Capítulo Um

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                             TATE



Mal passará das nove da manhã, e eu já estava em frangalhos. O ardiloso sol de inverno tentou, sem sucesso, sangrar entre as nuvens que pairavam a cima das montanhas cobertas por uma fina camada de neve, uma breve visão do que estava se tornando minha vida. Uma grande bola de neve.
Já estava nevando quando eu saí ao alvorecer, arrastando duas malas de carrinho enquanto tentava respirar no ritmo certo; o que fora bem difícil, confesso. Kate no entanto, adorou minha separação, me arrastou para uma longa conversa calorosamente coberta de xingamentos e noitadas das garotas Collins.
Ela é uma boa irmã, mas é péssima em divide quarto; quando tínhamos 12 anos, saímos aos tapas porque Kate me derrubou da beliche enquanto dormimos juntas, mamãe ficou curiosa porque teve que me levar ao dentista, fiquei dois meses sem sorrir nas fotos.
_ Você sabe que que será quase impossível achar algum quarto para alugar, estamos no inverno, em tempos assim é complicado- Ela resmunga terminando de colocar suas louças na lavadora, novamente ignoro a possibilidade de ficar aqui, e continuo procurando por sites de venda e aluga-se.
Durante  os intervalos do trabalho, eu ainda dava uma espiada nos anúncios, cheguei até cogitar alugar uma kitnet, más para ser sincera, não era uma coisa boa de se pensar para uma pessoa sozinha, ainda más aqui em Vermont. Então os dias se passaram rápido demais, e com ele minha preocupação era mais visível, no trabalho ainda acham que estou sofrendo de amor; como se a vida fosse apenas gostar, amar e sofrer.
E quando eu estava desistindo e aceitando meu terrível fim, achei um anúncio nos jornais; quem ainda lê jornais, hum?!
_”Aluga-se quarto para uma pessoa organizada e equilibrada, e que saiba ficar calado(a) com o que não é de sua conta.”- Resmungo achando engraçado, é a propaganda mas desanimadora que eu já vira na vida, o que me faz me interessar um pouco mas. Decido ligar então, em poucas palavras, conversei com um rapaz simpático, e claro que ele não era meu futuro colega de quarto.
Pelo o que eu havia entendido, ele é bem reservado e mal fica em casa. Então possivelmente não o verei muito perambulando pela casa. Nosso encontro ficou para depois do trabalho, então tratei de fazer tudo as pressas; averiguei as documentações de novos criadores, dei escrevi anotações interessantes sobre tais livros, e marquei uma reunião par amanhã sobre a capa terrível que estavam prestes a lançarem no mercado.
Uma Tate cansada e animada, adentra em um apartamento lindo as 17:30. Mentalmente eu já estava esperando sair baratas por todo canto da casa, mas pelo o que parecia, ele era uma pessoa limpa e arrumada de fato.
_Ele costuma estar em casa bela manhã, e a noite sempre procura estar entretido no trabalho. Então a partir das 16h a casa é completamente sua.- Perfeito demais para uma pessoa tão azarada como eu, mas não posso reclamar no momento com Deus, afinal realmente era perfeito para mim.
_Otimo, trabalho o dia todo, então talvez iremos nos dar bem.
_O’connor é bem chato quando o assunto é organização, então tente não mexer em nada ou bagunçar as coisas, é apenas um conselho de amigo.- Ele sorri sutilmente, me entrega o contrato e pedi para eu ler atentamente, mas sinceramente não consegui prestar atenção naquelas letrinhas pequenas, então olhei por cima, e assinei meu nome.
Cacete, eu tinha conseguido uma casa!



                             DANTE



O sol de inverno brilhava calorosamente ao entardecer. Enquanto virava o copo de Rum na boca, Leon fofocava em como minha nova colega era bonita, e o quanto era parecia desesperada por um lugar para morar.
Novamente volto para minha bebida, preocupado com o que me esperará por esses dias. Várias papeladas para separar, fora o óbito de meu pai, que era meu dever, guardar qualquer coisa que seja dele, por ser o filho libertino primogênito.

_Quando ela irá poder se mudar afinal?- murmura Leon, jogando sua jaqueta na cadeira e se sentando logo em seguida.
_Quando ela desejar, desde que eu não faça parte de sua bagunça.
_E você irá ajudá-la, pelo menos?
_Infelizmente não poderei, você sabe o quanto tenho que correr para deixar tudo certo para Taylor.
_ Você sempre está fazendo aquilo que seu irmão sempre quer...-
_Faço qualquer coisa para que ele esqueça que faço parte da família.  -Corto sua fala, para encerrar nosso assunto. Falar de meu passado, que infelizmente está se tornando meu presente- me faz perder a cabeça rápido demais. Lembrar do meu legado, me faz querer sair porta a fora e correr até meus pés sangrarem. Então apenas não falo, e evito a todo custo pensar.
_Tudo bem, irei informar para sua nova colega, que você não poderá ajuda-la. Estou liberado para fazer isso por você?- Ele me pergunta de cara fechada, o que me fez ficar ainda mais estressado.
_Você pode fazer o que quiser.- murmuro finalizando nossa conversa, lhe dou as costas e volto a beber o Rum, encarando a janela de dois metros em minha frente, observando a neve descer suavemente para se deitar sobre os telhados dos prédios .
Lembrei-me do tempo em que tudo em minha vida era fácil. Claro, com muito esforço no trabalho, para ter o que comer em casa, mas ainda sim era a minha vida de fato, não essa merda toda. Leon me oferece gelo, como se quisesse se desculpar por falar o óbvio para mim, aceito de bom grado e novamente ele acaba voltando no assunto da minha colega, explicando com o que ela trabalha e os horários em que ela irá está na casa. Não que eu não quisesse conhece-la de fato; más passo a possibilidade de esbarrar em alguém que queira se interessar em saber da minha vida.
Afirmo que irei estar em casa às 8h como sempre e término nossa conversa, puxando meu casaco carmim e saindo do prédio.




Às três da manhã, estou comendo Morgan na escada da boate.
Ultimamente estou sem opção pra casos aleatórios, então acabo pegando ela, quando estou entediado. A boate de Taylor está uma droga como sempre; putas nuas rebolando em caras que possivelmente são casados, conversas forçadas pra negociar sobre tráfico, ou brigas aleatórias, com o intuito apenas de descontar sua raiva em alguém.
_Ta tão distante, gatinho.- Ela ajeita o vestido curto.
_Estou do seu lado, queria Morgan- Murmuro empurrando sua bunda de cima de mim, e me levantando.
Morgan é um abutre. Com quem não se deve ter nada sério, e não contar sobre sua vida ou o que você faz dela, garotas como ela eu sempre pego para usar, porque é apenas o que elas querem.
Não sou tão cretino ao ponto de zombar do amor. Aliás eu o admiro por ser tão raro para alguns. Mas para outros, são pretexto para irem aqui, e comer a primeira puta que soltar beijinhos para ele.
_Seu irmão me disse que precisava de você, depois que terminassem os nossa brincadeira- Ela arrasta a unha vermelha em meu blazer. Um ato tão simples, que me trás um nojo repugnante sobre ela. Apenas dou tapinhas em sua bunda e saiu para o escritório.
_Precisamos conversar. Ele se apressa em dizer. Caminho para meu assento para acender meu charuto Dexter, e apenas relaxo, fazendo movimento para que ele continue falando.

_Preciso de sua ajuda com os negócios da família.

E assim o inferno chega na terra com força total. Porra.

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⏰ Última atualização: May 19, 2021 ⏰

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