Um gosto de vingança

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Lucca Martiero

Dias atuais...

Me sento fundo do salão de baile com meu copo de whisky na mão. Ao meu redor estão os maiores criminosos dos últimos tempos, mas só um me interessa. Se as pessoas dessa sala não estivessem tão com a cara em seus traseiros notariam nossa semelhança, começariam a se perguntar quem era o homem que se parecia tanto com o Capo da Família Trevizan. Mas não, eles estão submersos em bebida e em como se acham poderosos, mal sabem eles que isso está prestes a acabar.

No meio do salão um dos meus futuros alvos dança como uma bailarina, não posso negar sua beleza, puxou a mãe e a avó nesse aspecto, começo a ver por que meu irmão se deixou abater por sua mulher.

Nos últimos trinta minutos a vi passar de mão em mão, rodopiando pelo salão, sorriso no rosto, vestida para matar com um elegante vestido preto com pedrarias no mesmo tom e seu cabelo vermelho flamejante. Uma verdadeira vida de princesa.

Ao me lembrar por tudo que passei por causa deles, meus dentes rangem. No entanto, por um lado foi bom, eu subi ao topo, me tornei o predador que meu pai queria que eu fosse, que ele sabia que me tornaria. Foi uma subida difícil, ninguém nessa sala me reconheceu quando apareci, quem pensaria que um investidor bilionário das ilhas Maldivas, que estava a passeio pela toscana, era o menino magricela que teve que sair correndo para não morrer na mão do seu capo? Ninguém imaginou, nem mesmo ele.

Foi tão fácil entrar no círculo social deles, apenas precisei pagar para um trombadinha tentar sequestrar a esposa, aparecer como se no acaso e salvá-la de um destino cruel matando o sequestrador. Fácil, ganhei um convite para o baile da princesa Maria Valentina Trevizan, que nessa noite completa 18 anos.

— Você poderia tentar se enturmar, não é toda vez que uma pessoa vem para a Toscana, minha filha gostaria de dançar com você — uma voz fala atrás de mim, Dominic. — Na verdade, fico meio desconcertado, ela não para de falar sobre como você salvou minha mulher, ainda não tive a oportunidade de te agradecer — vem para a minha frente e estende a mão para mim — Dominic Trevizan, tenho uma dívida com você, o que precisar, pode me falar.

O que eu precisar? Que tal sua cabeça em uma bandeja?

Sorrio com esse pensamento e estendo a mão.

— Qualquer um no meu lugar teria feito a mesma coisa, então não precisa me agradecer e você não me deve nada — falo levando o copo a boca, tomo um gole e volto a olhar o salão — Vejo que ela está se divertindo, afinal você só faz 18 anos uma vez na vida, me lembro quando eu fiz essa idade, foi libertador.

Ele olha para mesma direção em que eu estava olhando e sorri ao ver sua filha, logo depois olha para a direção que está sua esposa com algumas mulheres.

— Confesso que algumas vezes me sinto mais velho do que já sou, essas duas um dia vão me matar — dá uma gargalhada estrondosa.

Fico surpreso, na época em que estive aqui nunca o vi com um mísero sorriso no rosto, agora ele não só sorriu como está conversando normalmente, sem formalidades e com alguém que ele mal conhece. Ou ele ficou mais descuidado do que parece ou está atuando por pensar que não sei o que ele é.

— Você ainda é novo, quantos anos tem, se me permite perguntar?

— Estou com 54, mas minha esposa fala que pareço o mesmo cara de 35 que ela conheceu — da risada — E você, quantos anos tem Martiero?

Foi estranho ouvir o sobrenome de Luke sair de sua boca, esperei ver reconhecimento em sua feição, dado o fato que ele queria me matar quando eu morava aqui, mas os vinte anos corridos deve ter feito sua memória falhar, sorri com isso. Apesar que não será tão bom abater um coelho ferido.

— Tenho 33 anos.

— Novo, qual o seu ramo de negócios?

—Trabalho com transportes, compra e venda de imóveis, artes… sou versátil — sorrio e tomo mais um gole da minha bebida.

O que eu queria dizer mesmo era: você sabe, transporto armas, escravos, drogas, compro e vendo obras de artes famosas e que nunca mais aparecerão para o público, porque alguém muito rico a queria só para ele.

— Eu trabalho com vinhos, minha família é a maior produtora deles na Itália — dá de ombros e fala — você sabe, dê uma massa e uma taça de vinho para um italiano e ele faz disso uma comemoração.

— Sim, eu sei, amo um bom vinho. — E como será sua cara ao saber que daqui a menos de cinco minutos três dos seus principais vinhedos estarão queimados?

— Minha esposa irá fazer um jantar beneficente amanhã, arrecadar fundos para uma obra que ela está fazendo no hospital local, uma ala totalmente especializada para o tratamento do câncer. Se quiser aparecer por lá — chama um homem no fundo do salão. Quando ele chega perto, fala algo baixo e o homem lhe entrega um papel, depois vai embora — esse é o convite, será um prazer recebê-lo.

— Claro, vou ver se consigo ir — olho para trás dele e fico rígido, sua filha está vindo em nossa direção.

— Oi, paizinho — chega abraçando-o e sorri para mim — Oi, você é o homem que salvou a mamãe, né? Prazer, me chamo Valentina, mas pode me chamar de Tina. — Fico surpreso quando ela vem me abraçar também.

— Tina, você está assustando nosso convidado — vejo que ele ficou sério, na verdade os seus olhos mostravam tudo, menos calma.

— Relaxa pai, foi só um abraço, acho que todo mundo deveria aprender a dar mais — seus olhos estavam pegando fogo, franzi a sobrancelha com isso, ela não se parecia mais com a menina de poucos minutos atrás, estava meio alterada, então descobri. Estava bêbada. Uma ideia me veio à mente com isso e resolvo encerrar a noite.

— Preciso ir, estou cansado da viagem — cumprimento os dois com um aceno de cabeça — amanhã estarei aqui. Boa noite, senhor e senhorita Trevizan.

— Venha mesmo, lindinho, eu estarei no leilão, que tal uma noite comigo? — soltou uma risadinha.

— Maria Valentina! — agora ele estava furioso, saí do local rapidamente, mas não sem antes ouvi-la falar.

— Papai, vocês estão me sufocando! Eu só quero ter uma noite normal, eu serei leiloada para um jantar e não para ir para cama, eu tenho 18 anos, poxa!

Sorrio e pego meu telefone ao sair da mansão, entro no meu carro e ligo para meu contato.

— Cancele os planos, tenho algo melhor do que queimar vinhedos.

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