Capítulo 1

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"Sentimos a dor, mas ignoramos sua ausência, mas como lembrar de algo que só nos traz desgraça e lamúria?"

Era um lugar intenso e banhado de luxúria, drogas, poluição, deboche e desgraça. Chamado por seus habitantes (nem um pouco agradáveis) de terra, existiam várias pessoas naquele lugar pessoas, até demais, todas com suas respectivas histórias, algumas com histórias clichês de amor com livros derrubados no corredor, alguns de brigas com o bad boy que todo mundo sabe que é gostoso, mas ela insiste em dizer que ele não é, até histórias bizarras de alguém que foi sequestrado e se apaixona pelo sequestrador, mas muitas histórias tristes demais. No final a história mais criticada era a daqueles conquistadores que roubaram o nosso ouro? Mas, fazer o que?! Não se pode voltar no tempo anjinhos, renascer em outro mundo até, porém não voltar ao passado.

Aquele planeta tinha um continente específico que possuía uma história singular, o tipo de lugar que você observa quando pequena e fala: "esse tem futuro, hein?", mas aí vem o povo e destrata suas raízes, sua natureza, seus direitos e até mesmo o que resta da própria vida. Sim, vocês estão lendo sobre o Brasil. Seus povos e matas de antes do "descobrimento" um lugar pacífico com cultura, tradições e sua própria hierarquia, um país vivo. E como se nada mudasse veio um dia um ser que diz ser superior e —pasmem— acaba com tudo e pelo que? Ora, ora! A resposta é tão óbvia quanto o seu amor unilateral por um personagem que nem existe; por ganância, por riquezas.

Sem mais enrolações vocês tiveram o azar de ter uma das minhas histórias hoje, ela é um tanto complicada, inclusive.

Azar de vocês, docinhos.

Nesse lindo país cheio de rios poluídos e desastres (nem um pouco) naturais, vive uma pequena mulher.

— Rosetta, vá ao caixa! — A gerente gritou ansiosa e vermelha como pimentão.

Apenas mais uma hora, só mais uma hora e mais alguns trens lotados. — Era o pensamento que rondava sua mente.

Rosetta da Costa Silva, um nome de nascimento não tão comum, porém característico e poderoso, apesar de ela não saber isso ainda.

Suas roupas velhas que tinham o costume de deixar sua pele irritada, coçando, talvez pelos pequenos buracos de traças que insistiam em deixar aquele tecido já desgastado ainda pior, mas olhando pelo lado bom elas escondiam a maior parte das cicatrizes, era o mínimo; sua pele negra brilhava com o suor do atual calor matinal mesmo que as mangas de sua camiseta estivessem dobradas. Ela apenas torcia para que o suor não criasse manchas nas axilas. Seus lábios estavam secos e odiosamente cheios de pele morta, os cachos escondidos em um coque medíocre começava a irritá-la. O que era raro, como quaisquer sentimentos diferentes da comum tristeza.

Ao chegar ao caixa notou a cliente com um pequeno vaso de flores silvestres roxas, ela sorriu por um momento, eram flores lindas e ao menos isso tinha o direito de achar. Sempre foi fascinada pela natureza. Pelo modo como os ventos soavam e como as pequenas borboletas batiam as asas, ou como as larvas ondulavam seus corpos para se movimentar, até mesmo o modo como os mais sinistros animais marinhos existem. Um suspiro baixinho escapou por seus lábios, pelo pequeno pensamento de ser bióloga, ou zoóloga, ou apenas rica, para poder ficar cuidando das plantinhas e dos meus animais, seu desejo era ter todos os que eram possíveis ter, cuidar deles e defender suas moradias como aqueles que podem ter voz deviam fazer. Mas não tinha dinheiro, nem tempo para vestibulares nem possuía a voz necessária para lutar por algo.

Ergueu o braço levemente para deixar que o leitor de códigos lesse a etiqueta da planta e seus olhos pousaram no reflexo iluminado da cicatriz em sua mão, em parte as lembranças tomavam cada centímetro do seu corpo, mas por outro lado ela se permitia de pensar que as piores cicatrizes estavam tão fundas que nunca viriam à tona realmente, apesar de tentarem e arrebatarem-na completamente com isso.

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2023 ⏰

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