O gato olhava fixamente a Coisa que atravessava a parede da Sua Casa. A cada passo, a forma se alterava, criando bocas, apêndices, olhos e tentáculos, um conjunto disforme de ódio. A Coisa estava com fome.
Sem desviar os olhos, o gato recitou a Litania de Ba-en-Aset. O primeira ensinamento que sua mãe havia passado para a ninhada, três dias após o nascimento. O gato sabia qual era o trabalho dele, proteger A Casa.
A Coisa parou e olhou para o gato com olhos que se formavam e derretiam. O gato não se moveu , gritou exigindo que a Coisa saísse de Sua Casa. O Homem jogou um jornal no gato. Foi o momento de distração suficiente para que a Coisa desaparecesse rapidamente pelo corredor. Agora, o gato teria que caçá-la.
O nome que sua mãe lhe deu foi Maahes, mas as Pessoas que moravam em Sua Casa o chamavam quase sempre de gato, algumas vezes de Félix. Maahes não se importava, ele tinha pena das Pessoas. Sua mãe tinha lhe contado a história do Pacto que as Pessoas tinham esquecido.
O gato olhou para o corredor escuro por onde a Coisa tinha desaparecido. Não havia muitos lugares onde ela poderia se esconder. Ele encontrou a Coisa no quarto da Menina, fazendo o seu ninho sobre a cama. A Coisa falou com o gato, tentou suborná-lo antes que ele a expulsasse. Elas sempre tentam, as Coisas Que As Pessoas Não Enxergam.
Desde que as Pessoas decidiram montar suas casas e pediram a ajuda dos Gatos para protegê-las do que não conseguiam ver. Prometeram aos Gatos que as casas seriam Suas Casas, que eles teriam proteção, comida e gratidão.
Os Homens ficavam de luto se o Gato da casa morresse. A pena de morte para quem tentasse roubar um Gato e deixar a casa sem proteção. Os Homens esqueceram O Pacto, os Gatos não. Por isso, Maahes tem pena das Pessoas. Ele sabe que existem muitas casas sem gatos.
*
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lendas Urbanas
Horrorlendas urbanas assustadores... Ha não sei o que escreve mais leem vocês vão se assustar quer diser gostar.