Eldorado: Parte 1

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Espanha, 1530

Eu tive o mesmo sonho de novo

Estou num deserto sem fim

E há uma cidade deslumbrante

Mas ela sempre desaparece antes que eu a alcance

Eu estou indo

Para onde que devo ir?

Min Yoongi acorda suando frio, mais uma noite mal dormida e sempre o mesmo sonho. Uma cidade deslumbrante na qual as pessoas usufruem do ouro na sua forma mais pura, cidadãos com objetos amarelos pelo corpo todo, a cidade era repleta de belas esculturas feitas pelo mesmo material. E bem no final dela, em um lago, está ele, um garoto virado de costas com sua cintura acentuada e ombros largos, sua pele é em um tom dourado, suas roupas brancas estão molhadas pela água, e seus cabelos loiros brilhavam, assim como as jóias que usava, e mesmo sem poder o olhar de frente, sabia que ele era a criatura mais bela que já viu. Mas, toda vez que corria ao seu encontro, tudo desaparecia e ele acordava. Odiava isso, essa sensação de algo inacabado, sempre tinha vontade de voltar a dormir e descobrir o final do sonho, porém era em vão.

Enfim se levantou e foi até o banheiro de seu quarto, olhando de frente para o espelho que havia ali. Seus cabelos pretos estavam desgrenhados, a camiseta de seda desabotoada e a boca ressecada, estava um verdadeiro caco. Lembra-se vagamente da noite passada na qual bebeu demais e foi arrastado pelos guardas reais até o palácio. Havia voltado de uma de suas jornadas e para comemorar sua volta os aldeões fizeram-lhe uma pequena festa de boas-vindas, não era novidade para ninguém que o príncipe mais novo era amado pelos cidadãos e por isso eles o prestigiaram. Podemos dizer que Min Yoongi era uma inspiração para eles.

Poderia ficar horas ali no toalete apenas para que não precisasse encontrar sua família. Tudo o que mais queria era apenas arrumar suas coisas e sair dali o quanto antes, odiava aquele ambiente tóxico no qual não havia amor fraternal, apenas o desejo pelo dinheiro os unia. E sabia que ao passar pela porta de seu quarto e se encontrar na sala de jantar, os olhares de seus doze irmãos cairiam sobre si, e o olhar de maior desgosto seria de seu pai, o rei. Mas que culpa ele tinha? Era o décimo terceiro na linha de sucessão para o trono e sabia que nunca chegaria neste, então do que adiantava se portar como alguém nobre igual seus irmãos? Preferia mil vezes estar preso a alguma taberna ou então navegando em seu navio em rumo ao desconhecido do que estar ali, odiava assuntos burocráticos ou qualquer coisa que envolvesse seu comprometimento com o reino, ele era ruim em vários destes assuntos e a única coisa na qual mais se dava bem era quando se tratava do mar extenso.

Para ele não havia nada mais lindo do que o oceano, só de imaginar as aventuras que o mar poderia lhe proporcionar se arrepiava por completo. Eram milhares de países para serem visitados, pessoas diferentes para conhecer, coisas novas para descobrir, então por que ficar preso a um país que sequer seria rei algum dia?

Sentia saudades do mar, de se sentir flutuando sobre a água, o ar salgado, o vento batendo em seu rosto e, assim, bagunçado os seus cabelos, amava tudo isso. E olha que chegou em terra firme há apenas dois dias, ele tinha amor pelo mar, a sensação de ser livre. Talvez fosse por isso que sua família o odiava, eles não tinham algo para amar além do dinheiro, já Yoongi tinha a liberdade. Tamanha era sua paixão em ser livre, nada poderia o prender. Diversas vezes pensou ter nascido na família errada, mas não podia negar que as vantagens de ser príncipe eram inúmeras, além de seu próprio navio que ganhou de presente de seus tios, e também o dinheiro que ganhava realizando missões, apesar de ser coisa rara ele aceitar esses pedidos. Para o Min não era apenas pelo dinheiro que receberia e, sim, pelas aventuras que a jornada iria lhe proporcionar.

Além do Oceano (Taegi-Yoontae)Onde histórias criam vida. Descubra agora