A DANÇA CÓSMICA DAS FEITICEIRAS.

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Capitulo 2

A visão de Mundo da Feitiçaria

(scaneado por Laerte)

GRUPO DE ESTUDO VIRTUAL
Owner: Magali

Lista de Discussão - Empório Wicca

Entre os Mundos
CRIAÇÃO
Solitária, majestosa, plena em si Mesma, a Deusa, Ela, cujo nome não pode ser dito, flutuava no abismo da escuridão, antes do início de todas as coisas. E quando Ela mirou o espelho curvo do espaço negro, Ela viu com a sua luz o seu reflexo radiante e apaixonou-se por ele. Ela induziu-o a se expandir devido ao seu poder e fez amor consigo mesma e chamou Ela de "Miria, a Magnjica
O seu êxtase irrompeu na única canção de tudo que é, foi ou será, e com a canção surgiu o movimento, ondas que jorravam para fora e se transformaram em todas as esferas e círculos dos mundos. A Deusa encheu-se de amor, que crescia, e deu à luz uma chuva de espíritos luminosos que ocuparam os mundos e tornaram-se todos os seres.
Mas, naquele grande movimento, Miria foi levada embora, e enquanto Ela saía da Deusa, tornava-se mais masculina. Primeiro, Ela tornou-se o Deus Azul, o bondoso e risonho deus do amor. Então, transformou-se no Verde, coberto de vinhas, enraizado na terra, o espírito de todas as coisas que crescem. Por fim, tornou-se o Deus da Força, o Caçador, cujo rosto é o sol vermelho mas, no entanto, escuro como a morte. Mas o desejo sempre o devolve à Deusa, de modo que ele a Ela circula eternamente, buscando retornar em amor.
Tudo começou em amor; tudo busca retornar em amor. O amor é a lei, mestre da sabedoria e o grande revelador dos mistérios.
"A idéia dos sioux sobre as criaturas vivas é a de que as árvores, o búfalo e os homens são espirais de energia temporária, padrões de turbulência... esse é um reconhecimento intuitivo e primitivo da energia como uma qualidade da matéria. Mas esse é um insight antigo, sabe-se extremamente antigo - provavelmente o insight de um xamã paleolítico. Essa percepção encontra-se registrada de várias maneiras no saber primitivo e arcaico. Diria que esta é, provavelmente, o insight fundamental da natureza das coisas, e que a nossa visão ocidental, recente e mais comum, sobre o universo como sendo constituído de coisas fixas está fora da direção principal, um afastamento da percepção humana fundamental."
Gary Snyder'
A mitologia e a cosmologia da Bruxaria estão enraizadas naquela "intuição de um xamã paleolítico": a de que todas as coisas são espirais de energia, vórtices de forças em movimento, correntes em um mar sempre em mutação. Subjacente à aparência de isolamento, de objetos fixos em um curso linear de tempo, a realidade é um campo de energias que se solidifica, temporariamente, em formas. Com o tempo, todas as coisas "fixas" se dissolvem, apenas para se fundirem novamente em novas formas, novos veículos.
Esta visão do universo como uma interação de forças em movimento - a qual, incidentalmente, corresponde, em um grau surpreendente, aos pontos de vista da física moderna - é o produto de um tipo muito especial de percepção. A consciência comum que desperta vê o mundo como sendo fixo; ela focaliza uma coisa de cada vez, isolando-a do entorno, um pouco como ver uma floresta escura com o auxílio de um estreito raio de luz que ilumina uma só folha ou uma pedra solitária. A consciência extraordinária, a outra modalidade de percepção, é ampla, holística e indiferenciada, enxerga padrões e relacionamentos no lugar de objetos fixos. É a modalidade da luz das estrelas: pálida e prateada, revelando o jogo de rumos entre laçados e a dança das sombras, sentindo caminhos coMo espaços no todo.

