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Você sai do Dream. E eu choro como se tivesse te perdido para sempre.

Cada lágrima que sai de mim drena mais um pouco da minha força de vontade, e devagar vou caindo naquele buraco escuro de insegurança, medo e abandono que todo mundo tem em algum lugar do peito. 

Só que o meu parecia um buraco negro. O monstro em mim que queria te ter para sempre parecia ter se expandido para então simplesmente se retrair em seguida. E me senti ainda pior. Porque se ao menos eu ouvisse aquele sussurro delirante me pedindo para fazer coisas nefastas contigo, eu estaria em território conhecido.

Mas eu não estava familiarizado mais com o silêncio. E foi apenas silêncio que eu encontrei dentro de mim.

Vazio. Como se eu estivesse sem vida.

Quis me bater para ver se ainda estava consciente. Me cortar para ver se sangue ainda corria em minhas veias. Mas o zunido em meus ouvidos e a dor lancinante em minha cabeça serviam como lembrete da agonia de ainda estar respirando longe de você.

Engraçado, não? Como carne, sangue e ossos podiam ser machucados e doerem tanto sem ninguém haver tocado em um ponto sequer.

O pensamento de que Minhyung não estaria mais como meu líder na unit em que mais temos sintonia foi pior do que uma fratura exposta.

Era como se meu coração tivesse sido arrancado e ainda batesse no chão. E Minhyung ainda não o tinha pegado em suas mãos.

Por que não o amassa de vez? Por que não pisa dele e me destrói logo? Acabe com meu sofrimento.

Ah, Mark... é gentil demais para isso?

Não sabe que na verdade está sendo cruel?

Choro meus pulmões inteiros. Choro minha alma para fora, e dessa vez minha garganta não está entalada com o monstro que adormece. Está entalada com 'eu te amo's não ditos e o teu nome.

Choro ao invés de comer e choro ao invés de dormir.

E quando Johnny-hyung sai do quarto por não conseguir mais lidar comigo, choro de raiva por não poder nem ao menos me esconder.

Sei que estou patético em posição fetal na cama, mas não tenho forças para nada além de abraçar minhas pernas como se elas fossem me ancorar e me impedir de cair.

E sei que é errado, mas sei que para mim você é o único porto seguro. A única garantia de que não vou me perder na tempestade e afundar em desastrosos pedaços de madeira que irão ser achados na praia pela manhã, o grande corpo do barco com todas as suas bagagens no fundo de um oceano frio e escuro.

Sei que é errado, esse meu jeito de amar. Sou inteligente. Percebi a anos que eu era diferente. Li na internet palavras que classificavam meu tipo de pensamento como doença, e foi só aí que descobri... nem todo mundo carrega um monstro tão grande como o meu. Alguns não carregam monstro nenhum.

E por isso choro mais.

Porque mesmo tendo aprendido a conviver em constante vigília para que ninguém me visse como uma aberração, mesmo sabendo driblar as pessoas para pensarem que sou normal, momentos assim doíam. Porque ninguém entende o que estou sentindo. Ninguém entende que tristeza não é a palavra certa.

É pânico. Ódio. Revolta. De você se afastar. De ser separado de mim por um instante que fosse. De a distancia te fazer me esquecer e jogar todo meu trabalho duro no lixo.

Então choro de aflição, porque não gosto que as coisas saiam do meu controle. E choro de arrependimento de não ter conseguido fazer melhor no tempo que tive.

E ainda estou chorando quando você aparece, Mark. Como um anjo salvador para resgatar minha pobre alma das sombras do desalento.

Mas ainda estou chorando quando você me acolhe em seus braços, porque tenho medo de não me caber ali. Não caber o tamanho do meu amor doente.

E choro porque quero que ele te engula.

Ainda estou chorando quando você tenta me acalmar.

"Haechannie. Haechan? Haechan, olha pra mim" - ainda estou chorando, soluçando até, quando você tenta me dar um beijo.

E eu entendo o que você quer fazer. Quer me consolar. Quer me acalmar para, assim como um bebê que recebe o peito, eu pare de incomodar a paz alheia ao cair no sono.

Só que bebês machucam as mães. Sugam tudo até ficar em carne viva, até terem certeza de que não podem arrancar mais uma gota daquela que oferece o seio do alimento.

E o problema, Mark, é que eu quero fazer o mesmo com você.

E por que você parece estar deixando?

Ainda estou chorando quando você nos balança suavemente para frente e para trás, repetindo mil frases que você claramente usa para convencer a si mesmo.

"A gente ainda vai se ver muito. Não vai mudar. Eu continuo com vocês" - cada palavra faz meu estômago revirar.

Ainda estou chorando quando agarro sua blusa, porque sei que em algum lugar você também está doendo. E fico feliz de podermos sofrer juntos. Como um só coração. Como um só corpo.

"Hyung. Por favor não vai" - te peço. Te imploro.

Você parece ver isso como mais uma atitude do adorável Haechan, aquele frágil Haechan, pequeno Haechan, que merece todo o seu cuidado e toda a sua atenção.

Mas descubro que ainda tem mais de você que eu tenho que conhecer.

Porque preciso de mais momentos assim. Você deitado comigo na cama. Chamando o meu nome.

"Eu tô aqui, Donghyuckie"

MAD LOVEOnde histórias criam vida. Descubra agora