Tenho um pequeno terreno, é apertado, mas tem espaço toda vida.Aqui eu cuido das minhas plantas. Eu gosto de plantas!
E acho que elas gostam de mim.
Tenho roseiras variadas, azaléias, cravos, samambáias, suculenta de todo tipo, margaridas e até gerânios!
Eu gosto muito de plantas!
Tinha uma nogueira gigante aqui, a sombra dela era tão imensa quanto ela. Ela dava fruta toda vida. O chão era todo esparramado de fruta. Algumas viraram árvore, aí deixei crescer. Ainda não são como a "mãe", nenhuma delas, mas vão ficar. Tem umas muda que promete.
Eu gostava muito dessa árvore, ocupava a maior parte desse meu terreninho, sã, mas tava judiada tadinha...
Muito sol quente, chuvada forte...
Uma noite de muita ventania, sã, o vento tava muito forte, forte demais da conta, tinha acabado de sentar lá em casa, nem tinham jantado ainda, aí o telefone toca e é gente pra avisar que a minha árvore gigante tinha arrancado do chão com a força do vento. Deu tempo nem d'eu acudir, quando cheguei, eles já tava era puxando ela de lá.Fiquei muito sentida, sã, a árvore era boa. Dava boa sombra pra muita gente. Tinha gente que adorava ficar perto dela, sempre tinha povaiada lá perto dela ... Uma bagunçada boa toda vida!
Ela me faz muita falta. Era perto dela que eu tomava juízo. Ela me acalmava, me dava segurança debaixo de seus fortes galhos. Não tinha lugar no mundo que eu quisesse ficar, se não fosse lá junto com ela. Tenho é muita lembrança dela viu...
O buraco onde ela tava, ainda tá lá.
As raízes dela, ainda tem muita.
Agora eu cuido das muda dela. Pra ver se chega iguale ela era.
Ficar sem ela no meu terreninho, judiou muito das minhas plantas. A sombra dela protegia as muda dela e as minhas flor, as outras plantas que eu cuidava debaixo dela também. Todo mundo sentiu, sã, a ausência dela. Muitos pergunta até hoje porque eu cortei ela. Mas eu não cortei, por mim ela tava aqui até hoje.
Mas é assim mesmo. Um dia nós tá, no outro num tá mais!
E é uma dificuldade tolerar a falta, a necessidade de estar junto. De ter com a gente, nois tem que ficar é bem e feliz por ter tido, por ter ficado.
É muito ruim ficar sem, mas é muito pió nunca ter tido, nunca poder ter ficado.
Uma falta como essa, rebenta o peito todo dia. Dói com força mesmo. Mas oia, só dói porque a gente viveu, porque a gente sentiu, porque foi de verdade. Ainda que fosse só pra si, não importa. O que importa é o que ficou. O legado positivo que foi deixado.Muito se pergunta, por quê que quando a pessoa morre vira um santo, e muita gente fala somente as coisas boas. E por muito, o zoto pensa que é fingimento.
Na minha opinião né não, sã, porque oia uma coisa, a pessoa viveu como viveu, se fez errado ou se não fez é tudo uma questão de ponto de vista. As veize ela não tinha ou num percebeu outra opção. Daí fez o que pensô que fosse mió.
Ficar criticando e fazeno falação, num vai adiantar nada. Feito tá feito pronto e acabou.
Tanto as árvore quanto as pessoa tem seu tempo.
Nasce, cresce, floresce, dá seus fruto, murcha e cai.
É a natureza. Uma lei que nois não tem poder de mudar e sim respeitar.
Ela dá pra nois o tempo amar, cuidar e respeitar as coisas, as pessoas. Mas elas não espera nois resolver... O tempo continua correndo, passando.
Cabe à nois entender rapidinho antes do prazo acabar, eles passar e nois ficar.
Ficar pra trás, não é o fim.
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Meu terreninho
Non-FictionAs metáforas nos ajudam a compreender melhor as situações da vida, de forma suave, e confortável para nos auxiliar no nosso crescimento emocional. Essas mini histórias trazem de forma lúdica, relatos verídicos vividos. Para assim nos inspirar a atit...