Capítulo 1 - Meninos? Eca!

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Acordei com o Sol batendo em meu rosto e percebi que ia sentir falta dessa sensação quentinha na minha pele. Meu nome é Sophie Carter, tenho 16 anos e estou de mudança para Londres. Moro com minha tia ‒ uma empresária bem sucedida no ramo da moda ‒ e ela resolveu montar uma filial de sua loja nessa cidade.

Sentei na minha cama e cocei meus olhos. Me espreguicei e, finalmente, levantei, seguindo para o banheiro. Saí pouco tempo depois, de banho tomado e dentes escovados. Desenrolei a toalha do cabelo, já ligando o secador na tomada e penteei meus cabelos ruivos e lisos, que batiam perto da cintura. Em seguida, peguei a primeira roupa que vi no armário: uma camisa preta do Nirvana, uma calça jeans azul desfiada e um all star velho, me vestir assim era tão comum que era quase meu uniforme.

Suspirei ao olhar para o meu quarto. Fiquei aqui desde os meus 9 anos, quando aconteceu um acidente com meus pais. Eu estava junto, mas sobrevivi. Sou muito grata a minha tia, por sempre ter me tratado como uma filha. Olhei pela janela, observando com atenção a vista bonita que eu tinha ali. Arrumei a cama, coloquei a mochila no ombro e puxei a mala pela alça, não era muito pesada porque eu não me importava tanto com roupas e essas coisas de menininhas: estava com o meu iPhone, com meu notebook e com meu Nintendo DS, era isso que importava. Saí do quarto, deixando-o arrumado para quando eu voltasse da viagem. Não pretendia morar em Londres pra sempre, era só um tempo enquanto a minha tia arrumava a nova loja.

‒ Bom dia, tia! ‒ falei, assim que cheguei na cozinha.

‒ Bom dia, Sophie! ‒ minha tia me cumprimentou com um beijo no rosto e um sorriso. Como sempre, sua roupa estava impecável. Usava um vestido colado ao corpo, preto, destacando seu corpo bonito e bem cuidado. Sentei numa das cadeiras do bar e mordi uma maçã. ‒ Preparada para a viagem?

‒ Mais ou menos. ‒ engoli um pedaço da fruta antes de continuar ‒ Quer dizer, eu to um pouco ansiosa com o lance de ter que estudar lá e tudo mais...

‒ Fica tranquila, bebê. ‒ ela sempre me chamava desse jeito ‒ Tudo vai dar certo. Agora vai lá terminar de buscar as suas malas, porque logo vamos sair!

‒ Mas já está tudo aqui! ‒ sorri. Tia Betsy me lançou um olhar reprovador, porém divertido. Ri e fui em direção a sala, me jogando no grande e macio sofá de couro que combinava com a linda decoração do ambiente. Coloquei o fone de ouvido e escolhi uma música qualquer no meu iPhone para tocar.

Algum tempo depois, tia Betsy me chama, avisando que era hora de sair. Dei tchau para algumas pessoas que trabalhavam lá em casa e entrei no carro, cumprimentando o motorista. O caminho até o aeroporto estava tranquilo, chegamos mais rápido do que esperávamos. Fui até a parte das lojas, procurando alguma coisa interessante para ocupar o tempo. Vi uma livraria e não pensei duas vezes antes de entrar e ir direto para a sessão de ficção cientifica. Meninas normais gostam de romance, já eu sou diferente: prefiro lutas, ação, galáxias! Ficção científica é meu amor. Folheei alguns quadrinhos, sendo interrompida pelo toque de mensagem do meu celular, era minha tia pedindo para eu a encontrar na sala de embarque. Paguei o livro que estava na minha cesta e fui até a sala, mostrando minha passagem para entrar. Minha tia conversava com um homem, mais ou menos da sua idade. Preferi não me meter na conversa e permaneci quieta, na poltrona ao lado, esperando a hora do embarque.

‒ Sophie, esse é Christopher Johnson. ‒ minha tia começou a apresentar o homem que estava com ela ‒ Ele é meu amigo e vai nos ajudar lá em Londres.

‒ Olá, sr. Johnson. ‒ falei, dando um aperto de mão. Ele era um quarentão bonito, assim como minha tia. Achei que eles fariam um casal bonito.

‒ Me chame só de Chris. ‒ ele sorriu ‒ Olha, qualquer coisa que você precisar na nova cidade, é só me avisar, tá? Mas você é uma menina esperta, aposto que vai se dar bem. Sua tia fala muito bem de você!

Dei um sorriso tímido e olhei feio para tia Betsy. Por que ela precisa ficar falando de mim para as pessoas? Me sinto invadida. Conversamos mais um pouco até que já era hora do embarque. Chris se despediu, ele não ia no mesmo voo que eu e minha tia porque se atrasou e não conseguiu comprar a passagem. Precisou comprar para o voo seguinte, que ia demorar mais algum tempo, não sei ao certo quanto. Assim que entrei no avião, cochilei.

Acordei com tia Betsy, na poltrona ao lado, falando sozinha enquanto assistia um romance meloso em seu iPad. Ew, romance.

‒ Eca.

‒ O que foi, menina? ‒ tia Betsy tirou um fone de ouvido e me olhou, preocupada.

‒ Odeio romance. ‒ virei os olhos ‒ Homens não prestam!

‒ Tão nova e tão pessimista... ‒ ela riu com vontade ‒ Quem que fez essa menininha, que costumava ser tão meiga, ficar assim, huh? Foi o menino dos Lockhood? Nunca gostei dele.

‒ Não, eca! ‒ coloquei a língua para fora e fiz uma careta ‒ Aquele garoto era muito chato! Ninguém me fez “ficar assim”, ‒ disse, frisando as ultimas palavras ‒ eu só não tenho interesse por romance.

        ‒ Tá bom, querida. ‒ ela passou a mão no meu rosto, me olhando com carinho ‒ Não se prive de sentimentos bons por experiências ruins do passado! Nem todos os homens são ruins, assim como nem todos são bons... É tentando que a gente acerta.

        Experiências passadas? Será que ela nem desconfia que eu nunca beijei? 

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⏰ Última atualização: Mar 02, 2015 ⏰

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