Na história da humanidade existem diversas concepções de adolescência. Deve ser
compreendida como um processo de construção sob condições sócio-histórica-culturais
específicas, pensada para além da idade cronológica, da puberdade e das transformações
físicas. Não deve ser encarada como uma ponte entre infância e vida adulta, mas sim como
uma fase de ajustes para alcançar a vida adulta. Seria uma grave simplificação atribuir todas
as características do adolescente à sua mudança psicobiológica, como se tudo isto não
estivesse ocorrendo no âmbito social. Assim, a definição de adolescência adquiriu
significados e significações diversas ao longo da história e, portanto, só é possível
compreendê-la a partir da sua historicidade. A importância de apreender sobre o adolescente e
sua visão de mundo está pautada nas necessidades de saúde que engloba promoção, prevenção
e recuperação, considerando-o como um cliente em potencial, que necessita de cuidados de
enfermagem específicos e individualizados. O objetivo deste estudo é descrever as diversas
concepções de adolescência como subsídio para o cuidado em enfermagem. Trata-se de um
estudo teórico-crítico sobre a história da adolescência. O material bibliográfico - artigos e
livros - foi acessado virtual e presencialmente, sem delimitação temporal. Na Grécia antiga,
os jovens recebiam uma educação especial que os preparava para uma vida comunitária. Esta
preparação visava não somente ao aprendizado das letras, mas também o treinamento militar e
a educação sexual. Nesta época, destacava-se o forte e o corajoso, sendo a juventude,
sinônimo de disposição e vigor físico. No Império Romano, a educação dos jovens ficava a
cargo dos pais, procurando formar o agricultor, o cidadão ou o guerreiro. Aos 12 anos, os
meninos da elite, deixavam o ensino elementar e passavam a estudar autores clássicos e
mitologia com o objetivo de adornar o espírito. Aos 14 anos, abandonavam as vestes infantis
e aos 16 ou 17 anos podiam optar pela carreira pública ou o exército. Já as meninas, aos 12
anos, eram consideradas aptas para o casamento. O valor dado à formação do jovem era para
a atuação na vida política e social e não somente para o trabalho, visando a formação de um
cidadão segundo valores que poderiam elevar o nível de desenvolvimento da sociedade. Na
Idade Média, as sociedades se organizavam no sistema feudal baseada em troca de serviços e
terras. O termo juventude designava um estado no qual as pessoas se encontravam
necessitadas de atenção e cuidado, merecedoras de orientação e desenvolvimento espiritual.
Os jovens eram reconhecidos especialmente por sua energia, e a ocupação militar vinha com o
intuito de corrigi-los, sendo o paradigma de boa educação e preparação para a idade adulta.
Entre os séculos XVI e XVIII, a vida era dividida em etapas que correspondiam a atividades e
a funções, entretanto, não havia uma diferenciação entre a infância e a adolescência. A partir
do século XVIII surge essa diferenciação, embora ainda existisse certa confusão entre os
conceitos. No século XIX descobre-se a infância e no século XX define-se e privilegia-se a
adolescência, que passa a ter novos valores e capacidade de reavivar a sociedade. Daí em
diante a adolescência se expandiria, empurrando a infância para trás e a maturidade para
frente. Rousseau (1712-1778) é considerado o pai dos conceitos modernos de infância e
adolescência. Adolescência era considerada um estado específico, com características
próximas das que encontramos nas descrições atuais - período de maior instabilidade e