Chegada

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Descobri que Paris é o conjunto de todos os clichês que se diz sobre ela. É encantadora, inspiradora, linda, romântica... Ah, e como é! Ainda mais quando se está numa viagem com seu namorado e ele é o cara mais divertido, atraente e encantador do mundo! Eu poderia me considerar uma garota de sorte.

Conheci Elliot num coquetel de encontros profissionais. Eu estava representando a editora para a qual trabalho e ele, a empresa publicitária da qual é dono. Conversamos, chegamos a falar das vantagens de alguma possível parceria contratual, ele pediu meu telefone e uma semana depois me convidou para jantar. Como poderia ter resistido?

Fomos a um dos restaurantes mais famosos de Nova York, conversamos e rimos quase a noite toda. Descobrimos que tínhamos muito em comum. Gostávamos de ser livres e independentes, amávamos nossos trabalhos, desejávamos viajar para vários lugares românticos, outros exóticos, não estávamos interessados em ter filhos tão cedo, mas não renegávamos a ideia de constituir família um dia. A conversa virou um contato mais frequente, o contato virou um namoro e o namoro virou um pedido de noivado. Tudo em apenas quatro semanas.

Tudo bem, para muita gente isso poderia parecer precipitado. Minha melhor amiga, Kate, quase não acreditou e demorou a aceitar, até a noite em que Elliot foi a um jantar de família na casa dos meus pais. Aí sim ela viu que a coisa era séria e pôde constatar por si mesma como nos dávamos bem. Eu estava feliz, Elliot estava feliz. Todo mundo estava em pleno acordo. Só faltava um detalhe: conhecer a família do noivo.

Pelo que Elliot falava, seus pais eram bastante conservadores, mas amigáveis. Ele tinha uma irmã mais nova e um irmão. Não costumava falar muito deste último, pois parecia que ele nunca estava em casa, era dono de um império que trabalhava com tecnologia da comunicação. Por outro lado, Elliot me enxia de expectativas sobre conhecer sua irmã mais nova. Dizia que eu me parecia com ela, gostava de literatura, era espirituosa e bastante extrovertida (não que eu fosse tanto, mas Elliot achava que eu falava demais algumas vezes... Homens!).

Eles viviam em Seattle, e estávamos nos programando para conhecê-los quando recebi um convite para participar de uma feira literária em Paris. Viemos para cá nos últimos quinze dias desfrutamos da companhia um do outro. Planejávamos nos casar ao voltarmos, o que para mim estava mais do que bom. Eu estava realmente ansiosa para conhecer a família dele e podermos estar logo juntos para sempre.

***

Eu estava perdida em pensamentos, suspirando na varanda do hotel, no centro de Paris, admirando as ruas, os cafés, as pessoas... Dava até para ver um pedaço da Torre Eiffel ao longe. Oh, sim... Eu sou uma garota de sorte...

A brisa soprava de maneira gostosa, varrendo meu cabelo para um lado só e fazendo tremular a saia do meu vestido. De repente senti dois braços me envolverem num enlace do qual não poderia escapar.

— Um milhão de euros pelos seus pensamentos! – disse uma voz suave, porém firme, em meu ouvido. A voz de Elliot.

— Tudo isso? Vai ficar pobre desse jeito...

— Por você vale à pena. – ele disse, virando-me para si e me beijando.

Ah, eu adoro este homem! Todo seu perfume exalava ao meu redor, rendendo-me e ao mesmo tempo me preenchendo de uma energia boa, jovial. O abracei pelo pescoço, ficando nas pontas dos pés, enquanto desfrutava daquele momento único. Logo, não lembrei no que estava pensando nem o que planejava fazer em seguida. Quando nos separamos, eu sorria bobamente.

— E então? – ele perguntou.

— E então o que? – oh, eu estava inebriada.

— No que estava pensando, bobinha?

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