Well, are you out tonight?

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[ 01/01/2019 ]

— E aí, tô lindo ou gostoso? – disse enquanto meu melhor amigo e seu namorado avaliavam minha aparência, os olhares em seus rostos me lembravam os críticos na época que era modelo, mas eu sabia que no final era apenas uma máscara, e suas respostas seriam as mesmas de sempre.

— Os dois como sempre, Lino. – a primeira vinha de Felix, junto de dois dedões pra cima e sua face expressando aprovação. Agradeço enquanto dou uma voltinha, me exibindo só um pouco.

— Tá parecendo um pavão. – solto uma risada soprada. Jeongin tinha esse jeito de elogiar único dele, se eu fosse traduzir, parecer um pavão significa que está atraente, chamativo. Tem várias interpretações, mas eu prefiro sempre levar no elogio. — Esse perfume é novo?

— É sim, ganhei de natal da minha mãe, e resolvi usar hoje.

Fizemos uma última checagem, para ver se não estávamos esquecendo nada, e então tomamos nosso caminho: a festa de ano novo dos veteranos.

Já estávamos há algum tempo ali, mas não sei dizer ao certo. A música estava alta, ecoando por toda a casa – talvez fizesse mais sentido ser chamada de mansão, já que cabia três casas iguais a minha ali, por andar – e em qualquer canto que seus olhos pousassem teria alguém bebendo, fumando ou fodendo. Novo significado para "BFF". O cheiro de álcool misturado com vômito, e outros odores não identificáveis, que senti em todo o hall de entrada me fazem questionar o porquê de ter vindo, mas sei que não vou me arrepender disso. Ou pelo menos acho que não.

Fomos até a parte de trás da residência, igualmente grande em relação à frente, com luzes que variavam entre roxo, azul e vermelho; uma enorme piscina, e muitas outras pessoas. A vantagem é que a área é aberta e ventilada, o que diminui os odores incômodos das salas fechadas.

- Uau, quanta gente. – Jeongin parecia deslocado ao mesmo tempo que curioso, era sua primeira festa de fraternidade afinal. Felix segurava sua mão forte, com medo de perdê-lo, cuidando do namorado como se fosse porcelana. Eu observo Lix o desviando das pessoas e dizendo coisas ao pé de seu ouvido devido a música alta. – Tenho nem força no braço 'pra isso. – disse enquanto passávamos pelo cara que bebia direto do barril de cabeça para baixo. Ele e Felix entraram no próprio mundinho depois disso, apostando quem aguentaria mais tempo nessa posição, e outros assuntos que não presto real atenção. A relação deles sempre foi assim, desengonçada e fofa, do jeitinho deles, e observá-la se desenrolar ao longo dos meses me fazia pensar se um dia teria alguém assim.

Escutamos os gritos de alguns veteranos, que torciam para algo ou alguém, nos aproximamos e um sorriso se abriu em meu rosto assim que percebi do que se tratava: Jisung e Changbin apostando quem virava mais shots.

- Hannie! Bin! – digo em alto som, chamando a atenção dos dois. Jisung é meu primo, cresceu comigo, e Changbin seu amigo/amigo colorido/paixão de infância. Somos um trio inseparável desde o ensino médio, e quando entramos, não tão coincidentemente, para a mesma faculdade, isso não mudou. Nosso ciclo de amigos apenas aumentou, primeiro nós três, depois cinco, quando Felix e Jeongin apareceram, e assim foi. Ambos vieram ao nosso encontro, desmanchando a aglomeração que tinha ali devido ao fim do desafio.

- Chegaram agora? – Changbin pergunta.

- Agorinha. – Felix confirmou, se sentando no gramado com as costas apoiadas na cerca que rodeavam a área da residência e logo puxou Jeongin para seu lado. – Hoje é a iniciação do Innie. – sua voz transpassou uma animação que me fez sentir pena do mais novo.

- Vou pegar as bebidas! – Jisung saiu tão rápido quanto uma mosca voa, o que foi cômico por ele estar cambaleando, levando todos à risada.

- Cadê a Sana? Já chegou?

- Disse que ia buscar o primo dela, foi transferido 'pra cá da Austrália e queria iniciá-lo também. – recebeu uma mensagem em seu telefone, em seguida virou a cabeça aparentemente a procura de algo. – Estão ali.

Sana andava devagar, entretida na conversa que tinha com o cara – provavelmente seu primo – andando ao seu lado.

- Chegamos ao pandemônio. – Sana e sua típica frase de todo início de festa. – Esse é meu primo, o novo aluno transferido, Chris. – ele deveria ter minha idade, minha altura também. Usava uma jaqueta de couro que combinava com as botas pretas, junto da camiseta branca e a faixa vermelha amarrada ao cós da calça jeans. Tinha cabelos loiros, mas com umas mechas vermelhas também, e esbanjava um sorriso que conquistaria qualquer pessoa, ainda mais se adicionarmos as covinhas. Talvez eu tenha passado tempo demais encarando, hipnotizado por ele, mas sabia que não tinha sido o único, pois também estava sendo secado.  Ele me encarava como se eu fosse seu jantar esperado por meses, sua atenção dividida em meus olhos, boca e coxa. Seu olhar me causava arrepios, deixava minhas pernas fracas. Conseguia sentir-me sendo puxado até ele, para sanar minha curiosidade sobre a textura da sua pele, o gosto da sua boca. Há tempos alguém não despertava um desejo tão imediato em mim, o que há com esse cara?

- Prazer, Bang Chan, mas pode me chamar de Chris. – o aperto forte em sua mão me fez pensar em como seria ter esse aperto em minha cintura. Será se a Sana se incomoda de eu querer pegar o primo dela?

- Minho, mas pode me chamar de Lino. – seria muito ousado dizer "pode me chamar de seu"?

Ou melhor, mais tarde eu me arrependeria de ter sido seu?

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酸 : nicotina || minchanOnde histórias criam vida. Descubra agora