Prólogo

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- Socorro! - ela gritava desesperada - Alguém me ajude, por favor!

A jovem que até aquele momento estava amarrada a uma cadeira, desvencilhou-se das cordas que a prendiam e saiu correndo a procura de uma porta, lutando contra o breu que ali se estabelecia.

Logo que sentiu seus dedos encostarem no metal gélido, girou a maçaneta e se pôs a correr assim que uma brisa morna colidiu sua face.

A moça corria com o coração na boca. Não conseguia acreditar que fora tão boba de entrar em uma casa como aquela. Tudo o que queria naquele momento era poder pisar no solo molhado e logo depois, poder sentir o cheiro de cookies recém assados e de café semipronto. Gostaria de sentir, naquele instante, a deliciosa sensação de se estar em sua própria moradia.

Ela percorreu todos os cômodos da casa até encontrar a porta de entrada. Assim que abriu a mesma, uma tempestade começou a cair, a encharcando completamente, como sua progenitora havia previsto horas antes.

A mulher então continuou a seguir o seu caminho por entre as matas que rodeavam o local onde estava. Ela continha a esperança de que, de algum modo, pudesse chegar as ruas e que alguma alma bondosa lhe prestasse a devida ajuda. Porém, o que a movia para prosseguir desapareceu quando a mesma escutou passos atrás de si.

A dama dava passadas rápidas a cada vez que sentia que aquilo estava a menos de um metro de distância. Quando finalmente chegou ao seu destino, viu um veículo se aproximando. Foi o suficiente para fazê-la balançar seus braços freneticamente e gritar:

- Ajude-me, por favor! Ele estás a me perseguir! Socorro!

O carro parou abruptamente. O condutor simplesmente abaixou o vidro e, inclinando-se para o lado e a olhando no fundo de seus olhos, soltou:

- Não perturbe a minha paciência!

O mesmo pisou fundo no acelerador e continuou seu percurso, a deixando parada no meio da estrada, totalmente em pânico.

Com o farfalhar das folhas, a jovem saiu em disparada pela avenida sem fim e deserta. Não sabia onde chegaria, mas gostaria de ao menos tentar.

Fora tudo em vão. Algo a puxou para trás, fazendo-a bater a cabeça e ficar desacordada. Quando recobrou a consciência, notou que havia voltado para o pesadelo que conseguira fugir minutos antes.

A moça se pôs a chorar, abandonada a própria sorte. Nem isso lhe sobrara, pois o resquício de esperança que lutava em nutrir havia se esvaído assim que percebera seu horrendo final.

A porta a sua frente então se abriu, a fazendo gritar. Por fim, algo - ou alguém - começou a sufocá-la e, aos poucos, foi perdendo os sentidos.

Só que dessa vez ela não acordaria para relatar o que de fato existia naquela casa.

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