A moça entrou no último quarto do corredor e olhou bem o local. Era pequeno, uma cama, um criado minúsculo, havia uma janela com grades junto de uma cortina branca e só. Ashley caminhou até a cama e puxou o cobertor que estava em cima da mesma e se embrulhou, estava frio e ela com certeza não iria perder a chance de finalmente ficar quentinha.
Querendo ou não, era até um lugar bom de se ficar. Mas a moça não pretendia ficar o resto de sua vida naquele quarto fazendo tarefas diárias para um homem que ela nem ao menos conhecia. Ela finalmente estava sozinha e isso a confortou, dormir não parecia ser tão ruim assim agora. Ashley sentia o cansaço em suas pernas, elas doíam como se quisessem descansar a noite toda.
E assim ela fez, a moça dormiu. Mas ainda pensando em fazer um inferno a vida do próprio diablo.
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A moça acordou com a cabeça meio tonta. Seus ouvidos capturavam sons que vinham do quarto ao lado. O barulho era meio insuportável. Ashley levantou ainda sonolenta e caminhou até a porta fora do quarto e depois até o local que contia o barulho. Quanto mais perto chegava, mais dava para distinguir o som. Uma mulher!? Pensou Ashley. Os sons que tanto insuportou a moça, que fez a mesma acordar, era os gritos de uma mulher. Mas não pareciam gritos, parecia gemidos.
Ashley encostou os ouvidos na porta do quarto e escutou mais sons da cama de madeira velha e da mulher escandalosa. Sem pensar duas vezes, a moça correu de volta para o quarto e fechou a porta sem fazer barulho. Bom, mesmo se fizesse, eles não iam escutar por conta do barulho que eles mesmos estavam fazendo.
Ashley deitou novamente na cama e se embrulhou com o cobertor áspero e grosso de lã no corpo moreno e brilhoso. A moça até tentou dormir, mas eles pareciam dois gatos brigando. Ashley não fazia ideia de quem seja a mulher, mas adivinhou ser a companheira do homem que à fez de sua prisioneira.
Aquilo parecia nunca acabar, os companheiros ao lado pareciam famintos, os sons fazia Ashley ter ânsias de vômito. Imaginar cenas como essas davam dor de barriga em Ashley. Sua relação amorosa nunca foi a das melhores. Ex namorados que à decepcionaram no passado fez a mesma desistir do amor e apenas viver com rancor e ódio. Três namorados na adolescência da jovem já era o bastante para ela desistir de qualquer romance.
O primeiro namorado da jovem à traiu com uma garota qualquer de um bar. O segundo à deixou sem dizer nada, apenas mudou de cidade e começou um novo relacionamento com uma outra garota "mais bonita e loira". Sempre loiras, mulheres de pele escura da época sofriam pelo fato dos rapazes preferirem loiras. Já o terceiro e último, fez a moça sofrer traumas psicológicos e abusou da saúde mental de Ashley. Então, ela prefiriu não ter mais ninguém em sua vida. Solteira sempre.
E Ashley está feliz assim.
Quando finalmente o barulho cessou Ashley agradeceu mentalmente, agora ela poderia dormir. O único problema foi que a mesma havia perdido o sono de tanto pensar. Mesmo com as pálpebras cansadas a moça desistiu de dormir e encarou a lua pela janela aberta. Ashley nunca havia tempo de ver as estrelas, então, aproveitou cada momento.
Quando a moça acordou sua cabeça doía, mesmo que ela tenha dormido; não tinha sido o suficiente. O sol batia na janela que fazia clarear o quarto e como já estava de dia, Ashley tinha medo de dormir novamente e ser violentada e ser violentada era a última coisa que a moça queria.
Ashley estava em dúvida se levantasse e saísse do quarto ou permanecesse por lá mesmo. Mas a fome estava de matar, e tudo que Ashley mais queria era comer qualquer tipo de coisa que cessará sua fome. Indecisa, levantou-se da cama e caminhou em passos lentos até a porta, quando chegou na mesma abriu com cuidado e voltou a andar sem fazer qualquer tipo de barulho. Quando chegou no fim do corredor que quando terminava ia para sala e da sala levava para a cozinha respirou fundo e andou como uma pessoa normal.
Não havia ninguém na sala então foi até a cozinha e lá havia uma mulher de costas para Ashley lavando algo na pia. A moça pensou em ser a mulher que estava com o homem na madrugada. Não havia mais ninguém, era apenas as duas. Antes que Ashley abrisse a boca para dizer algo a mulher cujo os cabelos eram castanhos claros se virou e levou um pequeno susto ao ver Ashley.
— Buen día, señora — a mulher sorriu.
— Bom dia — cumprimentei Ashley.
— El jefe me pidió que le preparara el café, que Miguel volverá a recogerte, ¿no? — disse a mulher com pressa.
Ashley regalou os olhos sem entender absolutamente nada que a mais velha tinha dito.
— Desculpe, quê? — um meio sorriso se fez nos lábios da morena ao perceber que seria difícil ela se estabelecer ali. Ela não entendia uma sequer palavra em espanhol.
— Comer café, certo? Miguel virá buscá-la, entiende, señora? — fez gestos com as mãos.
— A sí, gracias. — agradeceu e se sentou na mesa para tomar o café da manhã.
Havia na mesa, pão, geleia, suco, café e biscoitos. A mulher quem havia feito os biscoitos e os pães. A face dela de felicidade quando viu Ashley fazer uma cara ao comer os biscoitos que estavam maravilhosos, fez a mais velha sorrir de felicidade. Ela preparava uma boa comida e ficava alegre quando alguém à elogiava.
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El Diablo
RomanceMéxico, 1998, velho oeste. Ashley mora atualmente no Arizona. Mas, uma proposta de sua tia para passar o verão inteiro em sua casa, numa pequena cidade do México, parecia ser irrecusável, então, de bom grado, aceitou. Mas mal ela sabia que durante...