Capítulo 1 - Carrie

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  • Dedicado a Kamillee Ferreira
                                    

Já passava da meia-noite, mas acabei ficando até mais tarde nos campos de val naquele dia. Muito mais tarde. Quando a sirene que indicava que deveríamos ir embora começou a tocar, me levantei, tirei a lama dos joelhos e corri para os portões , guiada pelo farol. Eram apenas cinco horas da tarde, mas desde um incidente do qual não sei muito, em 3074, Nisam têm eclipses todo fim de tarde, portanto, estava um breu. A chuva forte também não ajudava. Já trabalhei em três campos de val em meus 14 anos, o que é considerado muito, e o atual é com certeza o pior deles. Sujo e esburacado, o que fez Nathan, que estava bem na minha frente tropeçasse e caisse no chão. Ajudei ele a se levantar e continuei correndo, e já estava chegando perto das grandes muralhas de concreto que abrigam os portões quando percebi que Christine não me acompanhava.

-Christine? - perguntei a escuridão atrás de mim. Não obtive resposta. Se ela tivesse passado na minha frente eu teria percebido. Para ela ainda estar lá atrás, alguma coisa errada tinha de ter acontecido. Voltei correndo para o poço em que trabalhamos naquele dia, e pouco antes dele, uns 10 metros atrás do último posto de observação, vi Christine, caída no chão, com seus longos cabelos castanhos, que eu sempre falava para ela cortar, cobrindo seu rosto, e um pouco atrás dela sua máscara de gás. A máscara que em hipótese alguma poderíamos tirar enquanto estivermos em qualquer campo de val. Pelo nosso próprio bem. Val é o minério que sustenta nosso planeta. Depois dos principais recursos naturais acabarem, uma série de eventos se sucederam , que resultaram no val. Ninguém sabe exatamente que eventos. É uma espécie de "segredo" do governo. Mas então o val foi capaz de gerar a eletricidade necessária para resolver nossos problemas. Ou quase. Acontece que o ar dos locais onde o val está presente é extremamente tóxico. Uma pessoa normal não aguentaria nem sua pele em contato com o gás de val. Mas nós que trabalhamos nos campos já nascemos com uma pequena imunidade ao val. E simplesmente porque quando alguém percebeu que o val poderia ser a nossa salvação, as pessoas pararam de tentar exterminar o val, e criaram uma espécie de vacina, que começou a ser aplicada em todas as gestantes do hemisfério sul oeste, pois essa era e é até hoje a área com maior concentração de val. Os bebês cujas mães haviam tomado essa vacina, nasceram imunes ao val, e quando passam em um exame de aptdão, realizado todo ano, passam a trabalhar nos campos de val para recolhê-lo e mandá-lo ao hemisfério norte-leste. Eu sou uma dessas crianças modificas para serem imunes ao val, mas apesar de não queimarmos em contato com o gás de val, respirá-lo nos faz desmaiar. E se desmaiarmos e não saírmos antes dos portões serem fechados, ficaremos presos, e no dia seguintejá estaremos mortos, pois nem mesmo nós aguentamos tanto tempo inalando esse maldito gás. Era o que iria acontecer com Christine, e provavelmente comigo também se não conseguisse carregá-la até a saída antes dos portões serem fechados. E eles já iriam fechar. Fui até ela e a levantei. Era bem mais pesada do que parecia. Ela ainda estava respirando, o que era bom. Peguei sua máscara e coloquei nela, mas não iria adiantar muito coisa. Tentar acordá-la também não. Segui o mais rápido que pude até a saída, e quando estava chegando na metade do caminho, vi Nathan se aproximando. Junto com um guarda V.yler. E o pior de tudo: o chanceler.

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⏰ Última atualização: Mar 07, 2015 ⏰

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