Março, 2015
Olívia encarava o teste de farmácia sob as suas mãos, enquanto chovia intensamente lá fora. Não sabia nem mesmo ao certo o que estava vendo no objeto, logo, não houve espanto de sua parte. Coloca o teste na pia ao lado, e lava suas mãos dando a descarga em seguida. Ela sabia muito bem o que as duas barrinhas indicavam.
Não se animou e correu para ligar para os pais ou qualquer coisa do tipo, ao invés, ligou para a sua médica e agendou uma consulta de rotina ainda aquela dia.
Mais tarde, os exames comprovaram o que ela já sabia, mas ainda se recusava à processar.Olívia não soube como falar com Yuta, não que ela quisesse algo especial, afinal, ela havia descobrido de cócoras no chão de seu banheiro. Decidiu que "por hora" não contaria nada ao Japonês, em sua percepção aquilo era algo que ela precisaria lidar sozinha.
Os meses se passaram, e o corpo de Olívia nem mesmo reagiu como o esperado. Não sentiu dores, ou náuseas, ou seu apetite aflorou para bizarrices culinárias. Às vezes até esquecia de que havia alguém crescendo dentro de si. Decidiu não saber o sexo, não por algum motivo clichê e enigmático, mas sim porque não estava interessada. Olívia nunca chegou a contatar Yuta durante sua gravidez, embora tivesse vontade. Não queria que suas tramas pessoais dessem ao Japonês a impressão de que ela seria incapaz como mãe, e muito menos aceitar algo que viesse dele.
Ao mesmo tempo, ela sonhava em ter as suas mãos sob o seu ventre em cada noite em que se via sozinha sem ter alguém para conversar sobre o trabalho, rir ou até mesmo discutir por futilidades. Queria ter suas mãos sob os seus ombros quando se sentisse cansada, o seu corpo sob o dela enquanto riam pela interferência de sua barriga aos sete meses.
Por outro lado, aqueles meses eram os únicos em que ela havia conseguido não pensar tanto em Yuta como havia pensado nos últimos quatro anos. Yuta era como uma sombra, e ela queria estar coberta por ele. talvez pela sensação de segurança que ele emanava.
Na noite do dia 19, estava sentada em sua cama enquanto assistia um seriado qualquer, com uma fatia de torta de canela em mãos. Uma pontada, certeira. Duas. Três pontadas.
- Você me odeia porque não tenho comido por nós dois ou porque não me inscrevi nessas aulas de pilates caras e cheias de sonhos onde bebês adoram ser acariciados por outras mulheres barrigudas?
Outra pontada.
Olívia se curva sob a barriga e fecha os olhos, se amaldiçoando mentalmente por ter ignorado a cólica que sentiu mais cedo.
Uma quarta pontada, e com ela, o líquido quente que escorria em cheio por suas pernas.
- Droga.
Praguejou, e tentou levantar.
Para compensar a dor que Olívia não sentiu nos últimos sete meses, agora a dor viria em cheio. Tanto que não pôde nem mesmo levantar, optando por ficar de joelhos ao lado da cama. Tudo aconteceu muito rápido, não havia tempo para descer as escadas e pegar o celular que havia ficado no balcão da cozinha, mesmo assim Olívia foi. Não houve um passo de cada vez, se a cena fosse assistida por qualquer um poderiam dizer que era um remake de o exorcista. Se arrastando, a mulher chegou até a bancada onde se apoiou e pegou o celular, discando para o número de emergência. Após ouvir o atendente calmo e solícito no outro lado, Olívia suspira e prossegue.
- Estou na rodovia Hotawa, número 123, chalé ao lado esquerdo da rua. Chamo-me Olívia Hunt, e estou em trabalho de parto e pelo pouco que conheço sobre anatomia, com princípio de um ataque cardíaco.
Após dizer que a ambulância estava a caminho, o atendente não desligou, permanecendo com a mulher durante todo o o processo.
- Olívia, vejo que você é uma mulher inteligente. Pode me dizer com quantos centímetros de dilatação você acha que está?
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Onde Os Pássaros Cantam
FanfictionOlívia Hunt se mudou para o Arizona após o nascimento de suas filhas gêmeas ao lado de seu esposo, Yuta. Após um fatídico acidente que vitimou a vida de April, uma de suas filhas, Olívia além de conviver com transtorno de estresse pós traumático, p...