Dois

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Três dias tinham se passado e não sei como o irmão da garota não reparou alguma vez na minha presença. Percebi que ele é meio ausentado, mas ainda assim eu não sou invisível e sou bem diferente de todos aqui, só pela minha cor de pele.

— Bom dia. — A mesma fala, entrando no quarto onde eu estava, que pelas palavras dela, é um quarto de hóspedes. Vi um uma espécie de ligadura enfaixada em seu braço. Uma pequena bandeja com um copo de sangue estava em suas mãos, é seu braço antes citado parecia mais fraco que o outro. Mas pode ser só impressão minha, pois supostamente acabei de acordar.

Se alguma vez eu ouvir que um vampiro não dorme direito vou lhe atirar com as minhas vinte horas dormidas à cara. Sério, nunca me soube tão bem dormir assim.

— Está tudo bem? Dormiu bem?

— Sim e sim, e você? — Colocou a bandeja em cima da mesinha de cabeceira, subindo na cama para sentar ao meu lado.

— Nunca dormi tão bem.

— Você dormiu vinte horas, quase um dia inteiro. Vocês dormem no vosso território?

— Sim. E não, não é num caixão. Tenho cama na minha casa lá.

— Eu espero conseguir voltar.

— Acredito que consiga. Tenho a minha velocidade Vampira, mas ainda me sinto bem fraco em níveis de sangue. Acho que mais um dia ou dois dias e tô bem. — Olha a bandeja. — Onde arranjou esse sangue?

— Ah… Fui num galinheiro por aí. — Admito que desde que ela me tem alimentado, o sangue que ela fala ser de animal, não tem o cheiro de animal. Talvez seja só uma confusão minha, mas não é a primeira vez e é bem estranho, sempre tem o mesmo cheiro e eu não consigo saber qual é. — Não devem ter dado falta da galinha.

— Posso? — A mesma pegou o copo e me entregou, saindo da cama e se virando.

— Se quiser eu saio. Não quero te interromper na refeição.

— Porque sempre faz isso?

— Sei lá, seus olhos ficam muito vermelhos.

— Mas eles já são.

— Eu sei… Mas… Vermelho vivo, entendeu?

— Ah sim. — Comprimiu seus lábios, notei isso embora esteja de costas. Ingeri a quantidade de sangue que estava no copo e me senti bem, o sabor do sangue era magnífico, mas novamente igual ao outro.

Cheiro e sabor igual. Estranho.

— As outras vezes também foi a um galinheiro?

— Não, porquê?

— Nada não, pode se virar. — Virou-se enquanto eu limpava o canto da minha boca com o polegar. Sabia, afinal posso estar certo, só quero descobrir de onde é esse sangue.

— Suas presas são lindas.

— Sério? São normais.

— Eu achei lindas. — Sorriu sem mostrar os dentes. — Sinceramente, nunca pensei que existiam vampiros, e que eles eram bonitos.

— Assim me deixa sem jeito. — Cocei a minha nuca. — O que foi isso no seu braço? — Pergunto tentando desviar do assunto dos elogios à minha pessoa.

— Ah… Tive um acidente, mas já passou.

— Mas está bem?

— Estou sim. Ando um pouco tonta, mas deve ter sido por causa da profundidade.

— Tem certeza que está bem?

— Estou, Yuta. — Era raro meu nome sair da sua boca, algo se passa? Eu acho que sim.

lost vampire ━━ nakamoto yutaOnde histórias criam vida. Descubra agora