Aquela imagem exuberantemente horrenda não afastava-se de meu cérebro, é como se eu acabara de presenciar um filme de terror, e logo após ter de ir ao banheiro. Depois desse episódio deitei-me na cama e fiquei coberta por meu edredom marrom escuro de veludo que herdei de minha avó Eva aos 12 anos. Nunca conheci meu avô, quando nasci minha família nunca mencionara o seu nome, questionava algumas vezes da situação de não o conhece-lo e todas as vezes me deram sempre a mesma resposta que nao entrara em minha cabeça "Não há necessidade de saber sobre ele, eu sou sua avó e seu avô" e seu eu ousasse perguntar mais de uma vez, ficaria de castigo com os joelhos fixados no frio mais rigoroso. Minha avó faleceu três anos antes de meus pais, estava com a saúde amena e teve um ataque cardíaco. Sinto sua falta, era muita apegada a sua presença tinha olhos claros típico de minha família, belos cabelos brancos, pequenas ruguinhas ao lado de seus olhos, e aquela pinta pequena em cima da boca em concavidade com seus nariz que a fazia parecer com as mulheres de 1920, que tinham vários talentos clássicos além da beleza, lembro-me como se fosse hoje, seus olhos brilhantes me olhando com ternura dando-me aconchego em seu colo no inverno minha estação favorita, enquanto tomávamos uma bela caneca de achocolatado e ela abrira meu livro favorito "O gato da floresta perdida" relatando sobre um destemido gato gordinho e suas adoráveis donas feiticeiras, ainda acabo me distraído e converso com ela sem perceber, mesmo sem sua irrelevante existência.
A cada momento que olho para as paredes vermelho claro que havia recomendando ao pintor que o fizesse, pois é minha cor favorita olho distante e percebo o quão estou solitária, o demasiado tempo que não visito velhos amigos depois de perder minha família, e como fiquei assim fazendo da solidão minha única compania.
Ainda não sei o que pensar sobre a tal bruxa "dos olhos azuis", não é normal em uma nevasca receber uma inconveniente visita de um menino inocente que demonstra ser uma velha feiticeira de cabelos brancos, eu não sei o que está acontecendo, e acho que deve ser essa cidade amaldiçoada pelo passado, devo estar ficando louca e espassar um pouco daqui rumo a outros ares me faria bem.
- Toc toc!- soou minha porta, dei um pulo perfeito e vesti um roupão preto com duas camadas naturais de tecido de algodão, caminhei até o corredor escuro e vi uma sombra muito grande em frente a janela grande com dobradiças douradas e a pintura já meio branca desmerecida.
- Quem é?- perguntei, e uma voz rouca e aguda respondeu no mesmo instante.
- Sou eu Helena!- se não tivesse me falhado a memória não o reconheceria, mas era a voz de Charles, abri devagar em um silêncio momentâneo, as ruas estavam vazias a velha casinha amigável da senhora Waters estava com as luzes apagadas, a neve já havia desaparecido mas ainda deixando o frio cauteloso no ar, olhando para aquele homem de cabelos castanhos claros e lisos, olhos verdes e um rosto simetricamente perfeito, abusando de uma bela jaqueta de couro marrom escuro e calças jeans solta, com um toco de cigarro nas mãos grandes e longas me perguntara o que estava fazendo ali esta hora e o que ele queria comigo.
- Olá Charles! Como vai?
- Estou bem, desculpe vir assim esta hora da noite mas eu estava muito preocupado!
- Preocupado? Com o que?
- Hoje enquanto eu estava trabalhando com o feno, vi três senhoras em frente a sua casa.
- Três senhoras? Charles eu estava em casa o tempo inteiro não vi ninguém.
- A senhorita me desculpe, mas eu sei o que eu vi, elas eram estranhas, na verdade não consegui ver muito a suas faces, estavam usando casacos grandes e lisos com capuzes na cabeça.- um arrepio sobrevoou em minha espinha, engoli em seco, não aceitava atividades suspeitas em um dia apenas.
- E o que elas estavam fazendo?
- Ah, eu não intendi muito bem, se eu fosse um louco poderia jurar que fossem bruxas!- riu ele, puxando aquele pequeno toco de cigarro para dentro de seus pulmões.
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Charm Malefícia
FantasyTenho o mesmo sonho todas as noites, daquelas três mulheres encapuzadas, apenas mostrando seus narizes pontudos para mim, com seus pés no chão chegando cada vez mais próximo de mim, eu corro como de costume adormeço no bosque e escuto uma velha fras...