Os aspectos mágicos e psíquicos da Arte estão relacionados ao 1 espertar da visão da luz das estrelas - como eu gosto de chamá-la - e em treiná-la para que seja um instrumento útil. A mágica não é um assunto sobrenatural; é, na definição de Dion Fortune, "a arte de mudar a consciência pela vontade", ligar e desligar a lanterna, , selecionar detalhes, enxergar através das estrelas.
A consciência comum é altamente valorizada na Arte, mas as bruxas estão cientes das suas limitações. Ela é, em um certo sentido, um padrão através do qual enxergamos o universo, um sistema e classificação culturalmente transmitida. Existem infinitas maneiras de encarar o mundo; a "outra visão" nos liberta dos limites da nossa cultura.
"Nossos semelhantes são os magos negros", diz Dom Juan, o xamã iaqui, ao seu discípulo Castaneda em Porta para o Infinito.
Pense um pouco. Você é capaz de desviar-se do caminho que eles traçaram para você? Não. Seus atos e pensamentos estão para sempre fixos em suas palavras. Eu, por outro lado, trouxe a liberdade até você. A liberdade é cara, mas o preço não é impossível. Portanto, tema os seus captores, seus mestres. Não perca seu tempo e poder temendo a mim."3
Em Feitiçaria, o "preço da liberdade" é, acima de tudo, disciplina e responsabilidade. A visão da luz das estrelas é um potencial inerente a cada um de nós, mas muito trabalho é necessário para desenvolvê-la e treiná-la. Poderes e habilidades adquiridos através de uma percepção mais aguçada também devem ser utilizados de maneira responsável; caso contrário, como o anel de Sauron (em O Serihor dos Anéis, de Tolkien), eles destruirão os seus possuidores, aqueles que desejam libertar-se devem também estar dispostos a se afastarem ligeiramente dos ditames da sociedade, se necessário for. Na cultura ocidental moderna, artistas, poetas e visionários, não levando em conta bruxos, místicos e xamãs, encontram-se, com freqüência, um tanto alienados de sua cultura, o que gera uma tendência a desvalorizar os bens incorpóreos em favor dos frutos sólidos e monetários do sucesso.
Mas o preço fínal da liberdade é a disposição de encarar a mais assustadora de todas as coisas - nós mesmos. A visão da luz das estrelas, "a outra maneira de saber", é a modalidade de percepção do inconsciente, e não a da mente consciente. As profundezas de nosso ser não são todas ensolaradas; para enxergarmos claramente é preciso que estejamos dispostos a dar um mergulho no abismo interior e escuro, e tomar conhecimento das criaturas que porventura lá encontraremos. Pois, como explica a analista jungiana M. Esther Harding, em Woman's Mysteries, "esses fatores subjetivos(...) são fortes entidades psíquicas, pertencem à totalidade de nosso ser, não podem ser destruidos. Enquanto permanecerem proscritos, não aceitos por parte de nossa vida consciente, interferirão entre nós eos objetos que percebemos e todo o nosso universo tornar-se-á ou distorcido ou iluminado. 1,4
Talvez a maneira mais convincente de apresentar a concepção do self da Arte seja a de examinar alguns dos achados experimentais mais recentes de biólogos e psicólogos.* Robert Ornstein, em The Psychology of Consciousness, descreve experiências realizadas com indivíduos epilépticos e com danos cerebrais, demonstrando que os dois hemisférios do cérebro parecem especializar-se, precisamente, nos dois tipos de consciência acima discutidos. "O hemisfério esquerdo (ligado ao lado direito do corpo) está envolvido, predominantemente, com o pensamento lógico-analítico, em especial em funções verbais e matemáticas. Sua modalidade de operação é basicamente linear. Esse hemisfério aparenta processar informações em seqüência."' Tal como o nosso raio de luz de lanterna, ele focaliza um assunto de cada vez, excluindo os outros. Ele percebe o mundo como sendo composto de coisas separadas, as quais podemos temer ou desejar e que podem ser manipuladas para se adequarem aos nossos propósitos. "Parece que ele foi desenvolvido com o propósito básico de garantir a sobrevivência biológica.

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2015 ⏰

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