim — respondi sem hesitar — assédio e bullying. — ela continuava a me encarar sem reação. 

— Conte-me detalhes. — ela me perguntou, seu queixo de apoiou nas duas mãos cruzadas. Desviei o olhar para minhas mãos sobre minhas coxas. 

— Ele me empurrou contra o armário e me prendeu lá, isso fez me sentir desconfortável, além de aproximar muito de meu rosto, como se tivesse alguma intenção, sei que tinha porque temos conflitos internos relacionado a isso... Agora... Bullying. — a olhei novamente — olhe naquelas câmeras que vocês instalaram nos corredores, tudo isso é suficiente pra provar que apenas eu não sou vítima dele. — a unha de meu dedão pressionou contra a palma, eu queria correr, gritar, sentia meu peito doer por falta de ar. 

— Certo... Pode voltar à sala de aula. — lancei um olhar confuso a ela — não tolero violência, mas entendo o seu caso, fora legítima defesa. 

Agradeci mil vezes a diretora, fazendo-a que quase ficasse enjoada da minha voz pedindo desculpas pelo incômodo e agradecendo. Saí de lá e coloquei a mão na boca, deixando que algumas lágrimas de alívio corressem por minha bochecha e acertassem meus dedos. 

Virei um corredor e me encostei em uma parede, respirando forte, o bile voltava à garganta novamente e meu peito parecia ser rasgada pelas garras de um demônio. O meu coração estava acelerado como se tivesse corrido uma maratona e me segurava pra não soltar nenhum barulho que arremetesse ao choro. E ao mesmo tempo rezava pra que ninguém me visse ali no meu momento de fraqueza. De novo não, por favor.

—Você está bem? — Mas você me viu ali. Dei um pulinho de susto e te olhei, e não pude simplesmente desviar o olhar, porque de verdade, você era lindo. Fiquei te olhando até sair de transe e piscar três vezes para realmente retornar a realidade. 

— Sim, eu... Tô bem, obrigada — nesse estado ninguém acredita que está bem, pensei comigo mesma secando os olhos molhados — Eu só... Me perdoe por favor, eu não queria te preocupar — enxuguei meu próprio rosto com a barra da camiseta e quando levantei o olhar você estava com uma garrafa d'água na mão, com a tampa em outra mão. 

— Pode beber um gole se quiser, às vezes pode ajudar — e eu não tive reação. Fiquei te olhando, olhando, olhando... E eu não encontrava um sinal de maldade em você. Era puro, tão puro e inocente que eu poderia chorar apenas se olhasse mais um segundo pro seu rosto com a pele tão branquinha e os cabelos negros como a noite.

— Obrigada — disse em um fio de voz e bebi dois goles grandes, devolvendo à ele a garrafa, quando o sinal tocou e você se despediu de mim, e eu de você. 

Observei aquela alma tão bonita e pura indo embora e se misturando com alunos que saíam das salas pouco a pouco, por um segundo eu quis te seguir, e provar mais dessa aura tão calma que exalava. 

Vi a única pessoa daquela escola que vira minha fraqueza fora meus amigos — porque sempre tive a imagem de uma pessoa forte e que não se abala com nada, mas era medrosa, ansiosa e chorava por quase tudo devido a traumas — indo embora, e queria te conhecer mais, até porque não é todo dia que alguém se importa com você desse jeito, muito menos nos piores momentos, ainda mais se for um estranho. 

🐝

sim everlong está em processo de escrita, não estava satisfeita e dps da insistência de uma certa criaturinha que me apoiou dms decidi reescrever e postar, obg ana

aproveitem, se nao gostar enviem o processo no meu e-mail Sz

Everlong ¦ Jia Hanyu Onde histórias criam vida. Descubra agora