— Número treze, Jeon Jungkook, você foi o único a não entregar a carta para o meu pai.
O garoto sabia, não precisava repetir aquilo tantas vezes no dia. A culpa era sua se não sabia como dizer pro Papai Noel que queria o filho dele como presente? Poxa.
Ele era só um doende que passava o dia todo embrulhando presentes para crianças que eram teimosas o ano todo, e quando chegava no mês de dezembro, fingiam obediência. Já teria desistido disso se não fosse Jimin, aquele filhinho de papai que andava por toda a empresa com o nariz empinado.
— Hyung, já é a décima vez que você me diz isso! — exclamou, tão irritado que acabou derrubando os rolos de papel presente que havia ido pegar.
Estavam no armazém, onde os embrulhos e outros matérias ficavam, era um espaço grande. Jimin estava em seu encalço desde manhã, quando fora tomar café no refeitório. Era óbvio que gostava da presença do mais velho, mas não quando era repreendido na frente de todos os outros doendes. Já era zoado por ser o único doende que seguia a tradição e usava a roupinha verde que sua vovó havia costurado, não precisava de mais um motivo para ir comer sozinho, em uma mesa isolada, como vinha fazendo desde o primeiro dia que começou a trabalhar.
— Mesmo assim você não entregou a carta ainda, número treze.
Seu coraçãozinho doía toda vez que ele o chamava assim. Os doentes do setor de preparação dos presentes recebiam um número assim que começam na empresa, apenas por questão de organização dos arquivos. Ninguém além de Jimin o chamava assim, cada vez que ouvia tais palavras se sentia mais insignificante.
Sentiu a ponta de suas orelhas coçarem, acontecia toda vez que era magoado. Não disse nada, abaixando-se para pegar o que tinha deixado cair. Nesse mesmo momento a porta atrás de si abriu em um baque forte, o impacto com suas costas o fez desequilibrar, caindo por cima dos rolos. Sua bochecha ardeu no mesmo momento.
— Jungkook! — reconheceu a pessoa pelo tom grave. — Meu docinho, me perdoe, por favor. Eu não te vi.
Sentou no chão, com a ajuda de Yoongi. Sorriu para o amigo, tentando dizer que estava tudo bem. Se assustou quando sentiu algo molhado passar por sua pele, quando percebeu que era a língua do Min, sorriu, aceitando o cuidado. Em instantes sua bochecha não latejava mais.
— Não precisava disso, hyungie.
— Se tenho um dom, tenho que usar, certo?
Saliva de doende curava, e Yoongi sempre usava com ele, até mesmo quando era uma coisa simples como aquela. Ele o ajudou a levantar, encarando algo atrás do menino duramente. Jimin passou por eles, sem nem mesmo o cumprimentar. Jungkook não estranhou, já acostumado com toda a indiferença.
A luz da salinha estava fraca, todos estavam dormindo, foi o único a ficar até tarde organizando os presentes. Era dia vinte e três, estava tudo em cima da hora. Cansado e com o corpo, fechou os olhos, alongando os braços, escutando brevemente os ossos estralarem. De repente, passos atrás das estantes lhe chamou a atenção. Pensou ser outro doende, mas mesmo assim perguntou quem era.
— Não deveria estar aqui. — a voz soou atrás de si, perto de sua nuca. Fora inevitável não arfar de surpresa e por razão dos arrepios.
— Eu que fecho essas salas, posso ficar o quanto quiser. — justifiquou, mesmo sabendo que não precisava.
— Jeon Jungkook, o doende mais trabalhador de todos. — o mais novo não entendeu o que ele quis dizer com aquilo, porém se irritou com o que ouviu depois. — Eu preciso da sua carta, número treze.
Nem sabia que poderia se irritar tanto, já que sempre fora um menino calmo e tranquilo com tudo. Mas poxa, parecia que Jimin estava fazendo de tudo para o deixar fora de si. Virou-se para o homem, e juntou seu corpo ao dele, e céus, mesmo por cima de tantos tecidos conseguia sentir a temperatura do corpo de Jimin. Ele estava pegando fogo, e não sabia se aquilo era preocupante ou não.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querido Papai Noel | jjk+pjm
Fanfic"Eu era só um doende que passava o dia todo embrulhando presentes para crianças que eram teimosas o ano todo, e quando chegava no mês de dezembro, fingiam obediência. Já teria desistido disso se não fosse ele, aquele filhinho de papai que andava por...